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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Itália lança portal com 200 mil músicas gratuitas


O ministro italiano de Bens Culturais, Dario Franceschini, anunciou nesta segunda-feira (5) a inauguração de um portal de música gratuito chamado “Canzone Italia”.

Ansa / IstoÉ

“Nasceu o portal da música italiana: Mais de 200 mil obras - de 1900 a 2000 - para escutar e se ‘aprofundar’ ao longo das páginas”, declarou o ministro. O portal, que tem funcionamento similar ao da plataforma Spotify, é dividido em quatro grandes áreas: de 1900 a 1950; de 1950 a 2000; “Tradições Populares”; e “Contribuições Especiais”.   

Além disso, o site será atualizado mensalmente com aproximadamente 5 mil canções. Já há algumas playlists disponíveis, como “Napoli Ride”, “Dialetti in Città” e “Ritmo Sincopato”.   

A criação do “Canzone Italia” é fruto de uma colaboração do Instituto para os Bens Sonoros e Audiovisuais com os ministérios da Educação e das Relações Exteriores e a Associação de Produtores Independentes, Autores, Intérpretes, Músicos, Especialistas e Colecionadores Privados (Siae).   

Para Franceschini, “o portal se tornará um arquivo central do Estado”. “É um trabalho enorme, muito importante até para a imagem da Itália no mundo”, disse. A inauguração do site acontece um dia antes do início do Festival de Sanremo, principal competição musical da Itália e que reunirá alguns dos artistas mais celebrados do país.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Biblioteca Nacional de Cuba digitaliza sua herança cultural-musical

A Biblioteca Nacional de Cuba José Martí , trabalha pela primeira vez na digitalização do seu patrimônio cultural-musical.


O principal objetivo do resgate de fundos audiovisuais é garantir a conservação, restauração e preservação dos materiais de som da sala de música Alberto Muguercia e Algerier León, de acordo com Juan Carlos Val Pino, especialista em serviços públicos dessa instituição:

"Começamos o trabalho com a mais significativa discografia cubana existente antes do triunfo da Revolução e com autores como Ernesto Lecuona, Eduardo Sánchez de Fuentes e Alejandro García Caturla", explicou.

Para a realização do projeto, Val Pino, seu principal representante, visitou em outubro de 2016 as bibliotecas Richelieu-Louvois e François-Mitterrand, ambas na França, onde um processo semelhante foi realizado há alguns anos. De acordo com o especialista, para a digitalização em curso na instituição cubana, 17 equipes foram doadas pela Biblioteca Nacional da França, que chegou a este país em junho do ano passado.

O tempo dedicado a digitalizar um disco depende da sua condição física e das suas condições de som, e geralmente, eu trabalho com cinco discos em um dia, disse Val Pino. Tania Barceló Suárez, bibliotecária especialista da Media Library, disse que esse processo é de vital importância porque permite aos usuários acessar música de formatos modernos, sem expor os discos antigos e danificados pela passagem do tempo.

A sala de música da biblioteca atualmente oferece o serviço de audição e oferece partituras e livros, os últimos em formato impresso.

via El Mercurio salmantino



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Linha do Tempo da Música Brasileira


Por iniciativa de Carla Camurati (quando no Comitê Rio 2016), foi desenvolvido um site com um panorama sobre mais de cinco séculos de práticas musicais no Brasil. Trabalho hercúleo, como pesquisas lideradas pela Funarte e apoio o BNDES. O projeto tem parceria  com o Música Brasilis, criado em 2009, que resgata repertórios brasileiros de todos os gêneros e de todos os tempos, com mais de quinhentos compositores. 

http://timelinemusicabrasileira.org.br


via Le Monde Diplomatique Brasil

sexta-feira, 14 de julho de 2017

IMS divulga portal em homenagem a Pixinguinha


Página possibilita um mergulho na vida e na obra do autor de "Carinhoso"

O Instituto Moreira Salles disponibilizou nessa quinta o site pixinguinha.com.br, em homenagem aos 120 anos de nascimento do músico.Após contratempos técnicos que adiaram a estreia, a página já está aberta à visitação. 

 O portal possibilita um mergulho na vida e na obra do autor de "Carinhoso". Além das partituras manuscritas de suas composições e arranjos, estão disponibilizadas farta discografia (para audição online) e uma hemeroteca com cerca de três mil recortes de jornais e revistas de época.

Gênio incontestável da música brasileira, o compositor, instrumentista, arranjador e maestro tem seu arquivo pessoal sob a guarda do IMS desde 2000. 

via Notícias ao Minuto

terça-feira, 16 de maio de 2017

A escuta na era digital




Não é fácil entender as mudanças que a música sofreu desde os anos 2000, com o Napster e toda a cultura da internet. O século 21 tem corrido rápido, e qualquer tentativa de apreendê--lo carrega o risco de soar datada. Eu me arrisco aqui em alguns palpites.

O que exatamente mudou? É comum ouvirmos que a mudança se deu na troca do suporte CD para o MP3 e na disseminação da pirataria, mas tendo a discordar dessa visão. Trocas de suporte são parte indissociável da história da indústria fonográfica. E é só no entendimento da pirataria como uma forma de compartilhamento de gostos e hábitos que nos aproximamos da verdadeira revolução, que, apesar de desencadeada pela tecnologia, sempre foi muito mais comportamental.

Hoje, quando a pirataria parece finalmente estar diminuindo, é possível enxergar essas mudanças comportamentais claramente: o que mudou na verdade foi a maneira como nos relacionamos com a música, ou, ainda, mudou o papel da música nas novas relações sociais.

Na época em que mais se ouve música na história da humanidade, pesquisas indicam que a escuta segue novos caminhos, pautada pelas novas formas de interação social. Via celular pela manhã e no final da tarde, sendo substituído pelo desktop no horário comercial. Isso sugere que as pessoas passam os dias, seja nos deslocamentos, seja nas atividades diárias, ouvindo música. A música funciona como trilha sonora, pano de fundo para as atividades individuais. Sendo trilha sonora, o conceito de álbum perde o sentido. O que se ouve são faixas, em uma sequência criada por você, por um desconhecido ou mesmo pelo serviço de streaming, dispostas em playlists.

Mas, se a escuta é individual, virtualmente ela é coletiva, e por isso a música ainda cumpre uma função social importante. É por meio da música que as pessoas demonstram seu estado de espírito e as playlists acabam sendo a forma de expressão para isso. Com nomes como Melancolia, Good Vibes e Felling Good, fazem sucesso e são seguidas por milhares de ouvidos, alcançando mais sucesso do que muitos artistas. Vem daí também a tendência de compartilhar via redes sociais o que você está ouvindo naquele momento. Também é pelas redes sociais, muito mais do que pelo palco ou disco, que se estabelece a relação artista/fã. Para utilizar uma palavra atual, o artista precisa “engajar” os fãs com notícias, fotos e vídeos de seu dia a dia. Por mais paradoxal que pareça, o músico precisa expor sua persona privada para reforçar o sucesso de sua persona artística.

Por fim, talvez pela volatilidade das relações sociais mediadas pela rede, que acabam pautando a escuta musical, apesar de haver muito espaço para o novo, ele quase nunca perdura. Daí a predominância do pop, gênero efêmero por excelência, sobre os outros, e a permanência de nomes de clássicos, como Beatles, Michael Jackson, Nina Simone ou Metallica na lista dos artistas mais tocados via streaming em pleno 2017.

Porém, esse é apenas um lado da moeda. Como explicar então a volta do vinil, com um crescimento nas vendas de 191% em 10 anos. Novamente essa é uma mudança comportamental. Descontentes com os rumos da escuta, uma parte considerável de pessoas encontra no vinil uma forma de distinção, e a adoção da prática de ouvir um disco inteiro adquire contornos de resistência cultural. Além, é claro, da sensação de pertencimento a um grupo social específico.

Assim, qual será, então, o futuro da nossa relação com a música? Difícil afirmar, já que essas mudanças - além de dizerem respeito a uma parcela restrita da população mundial, com acesso a computadores e banda larga - são frutos de tendências criadas com base nas novas formas de interação social. Talvez a criação ou a expansão de alguns nichos, como a volta da fita K7 (sim, é sério!), sejam de fato uma nova realidade, principalmente como formas de sociabilização e pertencimento. Em uma sociedade dinâmica e em constante movimento, novas formas de sociabilidade serão construídas e, com elas, novas formas de nos relacionarmos com a música.

Wagner Palazzi é graduado em Relações Públicas e coordenador do Selo Sesc. 

via Revista e
Ilustração: Marcos Garuti

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Olodum completa 38 anos e terá acervo digital


O bloco afro Olodum completou 38 anos de fundação. O aniversário foi marcado pela assinatura de termo de compromisso com o governo da Bahia para criação do acervo digital do Centro de Documentação e Memória do Olodum. A partir da digitalização, imagens, áudios e documentos do bloco estarão disponíveis online em um portal na internet.

No total, 234 mil peças devem compor o acervo digital do Olodum, como adereços, abadás, livros, documentos, fitas cassete e vídeos que narram a trajetória do bloco, além de discos de ouro, troféus, medalhas e homenagens recebidas em vários países.

O termo foi assinado pela secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, Fábia Reys, e pelo presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues.

“É uma ação extremamente importante, que resgata toda a história da transformação do Olodum, de todos os trabalhos sociais que ele tem feito. Isso reforça o papel dele [Olodum] no processo educacional, ao reconhecer todo esse processo voltado para a formação de jovens entre15 e 19 anos, de percussão, de dança afro, da memória do povo negro da Bahia. A gente parabeniza a história do Olodum, que é o nosso grande patrimônio da Bahia”, disse a secretária.

O Olodum desenvolve atividades de combate ao racismo e de incentivo à cultura entre jovens negros.

“Estamos devolvendo à nossa cidade e ao nosso estado um pouco do que a gente acumulou, agora em forma de documentos digitais, que terão uma visão mais ampla das fantasias, dos momentos, dos memoriais, das músicas e dos fatos históricos que nós vivemos. Recebemos aqui Nelson Mandela, Paul Simon, Michael Jackson, e isso foi fundamental para abrir a Bahia para o mundo. Cabe ao Olodum repercutir esse conhecimento e devolvê-lo à Bahia e ao mundo de uma forma mais moderna e digital”, disse o presidente do bloco, que destacou o aproveitamento do portal para a educação formal.

“Vai ser importante para educação escolar, em conhecimentos como o de Madagascar, do Egito, da Etiópia. Os estudantes poderão aprender por uma plataforma que cabe na mão. A oferta de conteúdo vai ajudar um pouco na formação dessas pessoas”, acrescentou João Jorge.

via Agência Brasil


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Site disponibiliza gratuitamente a maior biblioteca de partituras do mundo

No acervo é possível encontrar obras de compositores renomados, como Johann Sebastian Bach

O Projeto Biblioteca Internacional de Partituras Musicais (International Music Score Library Project - IMSLP) foi desenvolvido com o objetivo de criar um acervo digital e virtual de partituras de domínio público, mas também está aberto às obras de compositores contemporâneos que pretendam compartilhar as suas criações musicais de forma livre e gratuita.

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O IMSLP está no ar desde 2006, e reúne mais de 42 mil partituras de 19 mil obras, e mais de 2500 compositores. Com isso, recebe o título de maior coleção de música de domínio público da internet.

Algo que chama bastante a atenção na biblioteca virtual é o fato de ter a obra completa de Johann Sebastian Bach em seus arquivos, bem como todos os trabalhos de Frédéric Chopin, Johannes Brahms, Georg Friedrich Händel e grande parte das composições de Franz Liszt, entre outros músicos de renome.

Além das partituras em si, o IMSLP oferece a enciclopédia musicológica, já que possui inúmeras edições históricas de uma mesma composição, com análises e comentários que acompanham as partituras.

Enfim o IMLSP, é oficialmente recomendado pelo Instituto de Tecnologia De Massachusetts (MIT), já que o mesmo utiliza de forma ampla em alguns dos seus cursos o conteúdo bibliográfico apresentado no seu acervo.

Para acessar o site do IMSLP, clique aqui.

via Secretaria da Educação SP

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Discoteca pública criada por Mário de Andrade em São Paulo completa 80 anos e lança portal

Antigas instalações da Discoteca Oneyda Alvarenga, em São Paulo 

O Globo


Quando Mário de Andrade foi convidado para fundar o Departamento de Cultura de São Paulo, em 1935, um de seus primeiros projetos foi o de uma discoteca pública, onde seria mantido o acervo de uma das instituições que sonhava criar: uma rádio-escola. “As irradiações musicais vivem grandemente do emprego do disco”, escreveu o modernista em ofício ao então prefeito, Fábio Prado, pedindo orçamento para comprar álbuns de “música erudita nacional”, “música popular nacional”, “composição estrangeira erudita”, “música popular estrangeira” e outros “de caráter científico, documentário ou didático”.

A rádio-escola nunca saiu da papel, mas a discoteca se tornou um dos legados duradouros do período de Mário como gestor público. Hoje vinculada ao Centro Cultural São Paulo (CCSP), a Discoteca Oneyda Alvarenga — batizada com o nome da discípula e amiga de Mário que administrou a instituição desde o início até se aposentar, em 1968 — completa 80 anos com um acervo valioso. São cerca de 72 mil discos (45 mil de 78 rotações e 27 mil LPs), 62 mil partituras e 5 mil periódicos relacionados à música, além do material coletado pela Missão de Pesquisas Folclóricas, coordenada por Mário em 1938.

O aniversário está sendo celebrado este mês com o lançamento de um portal e uma série de eventos, como debates, shows e a exposição “Discoteca 80: um projeto modernista”, com fotos, documentos, objetos de época e gravações. O objetivo é apresentar a um público mais amplo o trabalho da instituição, que atualmente recebe cerca de 1.500 visitantes por mês.
— Recebemos desde pesquisadores e estudantes de música a produtores e ouvintes que vêm por puro lazer. Costumo dizer que atendemos do maestro ao morador de rua — diz Jéssica Barreto, coordenadora da Discoteca Oneyda Alvarenga.

Em tempos de streaming e downloads, quando as “irradiações musicais” já não dependem tanto do “emprego do disco”, como escreveu Mário, a discoteca busca novas formas de difundir seu acervo. Recém-inaugurado, o portal será alimentado com itens da coleção e vídeos e podcasts criados a partir dela. Por enquanto, além de informações históricas, há uma pequena amostra da variedade do acervo, de Elis Regina e Bob Dylan a raridades como “Jorginho do sertão”, primeira canção sertaneja gravada no Brasil, em 1929, pela dupla Mandi e Sorocabinha.

Instalações atuais da Discoteca Oneyda Alvarenga - Divulgação/CCSP

No site há também programas produzidos pela instituição, como a série “Crônica de toca-discos”, em que artistas, críticos e produtores são convidados a explorar o acervo da discoteca. A sambista Fabiana Cozza escolheu de Edith Piaf a Dorival Caymmi. Enquanto ouvia e comentava faixas de Paulo Vanzolini, Clara Nunes e Jacob do Bandolim, o rapper Emicida lembrou um verso de uma de suas músicas: “nossos livros de história foram discos”.
— Uma das intenções de Mário era dar subsídios para compositores brasileiros conhecerem a música feita aqui e no exterior. Queremos continuar a difundir esse acervo para artistas e ouvintes em geral. Muita coisa que temos aqui não está disponível na internet. Nosso objetivo é fazer da discoteca um ponto de encontro para quem quer ouvir e discutir música — diz Jéssica, lembrando que a maior parte do acervo está digitalizada e pode ser consultada gratuitamente.

No último sábado, o aniversário da discoteca foi comemorado com uma “roda de escuta”, bate-papo em torno de discos do acervo. Nos anos 1930, Mário e Oneyda promoviam eventos semelhantes, exemplo da concepção ampla que o modernista tinha da gestão cultural. Essa concepção está exposta no recém-lançado “Me esqueci completamente de mim, sou um departamento de cultura” (Imprensa Oficial de São Paulo), organizado por Carlos Augusto Calil e Flávio Rodrigo Penteado, coletânea de documentos oficiais produzidos pelo escritor enquanto dirigiu o departamento, entre 1935 e 1938.

Os documentos mostram Mário se debatendo com o que chamava de “espessa goma da burocracia” em sua luta para implantar projetos ousados, como a Missão de 1938, que percorreu estados do Norte e Nordeste registrando danças, cantos e rituais. As gravações da Missão hoje fazem parte do acervo da discoteca, assim como documentos de outros projetos criados por Mário, como a Sociedade de Etnografia e Folclore, que teve colaboração do casal de antropólogos Claude Lévi-Strauss e Dina Dreyfus, e o Arquivo da Palavra, registro sonoro do modo de falar em várias regiões do país.

— Mário tinha uma visão inovadora para a época sobre o que hoje chamamos de “patrimônio imaterial”. Na administração dele, a cultura não era entendida em sentido estrito. Estava ligada à recreação, à assistência social, ao meio ambiente, ao turismo, a tudo que permeia a atividade humana e pode ser relacionado à ideia de cultura — diz Carlos Augusto Calil, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP, que já dirigiu o CCSP e a secretaria de Cultura de São Paulo.

A sobrevivência dos frutos desse trabalho deve muito a Oneyda Alvarenga. Antes de morrer, em 1945, Mário deixou uma carta em que pedia a ela que desse continuidade a suas pesquisas sobre cultura popular. Ela catalogou o acervo da Missão, a partir do qual lançou discos da série “Registros sonoros do folclore musical brasileiro”, e organizou livros póstumos de Mário sobre o assunto, como “Danças dramáticas do Brasil” (1959) e “Os cocos” (1984).
— Mais do que criar um acervo, Mário e Oneyda queriam que ele chegasse às pessoas. Era um grande projeto público de musicalização. E é importante lembrar que, sem o trabalho dela, a discoteca não existiria — diz Flávia Camargo Toni, professora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, que colaborou com Oneyda, morta em 1984, na organização de um projeto inacabado de Mário, o “Dicionário musical brasileiro”, lançado em 1982.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

História da República contada pela música brasileira

Série de três livros mapeia a produção musical do País com inspiração em personagens e acontecimentos políticos

Renomado comentarista político, Franklin Martins está lançando Quem foi que inventou o Brasil?, série de três livros que recontam 101 anos de história da República no país pelas músicas inspiradas em episódios e personagens políticos. 

O primeiro livro reúne 473 canções e refletem acontecimentos desde 1902, ano das primeiras gravações fonográficas no país, até o golpe militar de 1964. O segundo volume, aborda o período de ditadura, com cerca de 310 fonogramas. O terceiro vai de 1975 a 2002 e apresenta quase 330 gravações. Todo o acervo pode ser escutado no site quemfoiqueinventouobrasil.com

Fruto de pesquisa minuciosa, os livros, além de contextualizarem as canções e suas inspirações, são ricamente ilustrados com material de época (fotos, charges, recortes de jornais e revistas etc.). Em entrevista ao Portal Brasil, Franklin Martins conta bastidores de Quem foi que inventou o Brasil?  

Como começou esse interesse pelo assunto?

Em 1997, eu botei no ar o site Conexão Política. Uma das seções se chamava Estação História, onde às vezes eu disponibilizava trechos de discursos políticos históricos e músicas sobre política. Fui descobrindo várias músicas com essa temática, muitas delas pré-1964. Isso me impressionou e fui pesquisando mais. Começou como uma curiosidade e virou uma obsessão. Comecei pelo passado. Me interessava, especialmente, aquilo que eu não conhecia, como músicas das primeiras décadas do século 20. 

Como foi feita a pesquisa?

O livro não existiria sem a internet. Fui fazendo vários contatos e estabelecendo uma rede muito grande de colaboradores, o que me permitiu acesso a muitas músicas e a uma base de dados à distância. Caso da Discografia Brasileira de 78 rpm, site que cataloga músicas gravadas no Brasil entre 1902 e 1964, com fichas técnicas, nomes dos autores e gênero musical; do Disco de Cera, com a base de dados do Acervo Nirez; da Fundação Joaquim Nabuco, o Instituto Moreira Salles, entre outros. 

Na sua avaliação, como estão os acervos que conservam a memória nacional?

Acho que para a pesquisa da música está bem organizado. Mas sempre digo que não sou musicólogo - eu não estudei os arquivos, eu recorri a eles. Entretanto, muitas coisas eu não encontrei nos institutos, só consegui em coleções particulares, como música caipira, por exemplo. Mas de 1985 para frente não temos uma base de dados do que foi lançado no Brasil - e ter isso seria muito importante. 

O que te surpreendeu com a pesquisa?

A principal surpresa foi a constância desse assunto na música brasileira ao longo dos anos. Não tem fato que não tenha sido cantado no calor do momento. E isso não é muito comum em outros países. Lá fora, a música geralmente refletem a política em tempos de grandes crises, guerras ou revoluções. É uma produção de caráter engajado, mas que depois declina. No Brasil, essas músicas não são necessariamente engajadas, funcionam mais como uma crônica. Isso é uma tradição brasileira. O carnaval, por exemplo, é uma grande crônica - com traços do teatro de revista - de assuntos e personagens da história brasileira. A segunda constatação é que a música de inspiração política apareceu no Brasil em todos os gêneros musicais: lundus, maxixes, marchinhas, sambas, modas de viola, hinos, baiões, MPB, rocks, funks, raps, reggaes... 

A pesquisa rendeu três volumes, o terceiro chega até 2002. Se fosse lançado um quatro volume, acha que encontraria muitas músicas com essa temática?

Tenho certeza que sim. Pode até parecer que elas não existem mais, mas é que a música ficou muito segmentada. Se pegarmos a década de 1990, já percebemos uma grande mudança, uma segmentação maior de estilos musicais e uma fragmentação dos antigos esquemas de divulgação e veiculação de música. Se nos anos 1970 era principalmente a MPB quem refletia a política na música, e nos anos 1980, o rock - que têm um diálogo maior com a classe média -, a partir dos anos 1990, vemos a política aparecendo em músicas feitas e consumidas pelas camadas mais populares, caso do funk e do rap, por exemplo. O disco Sobrevivendo no Inferno (1997), dos Racionais MC’s, vendeu mais de 1 milhão de cópias sem apoio do esquema tradicionais de divulgação. Hoje em dia, a produção independente de um disco é muito mais fácil. 

Teve alguma música que você não conseguiu encontrar?

Sim, Seu Derfim tem que vortá, um cateretê de 1919 sobre o ex-presidente Delfin Moreira, que teve uma doença que lhe impediu de continuar no cargo. Tenho a letra, sei que existe a partitura, mas não consegui achar a gravação. 




Fonte: Portal Brasil

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Biblioteca Digital de Música reúne 230 faixas


Acervo pretende atrair a atenção de artistas interessados em trilhas para suas criações

Ailton Magioli - EM Cultura

No ar há cinco dias, no endereço www.cinemusic.com.br, a Biblioteca Digital de Música para Cinema, Vídeo e Multimídia, criada pelo músico Andersen Viana, pretende atrair a atenção de artistas interessados em trilhas para suas criações. Autor de trilhas sonoras para espetáculos de teatro ('Gardel, uma lembrança', de Manuel Puig) e de dança ('Suíte floral', da Cia. Eliana Cobett), além de uma para o longa-metragem 'Corações ardentes', de Paulo Augusto Gomes, o músico, que é irmão de Marcus Viana, reconhecido autor de trilhas para novelas, acaba de disponibilizar 230 faixas de sua autoria, compostas desde 1978 até o ano passado.

“Quem quiser utilizar o material para fazer uma compilação, faz contato com a gente, assina um termo de compromisso e paga valores acessíveis”, garante Andersen, cujo projeto foi viabilizado através do Fundo de Projetos Culturais da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, que disponibilizou para o artista cerca de R$ 70 mil para a produção do portal. “Claro que para utilização do material em uma campanha de publicidade os valores serão outros”, diz o música, cuja ideia inicial foi atender os diretores de teatro, cinema e dança, além de profissionais de Power Point.

“Tenho feito isto ao longo dos anos. Gravo o material, eles ouvem e, à medida que se interessam por ele, fazem contato para que possamos disponibilizá-lo”, explica Andersen Viana, salientando que a assinatura do áudio será só para fruição. “Feito o contrato, o cliente irá receber um link para baixar a obra.”

Novidade no Brasil, as bibliotecas do gênero já são comuns na Europa e em outras regiões. “Eu mesmo participo de bibliotecas da Inglaterra, onde isso já é uma prática”, afirma Andersen. Segundo contabiliza, com as 230 faixas disponibilizadas inicialmente ele teria cerca de 18 discos, considerando-se que atualmente um disco é composto por 13. A expectativa do músico, que já é fornecedor de bibliotecas internacionais, é de que a aceitação do serviço seja boa no Brasil. “Lá fora há bibliotecas que já disponibilizam até 50 mil faixas.”

Viana prevê que “essa ideia deverá mexer com o brio dos estúdios, já que irá facilitar muito a vida das companhias de teatro e de produtoras de cinema que não vão mais precisar contratar ninguém para criação, produção e gravação de suas trilhas. Está tudo pronto”.

Irmão do também músico Marcus Viana, Andersen Viana é Ph.D em música pela Universidade Federal da Bahia e atua como maestro-compositor, produtor cultural e professor da Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, de Belo Horizonte. Andersen iniciou os estudos com o pai, Sebastião Viana, que foi assistente e revisor de Heitor Villa-Lobos, estudando, posteriormente, em instituições musicais do Brasil, Itália e Suécia.

via Divirta-se


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Museu da Inconfidência disponibiliza documentos musicais raros

Cerca de 1,3 mil obras musicais de autores nacionais e internacionais, do século XVII ao XX, estão na base de dados da instituição

Portal Brasil

O Museu da Inconfidência/Ibram, em Ouro Preto (MG), deu início a um processo de difusão via internet de um importante acervo musical histórico brasileiro.

Com cerca de 1,3 mil obras musicais de autores nacionais e europeus, datadas do século XVIII ao início do século XX, a base de dados de documentos musicais do Museu da Inconfidência Musicologia (MIMus) já começou a ser aberta ao público.

Até o momento, podem ser pesquisados dados históricos e detalhes dos verbetes das coleções Francisco Curt Lange, registrado como Memória do Mundo no Brasil pela Unesco; Arquivo Público Mineiro, Anália Esteves Ribas e José Luiz Pompeu da Silva, presentes no acervo do museu. Para pesquisar conteúdos, basta buscar por palavras-chave ou números.

O sistema MicroIsis, software de armazenamento desenvolvido pela Unesco, foi usado para recuperar os dados. A organização do material foi feita pela musicóloga Mary Angela Biason.

O preparo para a internet foi responsabilidade do doutor em Ciência da Informação pela ECI-UFMG, Agnaldo Lopes Martins, e das bibliotecárias especialistas em MicroIsis Ana Maria de Mendonça, Mariângela Macedo Cunha Poni e Lúcia Maria Alves.

A consolidação da base de dados foi financiada pelo Instituto Brasileiro de Museus com apoio da Fundação Vitae e da Caixa Econômica Federal.

A expectativa é que, em breve, as demais coleções depositadas no acervo do Museu da Inconfidência, que ainda não passaram por tratamento técnico, sejam disponibilizadas, a exemplo das Coleções Cacilda Coeli Clímaco, Joaquim Nunes de Carvalho e Família Gesteira. 

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Google inaugura serviço que exibe letras de músicas nos resultados

O buscador do Google ganhou mais um novo recurso: exibe letras de canções. Quando um usuário fizer uma pesquisa por um nome de música, o site mostrará os versos dela. Esta novidade foi anunciada nesta terça-feira (23), mas por enquanto funciona somente para os Estados Unidos.


Google agora mostra letras em buscas por nome de música (Foto: Reprodução/SeroundTable)

O Bing também lançou uma ferramenta assim no início do ano, e agora o Google segue o mesmo caminho. Com isso, ele exibe acima dos resultados de busca, a letra completa da canção. Como já faz atualmente com outras informações de determinadas palavras-chave, como endereço, telefone, direções, etc.

Antes, para encontrar a letra de uma canção, o usuário deveria buscar pelo nome dela e a palavra “letra” ou “lyrics”, em inglês, logo depois. Mas agora, só inserir o título da faixa já é suficiente para isso. Quem perde são os sites especializados, que passarão a não ter um destaque tão grande no maior buscador do mundo.

E o Google ainda disponibiliza apenas uma parte da letra, com o link para vê-la por inteiro no Google Play, onde o usuário também pode adquirir a faixa. Ainda não se sabe qual é a capacidade desta ferramenta, quantas músicas ela tem na base de dados, nem quando o recurso chegará ao Brasil.

A descoberta do recurso foi feita por um usuário, Glenn Gabe, consultador de marketing digital da empresa G-Squared Interactive, e confirmada por um representante do Google ao site TechCrunch. Só falta, agora, a empresa divulgar mais detalhes oficiais sobre esta novidade.

Aline Jesus | TechTudo 
Via Google+, Seround Table e TechCrunch


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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Acervo pessoal de Chico Buarque é digitalizado

São mais de 30 mil arquivos, entre documentos, partituras, fotos, áudios, vídeos, além da discografia


Entre os documentos encontram-se algumas relíquias da vida do artista / Divulgação

Por: Diário SP Online 

Diversas obras e documentos pessoais de Chico Buarque agora estão disponíveis na internet, através do Instituto Tom Jobim.

O acervo conta com 7.916 letras e partituras, 26.152 textos, 1.044 imagens e cerca de 600 arquivos de vídeo e áudio, que incluem a discografia completa do compositor. O conteúdo pode ser acessado no site do instituto.

Entre os documentos há algumas preciosidades sobre a vida do artista, como um livro de impressões da mãe de Chico, que relata seus primeiros anos de vida. Além dos quadrinhos "O Chico-mirim", que o próprio compositor escreceu aos 12 anos de idade.

O acervo digital ainda não contém todos os documentos, para ter acesso a alguns mais específicos, como cartas e vídeos, é necessário ir pessoalmente ao Instituto, que fica no Rio de Janeiro.

sábado, 16 de agosto de 2014

Portal reúne o mais completo acervo sobre o violão brasileiro


Portal reúne informações sobre vida e obra de 150 músicosPortal reúne informações sobre vida e obra de 150 músicos 

EBC

O Arte Clube conversou com o idealizador do projeto Acervo Digital do Violão Brasileiro, Alessandro Soares. O portal www.violaobrasileiro.com.br  exibe, de graça, informações sobre vida e obra de 150 músicos, do popular ao erudito, por meio de verbetes enciclopédicos e uma rádio online. Outras seções do site incluirão banco de partituras e a produção de um CD digital com gravações inéditas. As páginas do portal contarão ainda com discografia, biblioteca, agenda de shows, blog, videoteca e linha do tempo dos instrumentistas. 

Baixe o áudio da matéria

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Formação de público em música


Com os concertos para a Juventude, Didáticos e Clássicos na Praça, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais atua para a formação de público. Em seis anos, 120 mil pessoas assitiram a esses concertos.

Com a plataforma Música Transforma, no site da Orquestra, composta por textos, áudios, vídeos e jogos, a Filarmônica espera despertar ainda mais crianças, jovens e suas famílias para o universo sinfônico. Confira em www.filarmonica.art.br/musicatransforma

terça-feira, 18 de março de 2014

Unesco classifica manuscritos de Ernesto Nazareth como patrimônio cultural da humanidade

Decisão coloca obra do compositor brasileiro ao lado de criações como a 'Nona Sinfonia' de Beethoven e a 'Bíblia' de Gutenberg

Antonio Gonçalves Filho - O Estado de S. Paulo

O compositor Ernesto Nazareth - Reprodução

Os manuscritos de Ernesto Nazareth agora são patrimônio cultural da humanidade, integrando a categoria Memória do Mundo, da Unesco, à qual pertencem documentos raros e de grande importância, como a Bíblia de Gutenberg, a Nona Sinfonia de Beethoven, as partituras de Brahms e os textos filosóficos de Rousseau, além de outros manuscritos, negativos de filmes e registros discográficos históricos, totalizando 300 itens essenciais da produção cultural do mundo.

Os manuscritos já estão disponíveis em alta resolução no site da Biblioteca Nacional Digital. Além deles, o site Nazareth 150 anos, desenvolvido pelo Instituto Moreira Salles (IMS), traz a esperada pesquisa biográfica desenvolvida pelo especialista Luiz Antonio de Almeida, que passou 38 anos estudando a vida de Nazareth. Nos anos 1980, ele se aproximou de dois parentes do músico, tornando-se herdeiro do seu acervo, aos cuidados do IMS desde 2005.

O instituto promoveu uma ampla programação no ano passado para comemorar os 150 anos de nascimento de Ernesto Nazareth e realiza, na quinta-feira, no Rio, o evento Ernesto Nazareth 150+ 1, que inclui uma roda de choro nos jardins do IMS. O encontro musical faz uso de peças do repertório das 120 primeiras composições já catalogadas em seu site e disponíveis em dois volumes para download (o compositor deixou mais de 200 músicas). Ainda no dia 20 será lançada com exclusividade nesse mesmo site a citada biografia de Luiz Antonio de Almeida, que tem mais de 400 páginas e está editada de forma a facilitar a leitura por tópicos.

Outra novidade disponível a partir de quinta, no site do IMS, é a hemeroteca com 100 recortes de textos jornalísticos publicados até 1943, que inclui material da coleção particular do compositor, mantida pelo instituto, e a hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. Entre os textos raros está uma reportagem sobre sua passagem pelo Teatro Municipal de São Paulo, em 1926, apresentado pelo escritor e também músico Mario de Andrade, um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna. O site do IMs também publica agora o segundo volume das adaptações em formato de melodia e cifra de mais de 60 peças musicais de Nazareth.

Ernesto Nazareth foi um dos mais originais compositores brasileiros, nascido em 1863, no Rio. Filho de um despachante aduaneiro e de uma pianista amadora, começou a aprender música com a mãe, aos três anos. Após sua morte, o pai o proibiu de tocar, mas, escondido dele, continuou seus estudos e compôs sua primeira música aos 14 anos, a polca-lundu Você Bem Sabe. Foi em 1909 que Nazareth compôs seu maior sucesso, Odeon, cujo título faz referência ao cinema no qual Nazareth ganhava a vida acompanhando os filmes mudos lá exibidos. Ele morreu em 1934, afogado na represa próxima à Colônia Juliano Moreira, para tratamento de doentes mentais. 

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Ernesto Nazareth 150 Anos

Cravista lança portal sobre música erudita brasileira Rosana Lanzelotte

Portal disponibiliza partituras de músicas clássicas brasileiras


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Fundaj trabalha na digitalização de discos da sua fonoteca

Acervo reúne raridades como disco de papelão de campanha eleitoral de Jânio Quadros e primeiro disco do selo Mocambo, da Rozemblit

AD Luna - Diário do Pernambuco

Fundaj realiza projeto de digitalização de discos de cera e vinis do seu acervo. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

Pesquisadores, estudantes, fãs de discos antigos e amantes da música em geral terão acesso, a partir do próximo semestre, a cerca de 14 mil discos de 78 rotações, feitos de vinil, cera de carnaúba, acetato e até papelão. São peças raras, carregadas de história, joias da música nordestina, brasileira e mundial do acervo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

O processo de digitalização deve terminar em junho. “Até lá, deveremos ter a possibilidade da consulta aqui na Fundaj. A disponibilização disso na internet é uma etapa seguinte, que não podemos precisar quando se dará”, informa o bibliotecário Lino Madureira, coordenador do Núcleo de Digitalização da fundação, na Zona Norte do Recife.

Bolero, salsa, foxtrote, blues, jazz, samba-canção, marchinhas, baião e frevo são alguns dos estilos encontrados em meio às obras do acervo, que abrange discos fabricados entre as décadas de 1940 e 1960. Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Camarão, Jackson do Pandeiro, Claudionor Germano e Jacinto Silva estão entre os artistas presentes na coleção. Algumas faixas ainda nem foram identificadas, como duas do Mestre Camarão. É possível também encontrar disco com o jingle da campanha de Jânio Quadros à Presidência da República, em 1962.
Fundaj realiza projeto de digitalização de discos de cera e vinis do seu acervo. Na foto, Fabio Campos, engenheiro de áudio e gerente do projeto. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

O trabalho foi iniciado em novembro do ano passado. Ao mesmo tempo em que o acesso à consulta do material digitalizado for ampliado, a diminuição do manuseio dos discos vai favorecer sua preservação. “Somos quatro pessoas trabalhando de segunda a sexta, numa média de 140 discos que passam pelo processo de higienização, catalogação e digitalização diariamente”, explica Fábio Campos, engenheiro de som e gerente do projeto. A empresa dele, a carioca Studio Visom Digital, foi a vencedora da licitação lançada pela Fundaj.

Os técnicos em áudio pernambucanos Rildo Leão e Ricardo Mendes (os quais já pilotaram o som ao vivo de Cascabulho, Silvério Pessoa, Faces do Subúrbio, Nando Cordel e Josildo Sá, entre outros) não escondem a satisfação de participar do processo. “É uma verdadeira viagem no tempo. E dá uma certa curiosidade em saber como se deu o processo de gravação”, observa Rildo, que também é músico. “Tem muita gente que gostaria de estar aqui no lugar da gente. Imagine passar o dia inteiro ouvindo música?”, brinca.

Fundaj realiza projeto de digitalização de discos de cera e vinis do seu acervo. Na foto, Ricardo Mendes e Rildo Leão (de camiseta branca), técnicos de áudio. Foto; Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

Raridades

Número 1 da Rozemblit
Entre as raridades do acervo, o primeiro lançamento do selo Mocambo, da antiga gravadora recifense Rozemblit. O disco foi lançado em  1953 e contém o frevo de rua Come e dorme, de Nelson Ferreira, no lado A, e o frevo-canção Boneca, de José Menezes (morto em novembro do ano passado) e Aldemar Paiva, no lado B, interpretado pelo cantor Claudionor Germano.

Disco da Mocambo, selo da antiga gravadora Rozemblit, está no acervo da Fundaj. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

Homenagem silenciosa 
Durante o trabalho de escuta, o técnico Ricardo Mendes achou que havia algo errado com um dos discos, visto que não conseguia ouvir nada. Ao ler o rótulo, ele entendeu o que acontecera. “Era uma homenagem póstuma da gravadora Odeon ao ‘rei da voz’ Francisco Alves, que tinha morrido na época”, conta. No lado B, Dalva de Oliveira canta Meu rouxinol também em celebração a Alves. 

Processo de Digitalização

1- Análise do estado físico do disco e restauração. É comum encontrar alguns rachados ou quebrados.

2- Substituição das capas antigas por novas, preparadas com material que evita qualquer tipo de contaminação. Isso garante maior durabilidade.

3- Higienização, através de um deionizador (aparelho que retira íons) de água e uma máquina criada especialmente para a lavagem das obras. A secagem é feita em escorredores.

4- Catalogação, com elaboração de planilha contendo todas as informações dos rótulos.

5- Audição, realizada por três pessoas que ouvem cada faixa dos discos em picapes, ao mesmo tempo em que as músicas são reprocessadas pelo software Wavelab.

6- Recatalogação, a fim de registrar as condições de cada disco e de cada gravação contida nele.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Enciclopédia voltada às artes merece nova versão


Em 2014, começam a ser contemplados os episódios e artistas mais significativos também dos segmentos de música, dança e cinema

Maria Eugênia de Menezes - O Estado de S. Paulo

Fonte para estudiosos, pesquisadores e trabalhadores da cultura, a enciclopédia digital do Itaú Cultural estará de cara nova a partir de janeiro.

Até agora, estavam disponíveis para consulta as áreas de artes visuais, teatro, literatura e arte e tecnologia. Em 2014, começam a ser contemplados os episódios e artistas mais significativos também dos segmentos de música, dança e cinema. Outra diferença em relação à base de dados atual: toda a enciclopédia será acessada de forma unificada, e não separada por segmentos artísticos como acontecia até agora.

“A experiência com o trabalho de catalogar e organizar acervos acabou deixando evidente que muitos artistas possuem atuação em diversas áreas”, pontua Tânia Rodrigues, gerente das enciclopédias.

Outro recurso disponível na enciclopédia são os vídeos, que complementam as informações dos verbetes com entrevistas dos artistas em questão, falando sobre seu trabalho e obras mais significativas. As gravações devem ter legendas em inglês, francês e espanhol.

O que entra no ar em janeiro é uma versão beta do site, ainda passível de ajustes. Mas já será possível consultar 176 verbetes de cinema, 101 de dança e 459 de música. Somam 142 os vídeos disponíveis.

Mesmo com as novidades, as áreas que já eram contempladas anteriormente devem continuar crescendo. Existem hoje para consulta na internet 5.556 verbetes de artes visuais, 914 de teatro, 655 de literatura brasileira e 109 de arte e tecnologia.

O trabalho foi iniciado há cerca de 25 anos. À época, para chegar ao público, o banco de dados era transportado dentro de caminhões, que percorriam a cidade e recebiam visitantes. Em 2013, até novembro, o número de acessos à enciclopédia foi, segundo informações da entidade, de 12,5 milhões.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Arquivos abertos: Coleções de Niemeyer, Leonilson e Elomar serão reunidas em sites e mostras

Leonilson: Caderno de desenhos e anotações (1986)

Coleções dos artistas estão sob a guarda de suas respectivas famílias

Maria Eugênia de Menezes - O Estado de S. Paulo

Jorge Andrade, Oscar Niemeyer, Elomar, Flavio Império, Leonilson. Em comum, o fato de serem grandes artistas. Mas não só. Em 2014, todos eles estarão mais próximos do público: seus acervos são a base de exposições, filmes e sites a serem lançados em breve. Flávio Império deve ganhar, a partir de janeiro, um site que detalha sua atuação como artista plástico, cenógrafo e arquiteto. Em julho, Niemeyer merece uma mostra, em São Paulo e no Rio, que revê sua trajetória e pretende revelar alguns projetos inéditos do arquiteto. Também no primeiro semestre, Leonilson será tema de um curta e de um longa metragem, ambos dirigidos por Carlos Nader.

Outro dado une essas coleções. Como ainda acontece com boa parte do legado de criadores brasileiros, elas não estão sob a guarda de instituições, mas das respectivas famílias, que criam institutos, fundações e sociedades de amigos para auxiliá-los nessa jornada pela preservação. “É a família que acaba bancando a maior parte das ações de preservação”, diz Ana Lenice Dias, presidente do Projeto Leonilson e irmã do artista. “Tentamos várias vezes doar o acervo, mas os museus só querem ficar com as obras. Não aceitam os móveis, os objetos, as coisas que ele deixou. Por isso, optamos por manter tudo conosco.”

Sem uma política de aquisição do acervo, o Itaú Cultural passou a financiar alguns desses projetos de preservação que acontecem de maneira independente. “Tentamos preservar a autonomia desses projetos”, diz Eduardo Saron, superintendente da entidade. “Oferecemos recursos e o nosso know how para que eles caminhem de forma independente.”

A 20 quilômetros de Vitória da Conquista (BA), uma fazenda guarda um pedaço da memória da música brasileira. Na Casa dos Carneiros, Elomar concilia o cuidado dos animais com a composição de canções. E, recentemente, passou também a receber os pesquisadores que irão transformar parte da propriedade em um centro de memória aberto a visitantes e pesquisadores. O trabalho é conduzido por profissionais da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Além disso, também estão sendo preparadas, para 2015, uma exposição do acervo e um show do artista no Auditório Ibirapuera. “Sabíamos que Elomar estava em busca de uma instituição que o apoiasse. Então, fomos atrás dele”, conta Saron. “Ele disse que para aceitar a parceria precisava primeiro me olhar no olho. Precisamos criar um vínculo de confiança antes de começar.”

A expertise conquistada ao longo dos anos com a enciclopédia digital mantida pelo Itaú Cultural é uma das bases dos trabalhos de organização e catalogação de parcela considerável dessas coleções. “Ao invés de começar do zero, antes de catalogar procuramos sempre entender qual lógica que já era aplicada pelo artista ou pela sua família”, comenta Tânia Rodrigues, gerente das enciclopédias.

As criações de Vilanova Artigas, Jorge Mautner, Sérgio Rodrigues e Regina Silveira devem ser os próximos alvos de ações de organização e digitalização de acervos. “Além de financiar, contratamos os profissionais e supervisionamos o trabalho”, observa Tânia. “Outro passo importante é dar instruções de conservação para as famílias. Usar caixas de plástico e não de papelão. Não dobrar páginas ou usar grampeador. Dicas simples, mas que ajudam.”

Depois da morte de Jorge Andrade, os manuscritos de suas obras, além de documentos, fotografias e periódicos, permaneceram na casa de parentes. Até que Blandina, filha do artista, resolveu começar uma peregrinação por instituições que pudessem receber o conjunto. “As coisas estavam começando a se perder”, conta ela. “Recebemos muitas negativas antes de conseguir um local.” Foi no Centro Cultural São Paulo que o acervo conseguiu uma casa. As ações de digitalização e organização do material já estão em andamento. Uma sala climatizada deve guardar a documentação, que inclui mais de 16 mil páginas com roteiros das novelas que ele escreveu. “E, como começamos a mexer na coleção, coisas desconhecidas acabaram aparecendo”, comenta Blandina. Um livro com cinco peças de Jorge Andrade, nunca antes editado, foi descoberto e acabou virando e-book.

Instituições ajudam a preservar cultura nacional
Uma série de instituições dedica-se à guarda de acervos de artistas brasileiros. Na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, repousa um significativo número de arquivos pessoais de literatos. Entre eles, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade. Lá também estão coleções de interesse histórico, como a do ex-presidente Afonso Pena, que deixou importante documentação que cobre o período de 1906 a 1909. O Instituto Moreira Salles é outro depositário de acervos. Lá estão as coleções de escritores importantes do século 20, como Otto Lara Resende e Vinicius de Moraes. A fotografia recebe especial atenção da entidade, que adquiriu coleções de nomes como Augusto Malta, Marc Ferrez e Alice Brill. O Instituto de Estudos Brasileiros é outra morada de tesouros sem par. Lá repousam os espólios de Mario de Andrade, Graciliano Ramos e João Guimarães Rosa. O arquivo de Flávio Império também deve ficar sob a guarda da instituição. No Centro Cultural São Paulo, as coleções mais importantes são a discoteca deixada por Oneyda Alvarenga e o acervo da Missão de Pesquisas Folclóricas, de Mario de Andrade.

Arnaldo Baptista lança todos os seus discos na internet

Acervo da fase pós-Mutantes inclui dois álbuns inéditos e está disponível em lojas online e serviços de streaming

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