segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Biblioteca virtual sobre África já tem quase 200 mil itens

Lisboa, 06 Out (Lusa) - Onze anos depois do lançamento, a biblioteca virtual do projeto Memória da África já conta com perto de 200 mil títulos considerados patrimônio comum de Portugal e dos países africanos lusófonos e se prepara para chegar ao Brasil.

Entre as últimas aquisições do acervo está a Coleção "Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colônia de Moçambique" (1929), de José dos Santos Rufino, e o acervo do Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe.

No material é possível encontrar, por exemplo, as fichas de identificação das pessoas que chegavam à colônia e um tipo de documentação que permite traçar o percurso cronológico individual de um colono ou trabalhador desde a sua entrada na colônia até a sua repatriação.

Entre os documentos mais antigos "resgatados", na maioria de coleções particulares, estão algumas curiosidades como "O Meu Primeiro Livro de Leitura", publicado na então Guiné Portuguesa, em meados do século 20, e a "Didática das Lições do Primeiro Ano do Ensino Primário Rural", de Angola.

Acervo digital

"As pessoas percebem que a digitalização e disponibilização livre é um modo de homenagear e perpetuar o legado de muitos técnicos e quadros do Estado que escreveram livros e relatórios", afirmou à Agência Lusa o professor Carlos Sangreman, da Universidade de Aveiro.

Segundo Sangreman, um dos responsáveis pelo projeto, sem a iniciativa os documentos poderiam "se perder para sempre ou ser úteis apenas a meia dúzia de pessoas que os conhecem".

"Nestes últimos tempos acolhemos múltiplos contatos de pessoas que gostariam de encontrar as obras que pais e avós escreveram e que estão referenciadas na base de registros", explicou.

Onze anos depois do lançamento, o site "faz num mês o que fazia num ano de páginas vistas e visitantes", disse Sangreman.

Em setembro, o número de visitantes chegou a 21.355, para um total de 85.233 páginas visitadas, mais 50% em relação ao mesmo período em 2006. O total de registros se aproxima dos 196 mil, com mil em fase de validação.

"Todos os meses se acrescentam registros e páginas digitalizadas", afirmou Sangreman, responsável do projeto financiado pela Fundação Portugal África, e em que participam o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) de Lisboa, além da Universidade de Aveiro, onde está o servidor que armazena a documentação digitalizada.

Projetos

Mais de um terço dos visitantes da biblioteca virtual são brasileiros, quase tantos como os portugueses, os responsáveis assumem o objetivo de criar um "módulo Brasil", mas ainda não apareceu o parceiro com o perfil pretendido.

De acordo com Carlos Sangreman, está ainda previsto iniciar a pesquisa em acervos da Universidade de Évora, no Parlamento português e de mais um dos Departamentos da Universidade de Coimbra.

Outro objetivo é coletar registros em Angola, o único país africano lusófono onde "em dez anos não foi possível" conseguir uma única obra, afirmou Sangreman.

O projeto também aguarda recursos para recolher registros e digitalizar na Biblioteca Nacional de Moçambique, depois de ter "passado a pente fino" o Arquivo Histórico da ex-colônia.

Apesar disso, Sangreman afirmou que o maior desafio é passar a biblioteca de "virtual" a "digital", tornando os conteúdos digitalizados integralmente disponíveis e pesquisáveis.


Fonte: http://www.agencialusa.com.br/index.php?iden=10825


O endereço do projeto é: http://memoria-africa.ua.pt/

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