Distribuir versões digitais gratuitas de livros online pode estimular em vez de prejudicar as vendas de livros tradicionais, disse o escritor Paulo Coelho na abertura da Feira de Livro de Frankfurt, a maior do mundo, nesta terça-feira.
Autor de "O Alquimista" e "Onze Minutos," o brasileiro afirmou que os editores devem explorar as possibilidades que a web oferece, em vez de considerá-la uma inimiga. Coelho vem distribuindo versões digitais de seus livros gratuitamente na Internet há anos e acredita que essa estratégia reforçou as vendas de seus livros, pelo menos na Rússia.
"Eles lêem algumas páginas e pensam: meu Deus, é muito mais fácil comprar o livro do que ler nesta tela -- então, eles vão lá e compram o livro", disse Coelho em entrevista coletiva após discursar na abertura do evento.
"A web... está impondo uma nova maneira de dividir idéias e desafiando velhos modelos econômicos", acrescentou.
A venda de livros online é o avanço mais importante dos últimos 60 anos no setor dos livros, de acordo com pesquisa realizada pelos organizadores da feira mundial do livro, que começa nesta terça-feira e tem duração de uma semana.
Quarenta por cento dos 1.000 profissionais de mais de 30 países entrevistados para a pesquisa acreditam que o conteúdo eletrônico vai ultrapassar as vendas de livros tradicionais até o ano 2018 -- se bem que um terço dos entrevistados tenham previsto que isso jamais vai acontecer.
Mas o que a maioria dos editores entende por digitalização tem menos a ver com compartilhar gratuitamente que com disponibilizar conteúdo proprietário online.
Hoje todos enxergam os benefícios de lojas online como a Amazon, mas projetos como o motor de buscas de livro do Google, que permite a busca no texto integral de livros escaneados pelo Google, ainda assusta a muitos.
O Google já escaneou mais de 1 milhão de livros e mantém parcerias com editoras e bibliotecas. "Seria possível vender bem mais livros se muito mais pessoas tivessem informações sobre eles", diz o Google em seu Web site de livros (www.books.google.com). Nós podemos ajudar a fazer isso acontecer."
Alguns editores de livros temem sofrer o mesmo destino da indústria da música, que no início do século fechou a Napster, empresa que possibilitava a partilha ilegal de arquivos, mas não reagiu quando a Apple dominou o mercado da música digital.
O equivalente literário ao iPod, o e-reader, será um tema quente na Feira do Livro. As vendas de leitores eletrônicos portáteis, como o Kindle, da Amazon, e o Reader, da Sony, estão aumentando rapidamente.
A empresa de pesquisas sobre tecnologia iSuppli prevê que as vendas de e-readers vão subir de 3,5 milhões de dólares em 2007 para 291 milhões em 2012.
Muitos olhares também estão voltados à China, que em 2009 vai suceder à convidada de honra deste ano, a Turquia, e cujo mercado editorial privado -- contrastando com a indústria editorial estatal, que vem encolhendo -- vem sendo movido pela Internet.
Fonte: Reuters Brasil
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