sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Editoras e bibliotecas em pé de guerra! Motivo? Livros digitais!



As perguntas que não querem calar a respeito dos livros digitais disponíveis em bibliotecas são as seguintes:

- Quanto eles deveriam custar?
- Como podem ser emprestados?
- Quem realmente é o "dono" desses livros?
- As bibliotecas ajudam a incentivar as vendas ou só atrapalham?

As editoras ainda estão tentando compreender o fenômeno dos livros digitais, cujas vendas e popularidade só aumentam. Além disso, há o caso da gigante Amazon e do fechamento de várias livrarias, o que deixa muita gente com receio do que vai acontecer no futuro. A nova preocupação das casas editoriais agora é: disponibilizar livros eletrônicos em bibliotecas vai afetar o nosso rendimento?

O jornalista David Vinjamuri, que se especializa em comportamento de marcas e mídias sociais, diz que os livros digitais causam menos "fricção" do que os livros de papel. "Quando as editoras falam em termos de 'fricção', elas querem dizer que quem toma um livro eletrônico emprestado da biblioteca não tem como devolvê-lo atrasado, então o mesmo livro fica disponível instantaneamente ao próximo leitor da fila", ele explica. "Os livros digitais nunca ficam desgastados e ninguém precisa se deslocar para fazer a devolução. Tudo isso é positivo, mas por outro lado as editoras não estão contentes com um aspecto: a distribuição irrestrita de livros vendidos a preço no varejo."

O problema é que muitos executivos acham que os livros digitais vão matar as grandes editoras e acham que a grande popularidade do formato é mais uma ameaça do que uma oportunidade.

O vice-presidente de Marketing e Vendas Acadêmicas e para Bibliotecas da Random House, Skip Dye, é bem direto ao falar da "fricção" no sistema bibliotecário. Em entrevista à revista Forbes, ele disse que a sua empresa não prioriza um formato em particular, mas que quer pensar bem na fixação de preços e negociar o valor correto entre a editora e os leitores que frequentam bibliotecas.

Do outro lado da moeda, as bibliotecas conseguem ver esta como uma questão simples. "Acreditamos que restringir o acesso, aumentar os preços ou limitar o empréstimo são comportamentos que menosprezam o objetivo principal das bibliotecas", afirma Robin Nesbit, da Biblioteca Metropolitana de Ohio.

Ela afirma que a circulação anual dos 500 mil livros digitais disponíveis no seu sistema estadual representa somente 3% do total de títulos que passam pelas mãos das bibliotecas, mas que o número está crescendo em mais de 200% ao ano.

Também em entrevista à revista Forbes, ela explica que os livros digitais representam pelo menos 10% do orçamento do seu sistema estadual e afirma que, calculando o custo total desse formato e o componente tecnológico que possibilita o acesso, disponibilizar esses títulos por meio eletrônico é três vezes mais caro do que ter livros de papel à disposição dos frequentadores das bibliotecas.

Para se ter uma ideia, este ano a Random House abaixou o preço da maioria dos seus livros eletrônicos, mas aumentou o dos best-sellers. Um sucesso de vendas cuja cópia em papel é oferecida para bibliotecas por US$ 15,51 tem seu preço na versão Kindle estabelecido como US$ 9,99 na Amazon. Porém, essa mesma versão digital está sendo vendida para as bibliotecas por US$ 85,00.

Já a HarperCollins tentou uma abordagem diferente: a editora vende livros eletrônicos para as bibliotecas pelo mesmo preço colocado à disposição dos consumidores, mas limita a distribuição por meios digitais a 26 empréstimos antes de exigir que a biblioteca compre uma cópia nova.

"Geralmente emprestamos o livro em papel umas 40 ou 50 vezes antes de precisar comprar uma cópia nova, mas pelo menos esse tipo de negociação já é um começo", afirma a bibliotecária de Ohio.

As outras grandes editoras nos EUA ainda não decidiram o seu plano de ação, mas a maior preocupação é que o empréstimo de best-sellers representa 80% da movimentação nas bibliotecas. O medo é que, quando essas outras editoras finalmente se pronunciarem, elas ofereçam condições piores do que os dois exemplos mencionados aqui.

O jornalista David Vinjamuri tenta chegar ao fundo da questão: "O debate entre bibliotecas e editoras chegou a um impasse porque o paradigma das negociações não vai bem das pernas".

Conforme ele afirma, estão tratando o livro digital como o livro de papel, em vez de encará-lo como um programa de computador, um tipo de software. "É por isso que as editoras criam esquemas difíceis e complicados para reproduzir a ideia de que um livro é algo físico e que só pode pertencer a um dono."

Fontes:
Publishing Perspectives
Forbes Magazine

via Ebook Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário