Benção ou Maldição?

Como tantos outros, submeti-me obedientemente, permitindo que a conectividade digital reformulasse minha vida sem questionar se aquele era mesmo o tipo de vida que eu queria. Quanto mais conectado, mais ocupado eu me tornava, cuidando de todas as pessoas, informações e tarefas que os aparelhos trazem ao nosso alcance. E isso tinha dois efeitos negativos diferentes. Primeiro, como os intervalos entre minhas tarefas digitais desapareceram, o mesmo aconteceu com as oportunidades de profundidade. A vida diante da tela se tornou mais corrida e superficial, um engarrafamento de trânsito mental contínuo. Segundo, por passar tanto tempo na esfera digital, fiquei menos capaz de desfrutar da minha própria companhia, além dos lugares e das pessoas à minha volta.

Trecho do livro "O BlackBerry de Hamlet", de William Powers.
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