quarta-feira, 19 de maio de 2010

_não contem com o fim do livro

_não contem com o fim do livro
Editora Record
272 p.
2010

Umberto Eco e Jean Claude-Carrière, apresentam uma discussão sobre a história e o futuro dos livros. Ao percorrerem cinco mil anos de existência dos impressos, os autores defendem a imortalidade do objeto como o conhecemos, apesar dos e-readers e da internet.

“(...) o “e-book” não matará o livro — como Gutenberg e sua genial invenção não suprimiram de um dia para o outro o uso dos códices, nem este o comércio dos rolos de papiros ou volumina. Os usos e costumes coexistem e nada nos apetece mais do que alargar o leque dos possíveis. O filme matou o quadro? A televisão o cinema? Boas-vindas então às pranchetas e periféricos de leitura que nos dão acesso, através de uma única tela, à biblioteca universal doravante digitalizada.”

Do papiro ao arquivo eletrônico, Umberto Eco e Jean-Claude Carrière atravessam 5 mil anos de história do livro em uma discussão erudita e bem-humorada, sábia e subjetiva, dialética e anedótica, curiosa e de bom gosto.

Na conversa entre os autores, intermediada pelo jornalista Jean-Philippe de Tonnac, a intenção não é apenas entender as transformações anunciadas pela adoção do livro eletrônico, mas dar início a um debate instigante e atual a partir da premissa de que e a história dos livros e o amor a eles os salvarão do desaparecimento.

A experiência de bibliófilos, colecionadores de exemplares antigos e raros, pesquisadores e farejadores de incunábulos, os faz considerar o livro, como a roda, uma invenção perfeita e insuperável. O livro aparece aqui como uma instituição sólida, anatômica e funcionalmente adequada que as revoluções tecnológicas, anunciadas ou temidas, não exterminarão.

Os autores se divertem mostrando como o livro atravessou a história da humanidade, para o melhor e às vezes para o pior — Eco reuniu uma coleção de livros raríssimos sobre o erro humano, na medida em que, para ele, eles condicionam toda tentativa de fundar uma teoria da verdade. Diante do desafio representado pela digitalização universal dos escritos e da adoção das novas ferramentas de leitura eletrônica, essa evocação de venturas e desventuras do livro permite relativizar as mudanças que estão por vir.

Homenagem divertida a Gutenberg, essas conversas irão arrebatar todos os leitores e apaixonados pelo objeto livro. E não é impossível que também alimentem a nostalgia dos detentores de e-books.

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