Ato público nesta terça-feira (14)promove o repatriamento de arquivo da ditadura reunido em trabalho sigiloso
Multidão faz protesto contra a ditadura militar em praça pública: repressão documentou os próprios atos de desrespeito aos direitos humanos, o que deu origem ao ‘Brasil Nunca Mais’ Cristina Camargo
Agência BOM DIA
Também chamado de “WikiLeaks dos anos de chumbo”, o projeto Brasil: Nunca Mais ainda causa espanto.
Em plena ditadura militar, um grupo de religiosos e advogados coordenados pelo arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns e pelo reverendo Jaime Wright reuniu clandestinamente um rico acervo sobre o período da repressão no Brasil.
Realizado de 1979 a 1985, o projeto tinha a intenção de evitar o desaparecimento de documentos durante o processo de redemocratização, que então estava no início.
Os advogados requisitavam os processos e faziam cópias secretas. De Brasília, o material seguia para São Paulo e era organizado por voluntários.
O trabalho sigiloso teve como resultado cópias de mais de um milhão de documentos do Superior Tribunal Militar. Microfilmadas, as cópias foram enviadas para o exterior para ficarem protegidas e escaparem da possível apreensão.
Organizados e editados, os documentos deram origem ao livro que leva o mesmo nome do projeto de pesquisa.
Numa época em que os ares são outros, a atitude corajosa dos religiosos e advogados é o centro nesta terça-feira (14) de um evento histórico, o “Ato Público de Repatriação do Acervo do Brasil Nunca Mais”.
O ato será realizado pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo, Ministério Público Federal e Armazém Memória, em São Paulo.
Durante o evento, será anunciada uma novidade que facilitará o trabalho dos pesquisadores: o início do projeto Brasil Nunca Mais Digital.
De acordo com o Arquivo Público, serão digitalizadas e colocadas na internet cópias em microfilme de 707 processos judiciais do Superior Tribunal Militar. Também serão digitalizados cerca de 4 mil documentos do CMI (Conselho Mundial de Igrejas) sobre o tema.
Provas / O Arquivo Público fará a digitalização de um milhão de páginas dos processos, registrados entre 1961 e 1976. Estão lá dados oficiais e informações sobre violações dos direitos humanos praticadas - e documentadas - por agentes do Estado durante a ditadura.
O acervo do CMI reúne principalmente correspondências trocadas entre os responsáveis pelo projeto sigiloso.
Durante o ato, o Conselho Mundial de Igrejas e o Center for Research Libraries, dos EUA, vão entregar cópias do acervo mantido no exterior ao procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel.
O ato público também fará uma homenagem a pessoas que se dedicaram ao projeto, o que foi bastante arriscado na época. Os homenageados são Dom Paulo Evaristo Arns, o reverendo Jaime Wright (in memoriam), o ex-ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) e a advogada Eny Raimundo Moreira.
Projeto mostrou a violência da repressão
Lançado em julho de 1985, o Brasil: Nunca Mais revelou oficialmente a prática de tortura nos porões da ditadura militar. O plano começou quando a Lei da Anistia foi promulgada
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anos é o período que durou a coleta de dados. Os documentos foram organizados em outros três anos
Cópias foram feitas pela defesa dos perseguidos
A anistia deu aos presos políticos e exilados instrumento para a retomada de seus direitos. Por isso, foi preciso consultar os arquivos militares e surgiu o projeto
Operação teve apoio sigiloso
Os religiosos engajados na defesa dos direitos humanos angariaram recursos para o Brasil: Nunca Mais e reuniram profissionais que organizaram o acervo
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