quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Digital ou analógico? Estudo da Biblioteca do Congresso americano aponta dificuldades de armazenar arquivos de áudio
Gravações digitais de eventos da história dos EUA e shows de rádio antigos estão em risco de se deteriorarem mais rápido que as anteriores feitas em fitas, de acordo com um novo estudo publicado nesta quarta-feira. Mesmo em casos de história muito recente - como gravações dos ataques de 11 de setembro de 2001 e da eleição presidencial de 2008 - correm perigo, pois arquivos digitais podem ser corrompidos e os CD-R, amplamente utilizados, duram apenas de três a cinco anos antes dos arquivos começarem a desaparecer, diz o co-autor do estudo Sam Brylawski.
- Estamos assumindo que se está na internet, estará lá para sempre. Esse é um dos nossos maiores desafios afirma ele. (Leia também: Bibliotecas lançam aplicativos para se conectar com 'geração iPod' )
O primeiro grande estudo sobre a preservação de arquivos sonoros nos EUA foi lançado pela Biblioteca do Congresso descobriu que muitos já foram perdidos ou não podem ser acessados pelo público, entre eles a maioria dos programas de rádio entre 1925 e 1935.
Show de astros como Duke Ellington e Bing Crosby, assim como as primeiras transmissões esportivas, estão inacessíveis. Isso porque houve pouco apoio financeiro para empresas como a CBS para armazenar esses arquivos, diz Brylawski.
Arquivos digitais são uma benção e uma maldição. Os sons podem facilmente ser gravados e transferidos e exigem cada vez menos espaço. Mas o problema, afirma Brylawski, é que eles exigem constante atualizações e back-ups feitos por especialistas em áudio, por conta das mudanças tecnológicas. Isso significa um trabalho de preservação ativa, não apenas deixar os arquivos e uma prateleira.
O estudo, do qual também participou o pesquisador Rob Bamberger, foi encomendado pelo Congresso em 2000. Os velhos formatos analógicos são mais estáveis e podem durar 150 anos a mais que as atuais gravações digitais, alertam os pesquisadores. No entanto, a rápida mudança na forma de reproduzir as gravações pode torná-los obsoletos. Por isso, gravações feitas por antigas sociedades e arquivos familiares também estão a perigo.
- Essas fitas cassete são bombas-relógio. Simplesmente não conseguiremos tocá-las - alerta Brylawski.
Existem poucos programas de treinamento de arquivistas de áudio e nenhuma universidade americana oferece curso superior de preservação de áudio, apesar de várias terem cursos relacionados.
Uma miscelânea de leis antipirataria do século XX também manteve a maioria dos arquivos sonoros fora do domínio público. O estudo aponta que apenas 14% dos lançamentos comerciais estão disponíveis através dos donos dos direitos. Isso limita a preservação, afirma Brylawski. Para ele é preciso haver mudanças na legislação, pois da forma como ela está hoje, a maioria das iniciativas de preservação de áudios são ilegais.
Fonte: O Globo
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