quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Tablet tem Inveja do E-reader




por Alex Godoy | ebookbr

Para aqueles aqui, que como nós, são leitores de livros e não se sabe por qual caminho tortuoso chegaram a colocar as mãos em um aparelho e-reader, vêem com maior clareza o óbvio ululante, o e-reader é infinitamente melhor para ler do que o tablet, é um fato! Você pode usar um tablet para ler, como pode usar um computador, celular e até a televisão, se ela mostrar letras, mas nenhum deles tem conforto e permite concentração elevada para ler textos complexos, mas o e-reader de e-ink, assim como o papel, permite o mesmo ou maior conforto e concentração. Não há o que discutir, é a verdade insofismável, e em realidade, se não fosse pelo aparelho e-reader, apesar da maioria de nós possuir tablets, ainda estaríamos lendo no papel, cortando árvores, gastando combustível e esperando o correio entregar nossos livros, pois é fato, o tablet é uma ferramenta ruim para leitura, você até pode colocar um parafuso com um martelo, mas assim como o tablet, definitivamente, é a ferramenta errada para a tarefa.

A diferença entre tablet e e-reader para ler é tão abismal e óbvia que nem pensamos no assunto, caiu-nos em mãos este aparelhinho com uma tela especial que simula a tinta no papel, bateria que dura mês ou mais e podendo carregar alguns milhares de livros em pouco mais de cem gramas, e o que é ainda melhor, o aparelho é mais barato que qualquer tablet, que não permite a concentração e o conforto para leituras mais complexas ou para a mágica que o livro tem de nos transportar no tempo e espaço. Se tiver qualquer dúvida do quanto o tablet é inapropriado para ler, proponho um teste: pegue um conto do Faulkner, sugiro “Barn Burning”, leia no tablet e depois no e-reader, se preferir faça ao contrário, ficará claríssimo isto que afirmo, pois este é um texto quase impalatável no tablet.

Vocês já devem ter visto dezenas de pessoas que dizem o contrário, e para nós é tão estapafúrdio quanto pensar que a ferramenta correta para trabalhar com microeletrônica é a marreta, tal visão, se honesta, só pode vir da ignorância, ou de quem não lê ou de quem nunca pegou um e-reader para ler. Mas tem os outros, os invejosos que mesmo sabendo a verdade teimam em afirmar o contrário, em teoria não nos faz diferença, temos nossos tablets e e-readers para tarefas distintas, e se quiséssemos ler no tablet, é só aposentar o 
e-reader, mas os aparelhos são tão distintos que nem nos passa pela cabeça tal sandice.

Mas há mais sob esta inveja do tablet para com o e-reader, não só ignorância ou teimosia, mas grandes interesses comercias, tutu, dinheiro, as trinta moedas. É muito chato saber-se incompetente para a tarefa de ler, e não importa o que faça, você ainda figura atrás do outro aparelho que é feito, projetado, produzido e criado especificamente para ler, se a batalha for justa, não se pode vencer, e assim o que os tablets podem fazer? Ora, é simples: mentir; mentir sobre o óbvio ululante, sobre a verdade insofismável do tablet ser uma ferramenta deficiente para ler. Afinal, isto não é normal por aí? Se você tomar aquela cerveja estará cheio de gatinhas do seu lado, quando em realidade estará cercado de um bando de pinguços, feios e barrigudos; e assim o tablet vira uma ferramenta de leitura, como os pinguços viram gatinhas.

O tablet serve para um monte de outra coisa, porque mentir para tirar o lugar de direito do e-reader? De onde vem as trinta moedas? Vou lhes dar uma dica: em 2011 o faturamento das editoras no Brasil foi em torno de R$4.800.000.000,00, mas você vai me dizer, nisto tablet e e-readers indiferem, e é verdade, mas há outro dado, deste total quase R$2.000.000.000,00 é compra do governo! Já entenderam? O que o governo compra em sua maior parte? Livros didáticos, e é aí que e-readers fazem toda a diferença, eles podem tirar as editoras tradicionais e os tablets do jogo com estas trinta ou dois bilhões de moedas.

Calma que eu vou explicar melhor, e para isto vou ter que entrar em conceitos mais amplos: o que é educação? E nem estou falando desta vagabunda oferecida hoje em nossas escolas, estou pensando através da história, e neste contexto, tudo que posso dizer é que educação é herança, da mesma maneira que herdamos genes de nossos pais, herdamos a educação de toda a cultura que recebemos do meio social, todas as artes, ciências e filosofias produzidas pelos homens, deixe um garoto viver com os macacos e ele terá cultura dos macacos contemporâneos dos faraós. Com toda certeza nas antigas polis de Atenas não se estudava eletrônica, não tinha sido inventada, não podia ser herdada, e em sua essência educação formal é isso, inteirar-se da cultura corrente de seu tempo, ou de duzentos anos atrás, como é a nossa. Originalmente a cultura era oral, depois vieram os livros e só muito depois os livros tornaram-se populares, e hoje o livro continua, não mais em papel, mas no e-reader, da mesma maneira que as páginas prensadas e encadernadas substituíram o papiro e os “tablets” cuneiformes. O ebook com o conforto do e-reader é o herdeiro de toda cultura que já está nos livros, que já existe e só precisa ser portada para o novo formato, pois é ela a fonte primária de todas as informações que recebemos no período de estudos escolares.

Já devem ter visto por aí os revolucionários da educação, mas a grande verdade é que educação é herança, não se pode desprezar o passado, e portanto não existe uma nova educação, mas sim a mesma velha, pois são as informações velhas que fazem parte integral da educação. Já faz algum tempo que os computadores invadiram as salas de aula, principalmente e diria quase exclusivamente no ensino privado, observaram mudança? Melhorou a educação? Óbvio que não, computador é apenas uma ferramenta para os velhos conteúdos, educação é isso, mas houve uma grande perversão, os tais livros textos, aqueles que você tem um para cada matéria, tudo que você precisa saber em um único livro, que precisa ser comprado anualmente, pois estranhamente sofrem mudanças cosméticas anuais, uma vez que o que se ensina não mudou no último século, a não ser para pior, no caso da história e geografia ideológicas e imbecilizantes dos últimos tempos. Em sua maior parte, com raras exceções, estes livros textos são escritos por copiadores de informação que não tem a menor idéia de todo o conteúdo que estão escrevendo, e obviamente que alguém que queira realmente entender um assunto com estes livros fica impossibilitado, já que o que está escrito no livro não tem o menor sentido lógico; vou dar-lhes um exemplo, um dentre milhares de possíveis, mas vocês vão lembrar, estudamos química no colégio, lembram dos diagramas de pauling? algum de vocês entendeu o que era aquilo ou decorou a regra e nunca pensou no assunto? A realidade é que dentro do universo dos livros didáticos não há elementos para que você entenda os tais diagramas, os spins e todo o resto, é um pedaço inútil de informação jogado no meio do livro e estripado do seu contexto que é a base da física quântica, foi fora dos livros didáticos que encontrei as respostas às minhas dúvidas, que nem os professores eram capazes de sanar, esta é a realidade tosca do nosso ensino, e exemplos como estes abundam em física e biologia e até matemática, pois quem escreve estes livros não tem domínio dos tópicos sobre o que escreve, e aí vira esta zona Kafkiana. Mas não tenha duvida, tem muita gente ganhando dinheiro com este lixo, as trinta moedas usadas para sabotar a educação consciente. E veja que interessante, grande parte dos outros R$2.800.000.000,00 é destes livros, que sabemos serem obrigados ao orçamento dos pais no início do ano letivo.

Livros, os textos que já foram escritos são a base de toda a educação e eles já estão prontos, é só serem portados para o e-reader, não precisam ser recriados, estão já aí, a maioria em domínio público, gratuito. Se antes o professor tinha que adotar um livro texto capenga para ser a principal fonte dos alunos, hoje, de posse se um e-reader, os alunos podem ter acesso aos textos originais, ou aos melhores, sem custo, podendo escolher pesquisar e instruir-se. Acho que a internet já está velhinha e devia ter provado por A+B que “decoreba”, memorização, não é educação de verdade; educação é fazer pensar, ler, entender e tirar suas próprias conclusões, e para isso o conforto do e-reader é fundamental, não dá para fazer este tipo de leitura em tablet, já vivemos na época da síndrome do déficit de atenção, apesar dos alunos não serem clinicamente diagnosticados com o distúrbio, muitos apresentam o mesmo comportamento, a diferença é que para quem tem TDAH a ritalina, o fármaco usado, tem efeito calmante, quem apresenta “síndrome de déficit de atenção like ” não tem remédio. Esta falta de concentração pode ser agravada com a tela emissora de luz, ler é aprender a concentrar-se, e só o e-reader com e-ink vai permitir este desenvolvimento.

Quem já tentou imiscuir-se em qualquer tentativa séria de ensino, deve ter percebido que nenhum professor ensina independente do aluno, em realidade é o aluno que descobre, o professor é apenas um incentivador, facilitador, e muitos de maneira errônea portam-se como algozes, com a idéia pervertida que seu limitado conhecimento basta como cercado para o aluno; como estão errados, e infelizmente como é comum esta postura, o universo é a verdadeira fronteira do aluno, é estúpido colocar fronteiras artificiais, cabrestos educacionais, a não ser que não se queira educação de verdade. A nossa herança está nos livros, e eles devem ser a fonte dos alunos, por isso o acesso é fundamental. Nunca imaginei que o meio eletrônico pudesse atingir o conforto do papel, mas estamos aqui, diante desta avançadíssima tecnologia de leitura chamada e-ink. Quando saíram os primeiros “mp4”, ainda caríssimos, imaginava um projeto do governo para projetar os aparelhos, fabricar na China, o mais barato possível e vender sem lucro a preços irrisórios para o aluno, e aquele aparelhinho era péssimo para ler, mas antes algo do que nada, tenho o direito de sonhar, não? pois sempre senti que este acesso era o maior gargalo educacional do professor. O e-reader não estava presente nem nos meus sonhos, foi só quando recebi em mãos um aparelho que pude ver sua imensa possibilidade, no primeiro lançamento da Sony fui bastante cético, era caro e a tecnologia e-ink e seus benefícios para a leitura, são tão avançados que sempre pensei serem indiferentes das telas atuais, com o aparelho em mãos vi a gigantesca diferença, a leitura em tela que podia ser uma chance de acesso de segunda qualidade em relação ao caríssimo papel, agora, com o e-ink, é uma alternativa igual ou superior aos livros tradicionais, nem em sonho pensei em algo tão maravilhoso para a educação de verdade, só falta o povo ter acesso, e o que é melhor: e-readers são muito mais baratos que tablets em seus países de origem. Se o preço do livro sempre foi o maior limitante para a educação do brasileiro, hoje com o leitor e-ink, este mata-burro histórico pode ser vencido.

Nos livros está tudo, diversão, educação e aventura, o leitor e-ink comporta tudo, todo o conteúdo que tem sido a base essencial do ensino. Nos primeiros anos de vida a criança pode ter contato com o lado lúdico do livro, pois é assim, através do prazer que as pessoas desenvolvem sua habilidade de ler. Alguns bobalhões não entendem que ler é uma proficiência progressiva, e imaginam o leitor inexperiente já lendo Machado, não existe pensamento mais pernicioso para a educação literária, e é esta miopia ou intenção explícita, que faz os livros serem odiados pelos jovens, quando em realidade são muito mais intensos e saborosos que qualquer filme ou videogame, é quase um condicionamento pavloviano contra o hábito da leitura, associando ler a algo chato e maçante, até penoso e dolorido, não que não seja, ler Machado em idade escolar é como querer escalar o Everest assim que começar a andar, pode-se morrer, e assim é sepultado o prazer de ler. Livros são aventura, e no estado atual de nossa sociedade, são a maior aventura do homem, se um dia escalar uma montanha foi um grande desafio para Hillary e Tenzig, hoje pode-se subir a montanha com um pacote turístico, não há mais aventura real na face da terra, apenas estes jogos de faz de conta, a única verdadeira aventura está hoje nos livros e na jornada ao desconhecido dos homens, é nossa única possibilidade de pisar terreno virgem, como um dia Newton trilhou, e Einstein avançou, nossos grandes aventureiros modernos.

O e-reader permite a liberdade literária e educacional, podendo o professor indicar para o aluno os melhores conteúdos, sem a intransponível barreira financeira, tanto para educação ou diversão, permite que o aluno experimente tudo, e dentro deste universo encontre o que goste, por isso literatura é liberdade e sem ela nada existe. Não nego que tablets e computadores possam ser usados na educação, mas comparados ao e-reader e o amplo material de extrema qualidade e nossa herança que já está em livros, são ferramentas ruins e secundárias, é o livro matéria primária de toda a educação, e o e-reader o veículo perfeito para este conteúdo já existente.

Quando tablets tentam competir com e-readers, usando de mentiras deslavadas, prenhes de inveja gananciosa, por não serem tão capazes na leitura, estamos vendo uma traição à educação, uma traição ao homem em função de umas trinta moedas sujas. É pela prata que se denigre o e-reader, fique atento e consciente, este jogo ainda vai ficar mais vicioso, mas sabemos a verdade, o óbvio ululante, é o e-reader a única ferramenta que permite a literatura em todo o seu potencial.

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