sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

USP prepara arquivo digital que revela postura anti-semita do Brasil no Holocausto

O Leer (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação), vinculado à USP (Universidade de São Paulo), planeja lançar até julho um banco de dados na internet com documentos sobre o Holocausto do ponto de vista brasileiro.

Segundo os pesquisadores, os documentos revelam uma postura anti-semita do Brasil durante o período.

Os dados foram coletados em fontes como o Arquivo do Itamaraty, a Biblioteca Nacional, o Fundo Dops, além de dados retirados de bibliotecas de Portugal, França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Israel.

De acordo com a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, coordenadora do projeto, apenas no arquivo do Itamaraty foram coletados mais de 10 mil documentos, que desde dezembro estão sendo digitalizados.

Segundo a pesquisadora, que iniciou a coleta desse material em 1984, a intenção é permitir que os internautas conheçam melhor a posição brasileira diante do Holocausto, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-45) e de Eurico Gaspar Dutra (1946-51).

Os arquivos mostram que o governo Brasileiro negou vistos de entrada a muitos judeus apátridas de diversas nacionalidades que tentavam fugir da Europa.

A pesquisadora afirma também que o Brasil preparou diversos dossiês com conteúdo anti-semita, alguns deles inclusive de autoria de ministros. Eles pedem "medidas repressivas" contra a entrada de judeus no país.

Há também documentos emitidos por diplomatas brasileiros no exterior, que detalham o cotidiano de cidades como Berlim e Hamburgo durante a vigência do regime Nazista, nas décadas de 30 e 40.

Facilidade de acesso
"Estas informações já estão em domínio público, mas as pessoas desconhecem a posição do Brasil diante desse assunto. Queremos também ressaltar o papel de vários diplomatas brasileiros que ajudaram a salvar judeus, acionaram associações e conseguiram trazer muitos para o Brasil. A idéia é fazer uma galeria dos 'justos", afirma Tucci.

Na página também estarão disponíveis vídeos com depoimentos de sobreviventes do holocausto e também dois novos documentários produzidos pela TV USP. A idéia é também localizar, registrar e entrevistar os sobreviventes dos campos de concentração e os refugiados radicados no Brasil.O site será colaborativo. Ou seja, os internautas que tiverem fotos de arquivo ou documentos pessoais sobre o assunto poderão enviá-las para o Leer. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail leer@usp.br.

O portal ficará hospedado no site do Leer e deve estar disponível a partir de julho deste ano. A proposta é que em um prazo de dois anos o site esteja completo. Para o projeto, o instituto recebeu financiamento inicial da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), mas está em busca de outros patrocinadores.

Fonte: Folha Online

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