quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Biblioteca Digital de Matemática

Várias instituições europeias juntaram-se para organizar uma biblioteca digital de matemática. O projecto é encabeçado por investigadores portugueses.

A criação da Biblioteca Digital Europeia de Matemática arrancou no início deste mês. O objectivo é lançar um portal agregador de publicações especializadas, que funcione como motor de pesquisa único para o acervo de várias instituições. O projecto é liderado pelo Instituto Superior Técnico e conta com várias universidades europeias e algumas empresas privadas.

Entre os conteúdos que vão integrar a biblioteca, estão livros e artigos científicos em 12 línguas (nomeadamente inglês, francês, português, russo, checo, eslovaco e até latim). Há documentos que remontam ao século XVI, mas a ideia é garantir também que a biblioteca permanece actualizada com novas publicações. Ao todo, são 2,600 milhões de páginas que deverão ser pesquisáveis na Internet – o que é um problema complexo para quem tem a tarefa de centralizar esta informação.

Um dos maiores desafios nas criação de bibliotecas digitais (que, apesar do nome, funcionam mais como motores de pesquisa do que como bibliotecas propriamente ditas) é reunir a informação que está dispersa por várias instituições, explica o investigador José Borbinha, que integra um grupo de investigação em sistemas de informação associado ao Instituto Superior Técnico.

O problema, nota o investigador (que tem um longo historial a trabalhar em bibliotecas digitais) é que, apesar de algumas normas internacionais, cada instituição tende a ter regras próprias de armazenamento e de catalogação de documentos. Por exemplo, uma instituição pode registar apenas o autor, o título e uma breve descrição do livro ou artigo científico. Mas outra pode oferecer muito mais informação: palavras-chave, artigos relacionados, número de páginas. E há até casos de documentos que não têm qualquer informação associada.

Esta informação (a que se chama meta-dados) é armazenada em bases de dados – mas as várias instituições usam software e modelos de base de dados diferentes, o que cria mais uma dificuldade na criação de um único motor de pesquisa. E, para além disto, há o o problema das várias línguas (e alfabetos) em que estão escritos os documentos.

O desafio dos investigadores é criar formas automatizadas de reunir esta informação (em vez do laborioso e demorado processo que seria fazê-lo manualmente) e usá-la para apresentar resultados de pesquisa relevantes para o utilizador. O processo deverá estar concluído dentro de três anos.

Satélite da Europeana

A Biblioteca Digital Europeia de Matemática (que está a ser criada com fundos europeus) funciona como uma espécie de satélite da Europeana, o portal agregador de material científico e cultural europeu, que foi lançado em finais de 2008. Eventualmente, estes projectos-satélite serão ligados ao portal principal.

A Europeana, normalmente definida como uma biblioteca digital europeia, foi lançada como um contraponto às iniciativas da Google nesta área (nomeadamente a digitalização de livros que tem sido levada a cabo pela multinacional dos EUA) e já chegou a ser descrita como uma resposta à americanização da Web.

Foram sobretudo os franceses que mais impulsionaram o portal, num esforço que teve contornos políticos. O site, porém, está longe de ser um destino frequente para cibernautas. Borbinha admite: “A Europeana tem relevância política, mas na vida real...” O investigador, contudo, frisa que ainda há muito trabalho para ser feito e que, por ora, este site “está numa fase de demonstração de conceito”.

A biblioteca europeia de matemática, entretanto, motivou a criação em Portugal de uma biblioteca semelhante, um projecto da Sociedade Portuguesa de Matemática.

Fonte: Público - Portugal

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