Precisamos de um novo capítulo na vida de nossas tão vitais bibliotecas

Felix Stevens, de 3 anos com a mãe de Filipa, na Barnsley Biblioteca Central.
Foto: Chris Lawton


Dan Jarvis | Yorkshire Post 


Título original: We need a fresh chapter in the life of our vital libraries
Tradução livre


Sou um visitante regular na Biblioteca Central de Barnsley. Na biblioteca existe uma placa que diz: "No momento em que persuadir uma criança, qualquer criança, a cruzar esse limiar em uma biblioteca, perceberá que suas vidas mudaram para sempre, e para melhor." 


Porque dentro de cada biblioteca encontra-se um reservatório em potencial. As bibliotecas estão no meio de um processo difícil e necessário de mudança, mas elas podem emergir transformadas. 


Em uma época onde o envolvimento do cidadão está  reformulando a nossa democracia, onde a educação é mais vital do que nunca, onde cada vez mais vivemos numa economia do conhecimento, onde o acesso à informação é quase tão importante para sermos capazes de participar plenamente da vida, como acesso o à eletricidade; bibliotecas devem ser mais relevantes do que nunca. Existe algum outro lugar como uma biblioteca? Existe qualquer outro espaço público onde qualquer pessoa, rico, pobre, imigrante, pai, desempregado, escolar, aposentado - qualquer um - pode entrar e sentar, e pensar, e trabalhar, e ler, estar online, sem pagar por este privilégio?


Bibliotecas oferecem um lugar para aprender, para se socializar, se conectar, para acessar as artes e literatura e desfrutar da notícias. Bibliotecas ensinam as crianças que a leitura realmente é divertida e deixa os adultos lerem sozinhos ou acompanhados. As bibliotecas são instrumentos que podem ser usados ​​para inspirar, motivar, inovar e aumentar a aspiração de qualquer pessoa que opta por usá-los. 


As bibliotecas são neutras, seguras, locais de apoio, onde a experiência é controlada em boa medida, pelos próprios usuários e onde os indivíduos, casais e famílias podem buscar o que é importante para eles. Elas são, talvez, o menos intimidativo de todos os espaços públicos, onde as pessoas tendem a sentir-se mais fácil senso de propriedade. Talvez é por isso que as bibliotecas são tão frequentemente vistas como um ativo das comunidades, de forma que outras instituições não são. 


Claro que, as bibliotecas passam por desafios enormes, que não podem ser ignorados. Ao longo dos últimos anos, a crise econômica global tem impactado nas cidades e comunidades em toda a Grã-Bretanha. 


Na realidade existe uma enorme pressão para cortes do governo local: Alguém acredita seriamente que as bibliotecas são seguros em suas mãos? 


E há questões de longo prazo. Quando muitos podem pesquisar na internet a partir do conforto da sua própria casa, e quando você pode baixar um e-book em um Kindle em segundos, a ideia de ir a uma biblioteca e de andar entre as prateleiras realizar empréstimos parece ser uma prática antiquada para alguns. 


Como qualquer instituição, as bibliotecas devem manter a sua finalidade e lugar no século 21,  elas devem progredir e modernizar-se. Mas este não é um mandato para reconstruir todas as bibliotecas a partir do zero, ou para o fechamento irracionais delas. Em vez disso, o que se apresenta são oportunidades visionárias sobre o lugar de uma biblioteca em uma Grã-Bretanha moderna. 


Acredito que no mais escuro dos tempos, precisamos das mais brilhantes ideias. Agora, mais do que nunca é o momento de aproveitar as oportunidades que as bibliotecas oferecem e empregá-los como escadas de mobilidade social e desenvolvimento pessoal. Para realizar esse potencial, as bibliotecas devem evoluir e se desenvolver. Estes são, sem dúvida, tempos difíceis, e com eles vêm decisões difíceis, mas não pode haver desculpa para políticas governamentais que são míopes e destrutivas. 


Eu recomendo um relatório intitulado, Uma Visão para uma biblioteca do século 21. Eu o fiz porque quero que o debate sobre bibliotecas, saber por que as pessoas valorizam o seu serviço de biblioteca local, e como os serviços da biblioteca podem ser desenvolvidos. 


O presidente Obama também disse que "mais do que um edifício que abriga livros e dados, as bibliotecas tem sido sempre uma janela para um mundo maior". Essas bibliotecas aspiraram a  um ideal. São lugares que são um prazer para visitar, que não oferecem apenas informações, mas inspiração e apoio. As maiores têm espaços de performance e de ensaio, salas de reuniões, cafés, galerias. 


Aqui o espaço neutro convidativo das bibliotecas tem um foco mais amplo para toda a comunidade. Não é apenas sobre o tamanho: até mesmo as bibliotecas menores costumam ter funcionários excepcionais, pessoas dedicadas que vêem com o dever de ajudar as pessoas a navegar no que pode ser um estonteante leque de fontes, para facilitar a exploração própria no conhecimento. 


Claro que os custos têm que ser cortados, mas muitas vezes há muito que pode ser feito antes de cortar serviços. Para se ter uma biblioteca, galeria, museu, restaurante, teatro, centro de negócios, tudo dentro de um prédio, pode economizar dinheiro e multiplicar o seu impacto e alcance. 


As bibliotecas podem, como já aconteceu em Sheffield, abrir suas portas para lojas de café, e às vezes aos artistas locais, poetas, músicos e atores, alugando seus espaços. Uma coisa é clara: o Governo deve ajudar as autoridades locais em toda Yorkshire, para encontrar formas criativas e inovadoras para reduzir orçamentos sem cortar serviços. 


Atualmente, 600 bibliotecas em todo o país enfrentam o risco de fechamento. Quando elas fecharam as portas estarão perdidas para sempre. Mesmo com o passar do tempo, e quando toda esta retórica for esquecida, as comunidades estarão ainda sentindo os efeitos dessas políticas míopes. 


No final, a decisão sobre a forma como maximizar as oportunidades que as bibliotecas têm para oferecer é também ideológico. A faixa demográfica que será mais atingida pelo fechamento de bibliotecas sempre serão dos mais pobres. Homens, mulheres e crianças que não podem pagar a mais recente laptop e que lutam para manter suas contas em dia, (se é que eles estão conectados) e muito menos ter banda larga - estas são as pessoas que você encontra usando os computadores da biblioteca, livros e espaços sociais. Eles são os únicos na biblioteca fazendo sua lição de casa, em busca de empregos e se esforçando para melhorar as suas oportunidades na vida. 


Essas oportunidades não devem ser privilégio de uma minoria de autoridades locais, mas um direito de todos, acessível para todos, que o Governo tem o dever de proteger. O seu impacto social é difícil de quantificar,e as bibliotecas têm sido muitas vezes subestimadas, mas o impacto é real e substancial. 


E o Governo deve saber explorar devidamente este ativo, muitas vezes sub-utilizados, integrando a biblioteca mais profundamente em todos os aspectos dos serviços públicos. Infelizmente, eles não estão fazendo isso.