terça-feira, 30 de agosto de 2011

Biblioteca ou Internet?



Para estudantes dos anos 1950, as bibliotecas pareciam cidadelas do saber. O conhecimento vinha embalado entre capas duras, e uma grande biblioteca parecia contê-lo integralmente. Subir os degraus da Biblioteca Pública de Nova York, cruzar os leões de pedra que vigiam sua entrada e adentrar a monumental sala de leitura do terceiro andar era penetrar num mundo que incluía tudo que se podia conhecer. O conhecimento vinha organizado em categorias-padrão, que podiam ser vasculhadas em catálogos de fichas e nas páginas dos livros. Em quase todas as universidades, a biblioteca ficava no centro do campus. Era o prédio mais importante, um templo delimitado por colunas clássicas, onde a leitura era feita em silêncio: nada de barulho, nada de comida, nenhuma perturbação, no máximo um olhar furtivo para uma paquera em potencial curvada sobre um livro em contemplação sileciosa.


Hoje os estudantes ainda respeitam suas bibliotecas, mas as salas de leitura estão quase vazias em alguns campi. Para voltar a atrair os alunos, alguns bibliotecários lhes oferecem poltronas para relaxar e conversar, até mesmo bebidas e lanches, sem se importar com os farelos. Estudantes modernos ou pós-modernos fazem a maior parte de suas pesquisas nos computadores de seus quartos. Para eles o conhecimento está on-line, não em bibliotecas. Sabem que as bibliotecas nunca poderão conter tudo entre suas paredes, porque a informação é infinita e se estende por todos os cantos da internet, e para encontrá-la é preciso usar um mecanismo de busca, não um catálogo de fichas. Mas isso também pode ser uma ilusão grandiosa - ou, encarando de modo positivo, é possível dizer algo de bom sobre ambas as visões: a biblioteca como uma cidadela e a internet como espaço aberto.




Trecho do livro 'A questão dos livros: passado, presente e futuro', de Robert Darnton (diretor da biblioteca de Harvard)


Imagem: Entrada da Biblioteca Pública de Nova York

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