sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Astronomia: Um pouco de História…


Você já parou para pensar em como as fotos de astronomia que são divulgadas quase todos os dias foram obtidas? As mais modernas, da era digital como as do Hubble até que dá para imaginar, mas e aquelas antigas, das sondas Voyager por exemplo? E aquelas mais antigas ainda, das missões que precederam as missões Apolo? Eu já fiz esse exercício, mas descobri essa semana que nem cheguei perto daquilo que foi realmente.

Observatório | G1

Essa semana, o Centro de Ciências Planetárias e os museus da University College London (UCL) liberaram para o público algumas raridades da sua coleção de fotos antigas de astronomia. São imagens históricas e muito interessantes do ponto de vista da evolução da tecnologia espacial e astronômica.

Lembra das sondas Voyager 1 e 2, lançadas em 1977 para explorar os planetas gigantes do Sistema Solar exterior? Pois então, elas partiram com uma tecnologia do início da década de 1970, ou seja, nada de câmeras digitais (que surgiram na década de 1980 apenas). As sondas possuíam câmeras vidicons, que são similares às câmeras de TV antigas acopladas a um conversor analógico-digital de 8 bits. As imagens eram obtidas, armazenadas em computadores com um total de 68 KB de memória! Depois, de tempos em tempos, eram mandadas para a Terra por rádio.

Mas havia ainda outras questões mais prosaicas a serem consideradas.

Os planetas do Sistema Solar exterior são gigantes, até mesmo vários de seus satélites são muito grandes. Ganimede, satélite de Júpiter, é maior que Mercúrio por exemplo. As sondas Voyager passaram rápido e deram rasantes nos planetas e satélites, tirando fotos atrás de fotos. Como os alvos eram muito grandes para o campo de visão das câmeras das sondas, a imagem completa de um deles precisava ser composta por um mosaico de várias imagens individuais. Só que cada uma dessas imagens era obtida de um ponto diferente do espaço, com ângulos de visada diferentes. Em tempos de computadores limitados, como processar todas essas imagens para corrigir esses “defeitos”? Fazendo isso na mão. Literalmente.

As imagens eram impressas e agrupadas uma a uma de acordo com o plano de ação usado para obtê-las. Para corrigir as distorções, eram esticadas ou comprimidas compensando os efeitos de perspectiva, da alta velocidade em relação aos alvos e das diferentes distâncias a cada imagem obtida. Ao final, todas recebiam um tratamento mínimo dos computadores na NASA e eram divulgadas.

Esse processamento manual foi registrado pelos pesquisadores e essas imagens estavam esquecidas nos arquivos do Centro Planetário. Essa imagem, por exemplo, mostra o processo de montagem do mosaico de Io, outra das luas galileanas de Júpiter.




Hoje em dia, com as câmeras digitais, o processamento é bem fácil, mas problemas com a perspectiva das fotos, ângulos de visada e posicionamento na órbita ainda persistem, como atestam algumas imagens do Hubble.

Outra preciosidade recuperada pela UCL é esta imagem da Lunar Orbiter I, missão não tripulada lançada em 1966 destinada a mapear a superfície lunar em preparação para as missões Apolo. Essa imagem, em específico, foi a primeira foto do sistema Terra-Lua obtida na história da humanidade.




Outras fotos históricas estão disponíveis em alta resolução no site: http://www.ucl.ac.uk/maps-faculty/space-history . Entre minhas preferidas, além dessa de Io, estão as das sondas soviéticas Venera, as únicas que, até hoje, foram capazes de pousar na superfície de Vênus.

Crédito das fotos: Divulgação/NASA/UCL

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