segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Os novos desafiantes do Google

Pequenas empresas do Vale do Silício já nascem com a improvável missão de superar o gigante das buscas

Miguel Helft

Nos novos escritórios com novas salas de jogos ainda vazias e bastante espaço para triplicar o número de funcionários - hoje são quase 30 -, um trio de empresários lidera a mais nova empresa de internet que nasce com uma missão improvável: vencer o Google.

Steve Newcomb, Lorenzo Thione e Barney Pell abriram a Powerset, empresa cujo objetivo é fornecer melhores respostas do que qualquer outro mecanismo de busca, incluindo o Google. E, por mais improvável que pareça, conseguiram angariar adeptos no Vale do Silício. São investidores que gostam de aplicar sua fortuna na identificação da próxima grande jogada.

“Existe um segmento do mercado que acha que somos loucos”, disse Charles Moldow, sócio da Foundation Capital, empresa de capital de risco que é a principal patrocinadora da Powerset. “Em 2000, algumas pessoas acharam que o Google era uma loucura”, justifica.

A Powerset não está absolutamente sozinha. Embora o Google continue à frente de suas principais rivais na área de busca, como Yahoo e Microsoft, um número grande de novos empreendimentos, que envolvem nomes como Hakia, ChaCha e Snap, buscam derrotar o Google usando o seu próprio jogo.

A Wikia Inc, por exemplo, empresa aberta por um dos fundadores da Wikipedia, pretende desenvolver um mecanismo de busca que usará o mesmo modelo da popular enciclopédia online, que envolve uma comunidade de programadores e usuários na sua criação.

Essas ambiciosas aventuras refletem o otimismo renovado que vem tomando conta dos centros de tecnologia como o Vale do Silício e estimulando um início de nova explosão na internet. Mostra também a que ponto a nova economia gerada pela internet se parece a um sistema planetário, onde tudo e todos giram em torno da busca em geral, e em torno do Google em particular.

O Vale do Silício está repleto de novas empresas cuja principal meta, em termos de negócios, é ser adquirida pelo Google, Yahoo ou Microsoft. Muitas outras dependem do Google como seu condutor principal para trafegarem ou do poderoso sistema de propaganda do Google como principal fonte de renda. Basicamente todas as novas empresas concorrem com o Google pelos talentos na área de engenharia, que são escassos. E adivinhar o próximo passo do Google tornou-se uma obsessão para vários blogs de tecnologia e em jogo favorito entre os investidores de tecnologia.

“Existe uma obsessão excessiva com busca, como se fosse o fim do mundo”, disse Esther Dyson, conhecida investidora no setor de tecnologia e especializada em prognósticos no setor. “Google equivale a busca, que equivale a publicidade, que equivale a dinheiro. Tudo isso é combinado como se fosse o último grande modelo de empresa.”

Pode não ser o último grande modelo, mas o Google provou que a busca ligada à propaganda é uma operação ampla e bastante lucrativa, e todos - incluindo Dyson, que investiu uma pequena soma na Powerset - querem ter parte nessa operação.

De acordo com a National Venture Capital Association Group, desde o início de 2004, investidores colocaram quase US$ 350 milhões em pelo menos 79 novas empresas lançadas, que tinham alguma coisa a ver com buscas na internet.

Uma maioria esmagadora não está tentando tirar a liderança do Google, mas se concentrando em áreas especializadas do mundo das buscas, como busca por vídeos, postagem de blogs ou informações médicas. Como a missão declarada do Google é organizar todas as informações que circulam no mundo, essas empresas podem acabar buscando fios de retículos do Google. O que não é necessariamente ruim.

Porém, no “boom” atual existe dinheiro até para aqueles com a meta audaciosa de se tornar um Google melhorado. A Powerset recentemente recebeu um financiamento de US$ 12,5 milhões. O Hakia, que da mesma forma que o Powerset tenta criar um mecanismo de busca com “linguagem natural”, conseguiu US$ 16 milhões.

Outros US$ 16 milhões foram para o Snap, que se concentra na apresentação dos resultados de busca de um modo mais atrativo e está fazendo experiências com um novo modelo de publicidade. E o ChaCha, que utiliza pesquisadores pagos que atuam como bibliotecários virtuais para fornecer respostas às dúvidas dos usuários, obteve US$ 6,1 milhões.

Porém, a história recente indica que ganhar musculatura vai ser difícil. Das dezenas de empresas iniciantes abertas nos últimos anos, em novembro nenhuma tinha uma participação acima de 1% no mercado de busca dos Estados Unidos, de acordo com a empresa de pesquisa Nielsen NetRatings.

Acumular uma grande audiência tem sido o desafio para aquelas empresas que já têm antecedentes na área e recursos. É o caso do A9, mecanismo de busca da Amazon.com, que recebeu críticas positivas quando começou em 2004 e era operada por Udi Manber, um especialista em buscas famoso.

Apesar de atividades inovadora e sucessos iniciais, o A9 conquistou só uma pequena fatia do mercado. Manber agora trabalha para o Google, como vice-presidente de engenharia.

Fonte: Folha Online

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