quarta-feira, 5 de outubro de 2011

INPA digitaliza coleções para seu Banco de Dados Para Biodiversidade

Foi criada uma disciplina da Computação para o estudo da aplicação da tecnologia de informação para organizar e analisar dados biológicos




Mario Cohn-Haft, do INPA (Foto: Divulgação)



No Globo Ecologia de sábado 01/10, sobre Coleções da Floresta Amazônica, o repórter Tiago de Barros foi até Manaus, para entender o que são coleções biológicas e como elas estão organizadas no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Lá, ele descobriu, entre outras coisas mostradas no programa, que existe um processo de digitalização de todas as informações coletadas por pesquisadores que vem passando pela região ao longo dos tempos e que esse material está todo sendo reunido em um Banco de Dados Para Biodiversidade.
“A natureza dos dados impõe complexidade na gerência de dados. Não se usa mais um sistema convencional, uma tabela. A Bioinformática trata um tipo de dado que não é o mesmo da biodiversidade. Por isso, no curso de Computação, foi criada a disciplina Informática para a Biodiversidade. É um olhar bem técnico sobre o desenvolvimento de sistemas para a biologia”, explica Laurindo Campos, pesquisador na área de Banco de Dados Aplicado à Biodiversidade do INPA.
A Informática para Biodiversidade consiste na aplicação da tecnologia de informação para organizar e analisar dados biológicos de organismos, populações e comunidades, vindos de coleções científicas. Além de aspectos relacionados ao desenvolvimento de software para a análise e síntese de dados, avanços significativos estão ocorrendo na definição de padrões e protocolos para integração de dados distribuídos, fundamentais para a construção da infraestrutura global de informação sobre biodiversidade.
“As pessoas estão tentando incentivar iniciativas para interligar bancos de dados do Brasil e do mundo. Há iniciativas globais, governamentais e institucionais. Imagine um site na internet que lhe permite descobrir o que se sabe sobre uma determinada espécie no Brasil?  A ideia é facilitar para o pesquisador que queira acessar as informações a distância ou para quem queira comparar pesquisas novas e antigas sobre a mesma espécie”, diz Mario Cohn-Haft, pesquisador e curador da coleção de aves do INPA.
Hoje, o INPA tem mais de 40 coleções online e quase 1 milhão de registros. Também há uma infinidade de dados em diferentes disciplinas. Mas o caminho é longo. De acordo com Laurindo, há entre 5 e 10 milhões de registros a serem digitalizados. O maior desafio é cruzar anotações antigas, muitas vezes defasadas ou incompletas e normalmente registradas em cadernetas e livros, com as pesquisas novas.
“Começamos com o projeto de pesquisa de biodiversidade, passando os dados das cadernetas para sistemas automáticos, com a ajuda de um tecnólogo. A ideia principal é que esses dados sobrevivam ao tempo. O pesquisador que coletou hoje não estará mais presente pra explicar os detalhes, então, temos que gerar metadados, que são a expressão da informação. Assim, as próximas gerações de pesquisadores terão em mãos o mesmo conhecimento de quem coletou no passado”, diz Laurindo.
O INPA tem aproximadamente 40 pessoas envolvidas nesse processo todo, entre pesquisadores, técnicos de informática e tecnólogos. Essas pessoas trabalham com a integração dos dados, a curadoria dos mesmos e sua padronização. “É uma necessidade que vários grupos sentiram. O INPA saiu na frente e estamos começando a ter condição de compartilhar”, comenta Laurindo.
O Programa de Coleções e Acervos Científicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia tem sua Política de Acesso a Dados e Informações, que baseia-se nos seguintes princípios:
- Respeito à legislação brasileira pertinente, em especial a que dispõe sobre a
salvaguarda de dados e informações, e a que dispõe sobre a política nacional
de arquivos públicos e privados;
- Cooperação e sinergismo como elementos importantes na promoção do conhecimento científico; 
- Incremento do conhecimento científico como meio de ampla disseminação dos dados sobre a biodiversidade;
- A valorização dos dados como recurso institucional aumenta com o seu uso amplo e adequado, e diminui com o mau uso, má interpretação ou com desnecessárias restrições ao seu acesso;
- O acesso aos dados ainda não divulgados através de matéria impressa, comunicação oral ou meio eletrônico e outros que estejam sujeitos a algum tipo de proteção ao conhecimento, ficam restritos.

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