sábado, 29 de maio de 2010

Rede social Made in Forest quer reunir todos os envolvidos com meio ambiente


O portal quer juntar empresas, ONGs, universidades e usuários sob o interesse comum em atitudes sustentáveis

Ricardo F. Santos

Como achar um fabricante de móveis cujo processo de produção seja sustentável? Ou como levar suas roupas para lavar em uma rede que tenha preocupações ambientais tanto na filosofia como na prática? E se você for uma empresa que tem de descartar lâmpadas ou pneus e gostaria de reciclá-los, onde encontrar locais próximos ao seu negócio? Essas foram as principais questões que levaram os empresários Martin Mauro, 51, e Fábio Biolcati, 43, a criar a Made in Forest.

A Made in Forest é um misto de rede social para empresas, instituições e usuários com prestação de serviço. Lançada em fevereiro deste ano, congrega empresas de qualquer porte que fabriquem ou utilizem eco produtos, que prestem eco serviços, agências de ecoturismo, universidades que tenham pesquisas sobre ecologia e meio ambiente, e usuários.“Queremos organizar de maneira prática aqueles que trabalham com meio ambiente e sustentabilidade”, diz Mauro.

A rede tem o intuito de facilitar o contato entre usuários e empresas, além de promover discussões sobre os assuntos, como um grande fórum. Mauro espera que lá se concentrem grande parte dos consumidores engajados em causas ambientais e sustentabilidade. Otimista com o negócio, ele espera 200 mil usuários até agosto deste ano.

Por ora, a rede tem cerca de 340 pessoas físicas cadastradas. As instituições mais numerosas são Organizações Não-Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs): ao todo, há 1,1 mil delas. O número de empresas ainda é relativamente baixo: estão cadastradas 360 que produzem e utilizam materiais reciclados, 76 prestadoras de eco serviços e 68 de ecoturismo. Para uma rede social que começou há quatro meses, no entanto, o resultado não é negativo. Além disso, os sócios planejam uma divulgação mais intensa para o começo de julho. “Estamos esperando aumentar um pouco mais nosso banco de dados”, diz Mauro.

Além de instituições, pessoas físicas e empresas, o banco de dados tem 3.450 postos de reciclagem, e um escopo de materiais que vai bem além das tradicionais cinco cores de lixeiras. Existem lá empresas que reciclam 33 materiais diferentes, como computadores e hardwares, pneus, óleo vegetal e isopores. Com o adicional de que os resultados da busca das empresas de reciclagem vêm geolocalizados, em um mapa que mostra os mais próximos do endereço do usuário.

Visibilidade para as empresas

Por dar a mesma visibilidade a empresas com preocupação ambiental, a rede social pode ser uma boa oportunidade de tornar a marca de um pequeno negócio conhecida. A empresária Consuello Matroni, 51, uma das sócias da EcoCerto, cadastrou-se na Made in Forest em fevereiro, e diz que já houve gente que entrou em contato com ela por causa de seu perfil na rede. “Mesmo que a pessoa não contrate meu serviço na hora, ela entra em contato com a marca e se lembra dela no futuro”, afirma Consuello. A EcoCerto é de Guarulhos, na Grande São Paulo, e compra embalagens de plástico de uma cooperativa local de catadores, contrata pessoal para higienizá-las e a partir das embalagens fabrica e vende peças para artesanato. “A rede é uma boa forma de divulgar o trabalho de empresas pequenas e novas empresas como a minha, que tem apenas oito meses”, afirma Consuello.

Cada empresa cadastrada tem uma página própria em que pode colocar um texto de apresentação, logo, fotos, vídeos e até cinco documentos. A recomendação dos sócios é que as empresas utilizem esse espaço para, além de apresentar a marca, provar seu envolvimento com o meio ambiente. “Você pode colocar laudos, certificações ou estudos que comprovem a procedência do seu produto”, diz Mauro. Como a Made in Forest não tem como fiscalizar as alegações das empresas que se dizem sustentáveis, cabe a elas provar ao consumidor suas afirmações.

Até porque os usuários poderão ser os fiscais da rede. Há espaço para comentários e discussões, e uma empresa pode ser ovacionada ou desmascarada em público. “Um usuário que chegar a consumir o produto da empresa poderá relativizar ou negar o que o produtor falou”, afirma Mauro.

Outra ferramenta que, se bem usada, pode aumentar a visibilidade da empresa é a Eco Agenda ao vivo. Com ela, localizada na home page da rede, é possível transmitir em vídeo o lançamento de um produto, cursos, aulas, apresentações e debates.

A renda do empreendimento virá da publicidade. Mauro não divulgou quanto foi investido para começar o negócio nem quanto esperam lucrar, mas deu uma indicação. “Temos oito funcionários para cuidar da gestão e manutenção do portal, e para avaliar as instituições que querem se cadastrar na rede, então dá pra dizer que o investimento não é pequeno”, diz ele. Até agora, o investimento tem deixado os sócios otimistas, como afirma Mauro: “Essa preocupação ambiental que estamos vendo por aí é apenas o começo de um processo muito maior, e o Brasil pode liderar isso”.

Fonte: PE&GN

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