quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Menos de 10% das línguas do mundo estão na Web

Existem cerca de 6 mil línguas em todo o planeta. No entanto, menos de 500 estão ativas digitalmente

Diogo Lopes de Oliveira - Da Secretaria de Comunicação da UnB


Segundo Daniel Pimienta, diretor da Fundación Redes y Desarrollo (Funredes), é preciso medir a diversidade linguística no mundo digital. Nascido em Marrocos e matemático de formação pela Universidade de Nice, na França, Pimienta crê que a importância desses estudos é fornecer indicadores e resultados para a elaboração de políticas públicas eficientes. “Em 1993, no início da internet, costumávamos ouvir que alia não existiam barreiras. Hoje sabemos que a internet tem as línguas como fronteiras. Há cerca de seis mil línguas distribuídas nos quase 200 países no mundo”, esclareceu.

Para ele, o futuro de uma língua pode estar diretamente relacionado com o ciberespaço e esse potencial tem implicações econômicas e culturais. “Estima-se que existiram cerca de 40 mil línguas no mundo e, em média, uma a cada dois meses, desaparece”, explicou. Por outro lado, o inglês, a língua predominante na internet, vem diminuindo sua presença. Se nos anos 90 o idioma anglo-saxão respondia por 80% do conteúdo da internet, hoje, ele não passa dos 50%. As línguas ocidentais como italiano, português e espanhol estão ganhando terreno, segundo Pimienta.

O professor de Multilinguismo no Ciberpaço, do Instito de Letras da UnB, Cláudio Menezes, compreende que o ganho de espaço das línguas ocidentais deve-se à expansão da internet. “O que no início era uma interface de programadores predominantemente de língua inglesa hoje é uma ferramenta com usuários no mundo inteiro”, explica Menezes.

AVALIAÇÕES – O crescimento da internet, segundo o pesquisador marroquino, sempre foi exponencial e o momento em que vivemos é inovador e de transformação. Há cinco anos, de acordo com dados expostos por Pimienta, havia 170 bilhões de páginas eletrônicas. Ele acredita que se uma página eletrônica não aparece num motor de busca como o Google, ela não será vista. “Por isso, é importante que cada país ou região tenha seus próprios buscadores, como faz a China e Rússia”, esclareceu o pesquisador.

Sobre as dificuldades de analisar o multilinguismo no ciberespaço, Pimienta entende que o interesse pelo assunto cresceu nos últimos tempos, mas o universo aumentou tanto que diminuiu a capacidade de abranger todos os conteúdos. “O assunto é tão complexo e holístico que os atuais indicadores estão na idade da pedra”, explicou o pesquisador. Para ele, as formas de analisar a relação entre línguas e a web deve considerar novos aspectos. “Não é suficiente contar o número de páginas. O importante não é saber quantas páginas existem em português, mas sim quantas pessoas visitam”, defendeu.

BRASIL – Segundo o Comitê Gestor da Internet (CGI), no Brasil, existem 190 línguas. Destas, 97 são vulneráveis, 17 estão em perigo de extinção e 12 não existem mais. Em áreas urbanas, o comitê calcula que 45% acessaram a internet ao menos uma vez nos últimos três meses. Somente 27% dos domicílios brasileiros têm acesso à página mundial de computadores. “O Brasil precisa urgentemente de um plano para aumentar o número de famílias com acesso à internet”, afirmou Juliano Cappi, do CGI, que expôs os dados. Em relação aos domínios do governo brasileiro “.gov”, 97% do conteúdo está redigido em português.

As palestras de Pimienta e Cappi fizeram parte do “II Simpósio Internacional sobre Multilinguismo no Ciberespaço”, promovido pelo o curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação (LEAUnB) junto ao Instituto de Letras da UnB.

O evento é gratuito e aberto ao público. O seminário termina amanhã, no auditório da Faculdade de Tecnologia da UnB.

Para mais informações sobre o Seminário, clique aqui

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