quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cinco etapas para realizar uma boa pesquisa escolar (3)

3. Ensinar a interpretar


A etapa mais importante da pesquisa escolar é, sem dúvida, a interpretação de tudo o que foi lido, visto e experimentado durante o processo. "Com a ajuda do professor, os alunos vão conhecer modelos mais claros de leitura para estudar, aprender a tomar notas, fazer resumos e analisar imagens e procedimentos de observação e experimentação", ressalta Jorge Santos Martins, autor de livros sobre pesquisa. As situações de interpretação são de três tipos: individuais, em pequenos grupos e com toda a sala. Com qual delas começar é um critério didático que deve ser planejado com cuidado. O aluno pode ter um primeiro contato com o material sozinho, utilizando os conhecimentos que tem até o momento. Depois, coletivamente, é possível introduzir as discussões pedindo que todos indiquem pontos que contribuem para o propósito da pesquisa. Após a discussão, ajude-os a encontrar uma linha interpretativa ajustada aos propósitos do trabalho (leia o exemplo de pesquisa em Matemática no quadro abaixo).

Cada material demanda um trabalho de análise diferenciado. Em relação à leitura de imagens, proponha comparações entre elas, identifique os autores, trabalhe a intenção comunicativa deles e contextualize o momento de produção. Durante experimentos científicos, indique formas de testar hipóteses. Nas saídas de campo, é preciso orientar o olhar das crianças e levar materiais de apoio para explicar o que está sendo visto.

A interpretação de textos, por sua vez, é a atividade mais recorrente numa pesquisa. Em contato com o texto, os alunos aprendem determinado conteúdo enquanto relacionam o que está sendo lido àquilo que já sabem. Por isso, fique atento e avalie constantemente se eles possuem informações prévias que permitam compreender o sentido dos escritos e como lidam com as contradições entre o que já sabem e os novos dados. A atividade inclui revisar conhecimentos anteriores, reorganizá-los sob nova perspectiva, estabelecer diferentes relações, propor-se perguntas e buscar respostas. Um desafio e tanto. Para ajudá-los, faça leituras coletivas e vá acrescentando informações, destaque marcadores linguísticos de argumentação ou oposição, faça perguntas e proponha anotações.

Da Educação Infantil ao 2º ano

Para as turmas que ainda estão se alfabetizando, as situações coletivas de leitura e interpretação são essenciais. Nessa hora, você se apresenta como um modelo leitor desses novos gêneros. Aproveite esses momentos para mostrar a necessidade de fazer inferências para construir sentidos e peça que os alunos tomem notas, escrevendo da maneira que sabem.

Do 3º ao 5º ano

Nessa fase, é essencial ensinar a turma a fazer anotações e produzir resumos e tabelas que ajudem na compreensão do material que foi analisado. Essas atividades facilitam a organização lógica do pensamento das crianças.

Do 6º ao 9º ano

Os alunos devem ser convidados a interpretar textos, imagens e dados de forma autônoma cada vez com mais frequência. Acompanhe sempre. Ao observar problemas na compreensão do que está sendo estudado, retome o material utilizado e ajuste as interpretações.

Comparações revelam o valor do salário
Professora Hossana Santos Dantas
EM São Judas Tadeu, Irará, BA
Disciplina: Matemática
8ª série

- Pergunta "O valor do salário mínimo acompanha o preço da cesta básica?" A questão foi formulada por estudantes durante discussões sobre o custo de vida.

- Busca Os alunos pesquisaram o valor dos itens da cesta básica em um supermercado da capital e em outro do interior e os dados sobre salários e impostos em órgãos oficiais.

- Interpretação Numa primeira análise, os alunos concluíram que não havia uma relação entre os dois valores e que isso não era suficiente para saber se o custo de vida de Irará, onde vivem, é menor que o de Salvador. Num segunda etapa, cruzaram dados sobre o valor de tarifas e impostos pagos nos dois locais e constataram que os moradores de Irará gastam menos, mas têm uma média salarial mais baixa.

- Escrita Os alunos construíram planilhas e criaram bancos de dados.

- Socialização Uma tabela com valores de itens básicos foi produzida para auxiliar os jovens a administrar seu salário.

Fonte: Nova Escola

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