terça-feira, 24 de abril de 2012

Necessidades educacionais que a biblioteca pode suprir


Biblioteca escolar hoje: recurso estratégico para a escola

Glòria Durban Roca
Penso
2012



A obra descreve a biblioteca escolar como um recurso educativo imprescindível para a promoção da cultura escrita e o desenvolvimento das competências básicas. Aborda a necessidade de a biblioteca participar das ações estratégicas para incentivar e dar apoio às situações de aprendizagem que requerem o uso de materiais (impressos e digitais) e de auxiliar efetivamente no desenvolvimento pedagógico. O livro apresenta ainda um modelo útil e realista para a implantação da biblioteca no sistema educacional.



Trecho do livro:
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Estamos diante de gerações que não conhecem a vida sem internet. São os chamados "geração digital" (Net Gen.), "geração google" (g-Google) ou "nativos digitais". Eles caracterizam-se, de maneira geral,  por sentirem-se mais cômodos com um teclado e um mouse do que com lápis e papel. Cresceram ao lado de computadores e utilizam os dispositivos eletrônicos com muita habilidade e facilidade, e sem que ninguém lhe tenha ensinado a fazer. É uma geração que está conectada de maneira constante à internet para socializar-se e que não distingue entre vida pessoal e social. Realizam uso intensivo das redes sociais (Facebook, Youtube, etc.) e das comunicações móveis com uma atitude de certo exibicionismo. Isso exige uma urgente mediação no âmbito educacional quanto aos aspectos éticos, de atitude e linguísticos. Esta geração também mostra uma nova forma de comportamento diante da tecnologia - aspecto que fez com que eles fossem definidos também como "geração multitarefa" (multi task generation). Desde o ponto de vista da cognição, é necessário considerar que muitas coisas que acreditamos que os adolescentes façam ao mesmo tempo, na realidade, eles as fazem uma depois da outra - mas com maior velocidade do que um adulto. Portanto, deveríamos diferenciar tarefas sequenciais e tarefas simultâneas.


É preciso destacar como a tecnologia apresenta um grande paradoxo em si mesma: potencializa os bons e os maus usos e comportamentos, amplifica tanto aptidões como déficits e por isso, é necessário avaliar muito bem seu uso generalizado, ou único, nas salas de aula e no ensino - e utilizá-la ciente das contradições que ele nos traz e em complementariedade com outros recursos. Existe a consideração de que os meios não são apenas fontes por meio das quais recebemos informação, mas muito mais, como dizia o filófoso canadense McLuhaan (2009), qualquer tecnologia (todo meio) é uma extensão de nosso corpo, nossa mente ou nosso cérebro.


Os meios tecnológicos são entendidos como ferramentas que estendem às habilidades humanas do mesmo modo que uma bicicleta ou um automóvel são uma extensão de nossos pés. O computador seria uma extensão de nosso sistema nervoso central. Por isso, suas possibilidades são poderosíssimas e representam mudanças culturais dignas de atenção da escola. A tecnologia digital está desenvolvendo, em nossos alunos, sem dúvida alguma, uma maneira diferente de perceber o mundo.


Existem, além disso, muitos mitos em relação às novas práticas informacionais dessa gerações. Um estudo realizado pela British Library Information Behavior of the Researcher of the Future (2008) determina a existência de dificuldades e déficits no uso e no tratamento da informação. Parece que essas gerações não orientam, exitosamente, as estratégias de busca (não têm claras suas necessidades de informação), tampouco dedicam tempo suficiente para avaliar e comparar a confiabilidade dos dados recuperados. Demonstram habilidades muito básicas e ficam satisfeitos com resultados pobres. Nossos alunos manejam com destreza as novas tecnologias, as ferramentas, mas não o conteúdo. Nesse sentido, é preciso problematizar a vinculação direta que pode ter a melhoria dessa capacidades com o incremento da tecnologia digital.


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Um comentário:

  1. Lendo o trecho, deu vontade de ler o livro. O tema é muito relevante e as abordagens parecem coerentes e pertinentes.

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