segunda-feira, 12 de abril de 2010

Portal disponibiliza partituras de músicas clássicas brasileiras


Em 2005, ano do Brasil na França, vimos orquestras francesas ávidas por repertórios brasileiros e... não tocaram nada, ou quase nada. Os repertórios clássicos apresentados limitaram-se às obras de Villa-Lobos. Por aqui, afinal, o acesso às obras não é nada fácil.

No Brasil, das edições realizadas pela Academia Brasileira de Música, nada se pode saber além do título, a não ser consultando in loco o Banco de Partituras. O mesmo acontece com a Editora da OSESP. Em casos como do www.centrocultural.sp.gov.br/cg ou do Canal Virtual da Funarte, até conseguimos a partitura completa das obras - insuficiente para a execução, no caso de obras orquestrais. Faltam as partes separadas para cada instrumento.

Da ativíssima indústria editorial de música do início do século XX , quase nada restou. E a dificuldade em obter cópias começa na própria Biblioteca Nacional do Rio, onde um usuário só pode solicitar a cópia de duas páginas por vez. É bastante difícil tocar a partir de um manuscrito. Então, há que se "editorar" a obra, quer dizer, transcrevê-la utilizando algum editor de partituras, como o Finale ou Sibelius - tarefa para especialistas.

Resultado: hoje, temos notícias de apenas 20% dos repertórios brasileiros de música clássica. Há muito por fazer. E mesmo para tocar os mais contemporâneos, esbarra-se muitas vezes nas dificuldade criadas por familiares dos compositores, que acham que vão resolver sua questão financeira vendendo direitos das obras de seus parentes. Quem quiser tocar Villa-Lobos, ainda protegido por direitos autorais no Brasil, tem que entrar no site da IMSLP - International Music Score Library Project!!!

Bom... agora vamos à boa noticia: está entrando no ar o portal Musica Brasilis , um dos únicos onde se pode encontrar as obras brasileiras prontas para a execução, com partes separadas para cada instrumento, gratuitamente.

O portal abriga um acervo considerável de obras de obras brasileiras desde o período barroco, com a presença de Luis Álvares Pinto, passando pelos compositores mineiros, pelo padre mestre José Maurício Nunes Garcia e chegando a Ernesto Nazareth e Almeida Prado. O compositor Marlos Nobre também garantiu a sua adesão ao projeto, com a disponibilidade parcial de suas obras.

Para um país que foi o maior editor de obras musicais no início do século XX e onde hoje pouco ou nada se publica, a solução é divulgá-las através da internet. A prova está no que diz Michael Edwards, em email para o portal: "Estou escrevendo da Austrália e queria dizer que fiquei muito feliz ao encontrar as obras de Ernesto Nazareth em pdf. Obrigado por disponibilizar essa música e colaborar para que não seja esquecida pelo mundo".

O portal nasceu com o Circuito BNDES Musica Brasilis, que financiou a editoração de obras. Daí para imaginar um repositório foi um pulo. Porém, um repositório é estático, e só interessa a especialistas. O passo seguinte foi abrigar no portal áudios e vídeos registrados durante os 20 anos do projeto Música nas Igrejas. Para aproximar ainda mais o público, as escutas guiadas acompanham a audição de comentários explicativos elaborados por musicólogos como Carlos Alberto Figueiredo. Os jogos interativos (quebra-cabeças e quiz) - desenvolvidos por especialistas em educação musical - desmistificam os repertórios clássicos para os mais jovens.

Portanto, o convite está feito. Venha para o Musica Brasilis. A casa é sua.

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário