terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Google cria ferramenta para visitação virtual de museus em 360 graus


O Globo, com agências internacionais

A Google lançou nesta terça-feira uma ferramenta on-line que permite a visitação virtual de 17 importantes museus em todo o mundo e a visualização de suas mais de mil obras de arte. Por meio da tecnologia Street View e de um veículo exclusivamente desenvolvido para o projeto, o Google Art Project fotografou em 360 graus o interior de lugares como o MoMA, de Nova York, o Museu Van Gogh, em Amsterdã, a Tate Britain e a National Gallery, de Londres. O resultado é que pode-se andar pelas galerias assim como se passeia pelas ruas com o Google Street View, pelo qual também é possível acessar o Google Art Project.

"O projeto começou quando um grupo (de funcionários da Google) apaixonado por arte se juntou para pensar quando poderíamos usar nossa tecnologia para ajudar museus a tornar sua arte mais acessível" afirmou Amit Sood, chefe da nova ferramenta.

Além disso, cada um dos 17 museus escolheu uma única obra de arte de seu acervo para ser fotografado com câmeras de altíssima resolução, ou "gigapixel" (veja a lista completa no fim desta matéria). As imagens contém cerca de 7 bilhões de pixels, o que significa, segundo a Google, que é mais de mil vezes mais detalhada do que uma foto comum de câmera digital. Por meio da tecnologia do Picasa, serviço de fotos da empresa, um zoom especial permite que se esmiuce esses quadros em microdetalhes.

Todas as obras de arte listadas no Google Art vêm acompanhadas de informações como títulos originais, os anos em que foram criadas, suas dimensões e a quais coleções já pertenceram. Os usuários também podem criar suas próprias coleções e compartilhá-las pela web.

Embora a maioria das grandes galerias há anos venha promovendo a divulgação on-line de seus acervos, especialistas disseram na cerimônia de lançamento realizada nesta terça-feira na Tate Britain que o site da Google buscaria levar a experiência da arte on-line a um novo patamar.

- O serviço pode mudar o jogo - disse Julian Raby, da Freer Gallery of Art, parte da Smithsonian Institution, em Washington, uma das 17 galerias participantes.

Amit Sood, chefe do projeto, disse que o objetivo é acrescentar mais museus e obras de arte à ferramenta. Mas, segundo o jornal britânico "The Telegraph", a Google enfrenta dificuldades para expandir a funcionalidade. Certos museus seriam contrários à ideia de ter um carrinho circulando e fotografando tudo entre seus corredores e disponibilizando as imagens on-line. O jornal cita o Prado de Madri e os museus do Vaticano, em Roma. A publicação listou outros problemas do serviço :

"É um problema filosófico denso, mas meu instinto me diz que eu preferiria visitar a National Gallery e ver 'Os Embaixadores' de Holbein com meus próprios olhos a examiná-lo por meio do prisma de "super-alta resolução" da Google. Sempre. O Google Art Project é uma fonte maravilhosa, mas não substitui a experiência de olhar de verdade para uma obra de arte."

Mesmo admitindo que um site não substitui os museus de verdade, a Google está confiante nos horizontes abertos pela ferramenta. O brasileiro Nelson Mattos, vice-presidente de engenharia da gigante de buscas, disse que o site do Art Project permitiria que crianças de América Latina, Índia e África, com pouca chance de ver os originais, tivessem experiência próxima à real por meio da internet.

- Isso na verdade representa um grande passo adiante na maneira pela qual as pessoas vão interagir com esses belos tesouros da arte de todo o mundo - disse, acrescentando que o Google planejava expandir o site ao longo dos anos. - Obviamente não acreditamos que essa tecnologia levará as pessoas a não virem a museus Esperamos que o oposto venha a ocorrer.

Julian Raby, da Freer Gallery of Art, acredita que o Google Art Project venha a oferecer uma nova experiência de fruição da arte on-line:

- Os museus até o momento eram obcecados com informação, e o que o Google Art Project permite é a criação de uma experiência emocional. Não vejo a ideia como alternativa a visitar um museu, e sim como estímulo para que as pessoas venham e vejam as obras ao vivo.

Segue a lista completa das obras capturadas em ultra-alta resolução:

- Alte Nationalgalerie, Berlim - "No conservatório" / Edouard Manet

- Freer Gallery of Art, Smithsonian, Washington DC - "A princesa da terra da porcelana" / James Whistler

- The Frick Collection, Nova York - "São Francisco no deserto" / Giovanni Bellini

- Gemaldegalerie, Berlim - "Retrato do O mercador Georg Gisze" / Hans Holbein the Younger

- Museu Kampa, Praga - "A Catedral" / Frantisek Kupka

- The Metropolitan Museum of Art, Nova York - "A colheita" / Pieter Bruegel, o Velho

- MoMA, Museu de Arte Moderna, Nova York - "A noite estrelada" / Vincent van Gogh

- Museo Reina Sofia, Madrid - "A garrafa de anis do mono" / Juan Gris

- Museo Thyssen - Bornemisza, Madrid - "Jovem cavaleiro numa paisagem" / Vittore Capaccio

- Galeria Nacional, Londres - "Os embaixadores" / Hans Holbein, o jovem

- Palácio of Versailles, France - "Marie-Antoinette de Lorraine-Habsbourg, rainah da França e seus filhos" / Louise Elisabeth Vigee-Lebrun

- Rijksmuseum, Amsterdam - "Vigília noturna" / Rembrandt

- Museu Hermitage, São Petersburgo - "Retorno do filgo pródigo" / Rembrandt

- Galeria Tretyakov, Moscou - "A Aparição de Cristo diante do Povo" / Aleksander Ivanov

- Tate Britain, Londres - "Nenhuma mulher, nenhum grito" / Chris Ofili

- Galeria Uffizi, Florença - "O nascimento de Vênus" / Sandro Botticelli

- Museu Van Gogh, Amsterdã - "O quarto" / Vincent van Gogh

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