quarta-feira, 9 de março de 2011

USP investe R$ 40 milhões na Biblioteca Mindlin


José Mindlin, em 2006, com uma de suas raridades: o original de "Grande Sertão Veredas" (Foto: Vidal Cavalcante/AE)

Faltam 262 dias para a conclusão das obras da Brasiliana USP, complexo de 20 mil m² no campus Butantã da Universidade de São Paulo, na zona oeste de São Paulo, que abrigará um dos acervos brasilianos mais relevantes do mundo: os 40 mil volumes da biblioteca do empresário e bibliófilo José Mindlin, doados à USP em 2006.

O coordenador do projeto, o historiador Pedro Puntoni, garante que a Brasiliana USP será inagurada no dia 25 de janeiro de 2012, quando a USP completará 78 anos. Mas para que o complexo seja aberto ao público no final de 2012, Putoni está aguardando ansiosamente a resposta positiva de um grande e importante pratocinador que, de acordo com ele, “garantirá um salto de qualidade nas instalações de todo o complexo”.

Mas projetos paralelos à construção do complexo não faltam. Enquanto a obra está sendo tocada a todo vapor, Puntoni também se dedica à Brasiliana Digital, que pretende digitalizar todo o acervo de Mindlin. Desde janeiro do ano passado, quando foi lançada, é possível baixar os fac-símiles em alta-resolução das obras. Hoje, mais de 1600 livros e documentos já estão disponíveis na internet.

Nesta entrevista ao Poder Online, Pedro Puntoni dá os detalhes da obra que no futuro poderá abrigar quase 400 mil volumes; do projeto de digitalização do acervo de José Mindlin, que desde que foi lançado teve mais de 1 milhão de acessos; e fala também do novo foco da Brasiliana: a exportação de sua tecnologia de digitalização para o todo o Brasil.

Depois do atraso nas obras, a previsão era que a Brasiliana USP seria entregue no primeiro semestre de 2012. Este cronograma está mantido?

Faltam 262 dias para a conclusão das obras. O reitor, João Grandino Rodas, deu apoio total ao projeto e decidiu liberar todos os recursos para concluir toda a obra civil. A USP entrou com grande quantidade de recursos em um único edital. Foram quase R$ 40 milhões. Assinamos o contrato em dezembro e retomamos as obras a todo vapor. Agora estamos batendo na cabeça da construtora para que eles cumpram o contrato. O prédio da Biblioteca Mindlin vai ficar pronto até o final deste ano e queremos inaugurar no dia 25 de janeiro de 2012, quando a USP completa 78 anos. Já passamos por muitos apertos para chegar aonde chegamos. E agora também estamos preparando um segundo edital, voltado para a conclusão das obras e para as instalações.

E de onde virão os recursos para o segundo edital? Da iniciativa privada?

O principal patrocinador do projeto é a Petrobras, mas a Telefonica, a Votorantim e o Santander, por exemplo, também nos apoiam por meio da Lei Rouanet. Todos eles vieram para a obra. Neste exato momento, estamos aguardando, muito ansiosamente, a resposta positiva para um projeto que apresentamos há um ano a um grande patrocinador. Montamos um super projeto, que contempla, entre outras coisas, o mobiliário para acolher a coleção, os equipamentos de automação, toda a parte técnica, além de iPads. Queremos disponibilizar todo o acervo do doutor José em iPads. Para que, além de evitar o manuseio dos livros, o público também tenha acesso àquilo que não está em domínio público e que, portanto, não pode ser disponibilizado na Brasiliana Digital. O Ministério da Cultura tem apoiado diretamente a digitalização também. Temos um projeto em comum com eles, que é o Acervo Digital de Revistas Culturais Brasileiras. Nós digitalizamos e colocamos esse acervo online.

A mudança de governo interferiu no projeto?

Por enquanto, não sabemos se vai interferir. Continuamos trabalhando, temos um convênio com o MinC. Ainda não consegui falar com a ministra Ana de Hollanda, mas já pedi uma audiência com ela.

E como está o processo de digitalização das obras do acervo do Mindlin?

Em outubro lançamos a versão 2.0 da Brasiliana Digital. Temos cerca de 3.500 documentos digitalizados. Mas, por enquanto, só 1.651 deles estão disponíveis na internet. Um dos grandes gargalos da biblioteca digital é a catalogação. Hoje só temos uma bibliotecária e dois estagiários que a ajudam. Mas já existe o projeto de expansão. Estamos num ritmo de quatro livros digitalizados por dia, mas espero aumentar essa velocidade com a compra de mais cinco robôs ao longo do ano (hoje só temos um). E agora tenho feito todas as possíveis gestões para ampliar a equipe e consolidá-la. E isso também porque começamos a atender outras bibliotecas da USP, não só a Mindlin.

Como essas parcerias acontecem?

Elas estão relacionadas a um compromisso que firmamos lá trás, que é o da democratização de nossa experiência. Desde que chegamos a essa solução robusta e usando software livre, algumas instituições têm nos procurado para implantar o nosso sistema. A Brasiliana USP começou a exportar sua tecnologia para bibliotecas de todo o Brasil. A primeira instalação da nossa plataforma fora daqui foi na Universidade Federal de Pernambuco. E agora estamos batendo a cabeça para fazer a instalação para os colegas da Biblioteca Nacional. Eles querem um piloto para começar a testar o sistema. Estamos focados nessa difusão da nossa solução.

Vocês estão seguindo alguma ordem para a digitalização dos livros?

Estamos seguindo alguns temas. Agora estamos nos preparando para fazer a digitalização do acervo de toda a obra do Frei Mariano Veloso porque decidimos que neste ano o tema da terceira edição do Seminário Mindlin, que acontecerá em setembro, será os 200 anos da morte do Frei Mariano Veloso, um mineiro, que no final do século XVIII saiu do Brasil e foi para Portugal trabalhar como editor, tradutor e autor. Além do seminário, estamos preparando um projeto, em parceria com a Pinaconteca, para uma exposição.

Fonte: Poder Online

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