Pesquisa diz que 58 por cento dos utilizadores da Internet já leu livros digitais
João Pereira | Público
com pequenas alterações
A maioria dos enrevistados já leu livros em formato digital: 58%
Quer se tratem de livros ou jornais em formato digital, a leitura em suportes electrônicos continua a ser uma prática individualizada, tal como acontece com a leitura em papel. Esta é uma das conclusões de uma pesquisa feita em 16 países, para um estudo sobre os livros e a leitura encomendado pela Fundação Calouste Gulbenkian e cujas conclusões são apresentadas hoje na sede da fundação, em Lisboa.
Mesmo numa altura em que o Facebook e demais redes sociais fazem parte do cotidiano de milhões de utilizadores da Internet, incluindo em Portugal, os aspectos mais valorizados pelos leitores de produtos digitais estão relacionados com a possibilidade de obter informação adicional e não de comentar ou partilhar informação.
A característica mais destacada na leitura digital, referida por 48% dos pesquisados, foi a possibilidade de, através de um buscador, saber de imediato mais sobre o autor ou o tema do texto. Seguem-se 44% de entrevistados que referiram como positivo o acesso a outros textos e os links associados.
A pesquisa, coordenado pelo investigador do ISCTE Gustavo Cardoso, foi feita online, no primeiro semestre deste ano, a utilizadores de Internet de países de todos os continentes: Inglaterra, Brasil, Espanha, Alemanha, França, Índia, Canadá, China, África do Sul, Rússia, EUA, Itália, Turquia, México, Austrália e Portugal.
Na lista de aspectos valorizados na leitura digital, e ainda antes das funcionalidades sociais, 43% dos pesquisados salientaram a possibilidade de gravar instantaneamente o texto lido. Só depois surgem a possibilidade de associar um comentário, destacada por 32% dos inquiridos, a partilha em tempo real (30%) e a possibilidade de saber quem já leu aquele mesmo texto (23%).
A existência de funcionalidades que permitem compartilhar e comentar um texto é comum nos sites de notícias e vários oferecem ferramentas para compartilhar diretamente nas redes sociais mais populares, como o Facebook e o Twitter. Também os leitores de livros eletrônicos (como o Kindle) e as aplicações de leitura de livros para tablets e smartphones integram funcionalidades sociais, como, por exemplo, a possibilidade de fazer e partilhar anotações ou de publicar online que já se terminou um livro (isto, sabendo que na definição de livro electrónico cabem ainda os que são lidos no computador, mesmo em formatos como o comum pdf).
O estudo indica ainda que a maioria já leu livros eletrônicos: 58% dos entrevistados disseram já o ter feito. Mas a tendência é muito maior na China (88%) e no conjunto de países normalmente chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China, com uma média de 79%) do que nos EUA (53%) e nos seis países europeus onde a pesquisa foi realizada (43%).
Tal como é habitualmente notado neste gênero de estudos, os mais novos e aqueles com maior nível de escolaridade são os que tendem a ler mais em formato digital. A pesquisa apurou ainda que quem é um leitor assíduo nos suportes digitais é, tipicamente, um leitor frequente de formatos impressos. Já o inverso não é verdade: quem lê muito em papel não é necessariamente um grande leitor digital.
Portugal "possui ainda um segmento de grandes leitores em formato digital incipiente", notam as conclusões do estudo que foram disponibilizadas antes da apresentação. Dez por cento dos pesquisados disseram ter lido mais de oito livros eletrônicos no ano anterior, um valor que é de 30% na média dos 16 países analisados.
O documento ressalva ainda que, "ao contrário de um receio várias vezes expresso na opinião pública, os dados indicam que a leitura de livros em formato digital não substituiu a leitura de livros em formato papel".
No estudo, Gustavo Cardoso classifica a leitura digital como "um conceito vago e multidimensional". Segundo o investigador, sob esta designação estamos a agrupar existências extraordinariamente díspares: estamos a falar de livros e jornais, mas também de pequenos textos escritos e partilhados nas redes sociais, de mensagens no Twitter, que têm, no máximo, 140 caracteres, de emails e outros conteúdos textuais que são constantemente publicados numa Internet onde os utilizadores são simultaneamente consumidores e produtores.
Outra conclusão do estudo é que estamos, em muitos casos, perante "novos leitores" de livros e jornais, uma ideia que Gustavo Cardoso explica no seu estudo: "Novos, porque alguns que liam em papel passaram a ler agora também em digital e novos também, porque alguns não leriam em papel e passaram a fazê-lo."
Segundo o pesquisador, são as "novas formas de leitura" que criam esses "novos leitores", os quais, embora não necessariamente lendo livros ou jornais, chegam aos conteúdos destes através de outros formatos de leitura: blogues, tweets, emails, posts do Facebook.
Muitos dos pesquisados (44%) afirmam que, de futuro, vão ler mais em formato digital.
já tenho alguns amigos que abandonaram seus kindles e kobos por não serem "leitores" reais, e sim uns afobados digitais que não possuem o hábito maravilhoso da leitura.
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