quarta-feira, 15 de agosto de 2007

"A Internet salva o livro", diz coordenador da CBL

A digitalização de arquivos está em crescente evolução. Mecanismos de buscas na Internet como Google ou Yahoo! incrementam constantemente suas funcionalidades para atender uma demanda impulsionada pela tecnologia. Os livros são o carro-chefe deste mercado e a idéia de reunir material em local de fácil acesso parece agradar. Porém, o tema engloba discussões entre autores, editoras e especialistas a fim de viabilizar um modelo de negócios que atenda justamente a todos os envolvidos na questão.

"A Web é uma benção para os editores", afirma o coordenador da Comissão de Tecnologia da Câmara Brasileira do Livro (CBL), e um dos donos da Blucher editora, Eduardo Blucher. Apesar de ser uma benção, ele defende que os livros não sejam disponibilizados gratuitamente na íntegra para acesso. "Não há espaço nas livrarias para tudo que é produzido. O mercado é muito concorrido e o virtual é meio para divulgação de tudo isso", diz. Além disso, o coordenador se mostra incomodado quanto às previsões sobre o iminente fim da comercialização das obras literárias. "A Web salva o livro por meio de venda online, material de apoio e capítulos gratuitos. São visões apocalípticas sem fundamento", declara.

A divulgação da literatura deve ser analisada sob dois gêneros e a "natureza do conteúdo" é que define isso. Se o livro for do estilo romance, vale a pena colocar trechos na Web, pois instiga o leitor a comprar o produto e saber o final da história. Já se o material for técnico, não faz sentido. Após pesquisar tal pedaço, o leitor tende a abandonar a leitura.

Blucher vê com otimismo o nível de leitura dos brasileiros. Sites, blogs, chats e comunicadores instantâneos contribuem para o aumento nos índices. O público adolescente é o principal responsável pelo crescimento, pois passou a ler mais em comparação às outras gerações. Eis, portanto, o desafio do livro diante de várias fontes de conhecimentos existentes atualmente. "Os editores têm de ser cada vez melhores para manter a sobrevivência", prevê o coordenador da CBL.

Autorização

Qualquer conteúdo disponível na Web deve ser permitido com o aval do autor. Em alguns casos, a legislação permite a reprodução total e gratuita da obra se a data da morte do autor tenha completado pelo menos 70 anos. É por essa razão que programas do Governo como o "Domínio Público" contêm acervo recheado de importantes escritores como Machado de Assis, morto em 1908. O espaço também reúne conteúdos internacionais, em imagens, vídeos ou sons, além de várias categorias e estilos.

Universidades brasileiras também adotaram o sistema digital. USP, Unicamp, Unesp, entre outras, trabalham já há algum tempo com acervo que inclui teses, resenhas e variados tipos de pesquisa.

Eduardo Blucher é cético quanto ao hábito de ler na tela do computador. Por essa razão, não vê programas sociais como concorrentes. "Acho complicado pensar que as pessoas lêem cerca de 200 ou 300 páginas em seus PCs. Muito menos, pensar que elas imprimem todo este conteúdo", resume.

Buscas

O processo de digitalização do Google é mundial e conta com o apoio de inúmeras universidades. O coordenador da CBL elogia o sistema de busca inventado pela empresa. Apesar disso, aponta algumas falhas. Segundo ele, o processo peca ao selecionar trechos dos livros que podem então soar aleatórios. Novamente a questão depende do gênero para destacar a finalidade com que o internauta realiza a pesquisa.

Fonte: Marcelo Gripa - Adnews

Nenhum comentário:

Postar um comentário