terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A vez dos museus digitais

por Arturo Colorado Castellary

Arturo Colorado Castellary professor de Ciências da Informação na Universidade Complutense de Madri

Estamos em uma nova era marcada pela linguagem da hipermídia e digitalização. Podemos nos perguntar qual o impacto que as novas tecnologias da informação e comunicação (TIC) produzem na compreensão do bem cultural e do museu que o abriga. Frente ao medo da desumanização que despertam em alguns, as perspectivas podem ser muito distintas: o patrimônio cultural e sua história estão passando por uma verdadeira renovação graças aos efeitos benéficos que a linguagem hipermidiática gera como meio de comunicação e criação.

Os museus tradicionais tiveram que se transformar na era digital. O museu foi uma das primeiras instituições de memória que ousou enfrentar o desafio das TIC. Desde o início da cultura digital, existem experiências importantes a respeito disso. Nos anos 1990, foram numerosos os museus, começando com a National Gallery, em Londres, que publicaram conteúdo em várias mídias. Em seguida, os principais museus do mundo aderiram à empreitada - Louvre, Prado, Pinacoteca do Vaticano, Arts Institute of Chicago, Thyssen-Bornemisza, D'Orsay, Hermitage -, publicando seus próprios títulos, aprofundando na exploração da interatividade e na didática audiovisual para difundir as obras que conservam.
Desde então, esta linguagem hipermídia tem sido implementada nos museus em três áreas: o que podemos qualificar como "sobre" o museu, "a partir do" museu e "dentro" do museu. Quando falamos "sobre" o museu se trata do apoio offline, que foi desenvolvido principalmente nos anos 1990; "a partir do" museu seria o caminho "online"; e "dentro" do museu seria a incorporação de elementos interativos na narrativa do museu, em suas próprias instalações. Grande parte dos museus, em escala internacional, optou fundamentalmente pelo "a partir do", o que seria favorecê-los, especialmente os de arte ou história, como forma de aderir à era digital e amealhar mais público.

O fenômeno que está ocorrendo agora é a inclusão de linguagem interativa no mesmo discurso do museu, integrando-a em suas salas por meio de recursos multimídia. Na verdade, existem museus que já nascem interativos, e seu discurso se baseia no digital e na participação ativa do visitante.

Mas isso acontece em museus dedicados às ciências - como é o caso pioneiro do Exploratorium em São Francisco - ou de temas mais diversos, tais como astronomia, antropologia, línguas ou arqueologia. Há experiências interessantes de museus interativos dedicados, por exemplo, ao campo etnológico (o Minpaku, de Osaka), a áreas emergentes (o Miraikan, de Tóquio) ou ao idioma (Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo).

As três áreas de aplicação da linguagem hipermidiática no museu têm oferecido diversas possibilidades. No entanto, partem da mesma linguagem interativa e de integração de meios. E digo "têm oferecido" porque agora, com a alta performance dos serviços de internet banda larga, essas possibilidades se assemelham e se integram ainda mais. Todas essas experiências vêm confirmar a necessária passagem do tradicional museu, cuja atenção está centrada nas coleções que abriga, para a nova museologia, que coloca o público como protagonista.

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