segunda-feira, 17 de março de 2014

Biblioteca digital do Senado: só Sarney por duas décadas

Material jornalístico dos anos 1970 até meados dos anos 1990 traz apenas reportagens que fazem referência ao político do Maranhão

Daniel Bramatti e João Domingos - O Estado de S.Paulo

A História é quase monotemática no acervo digital de jornais e revistas da Biblioteca do Senado. Quem pesquisar pela internet textos publicados em duas dezenas de órgãos de imprensa entre os anos 1970 e meados dos 1990 encontrará apenas e tão somente reportagens sobre um único político: José Sarney.

É como se, na avaliação do Senado, os fatos relativos ao maranhense fossem os únicos merecedores de atenção ao longo de mais de duas décadas. Os registros eletrônicos mostram que mais de 10 mil reportagens foram indexadas com o assunto "Sarney, José", e nada mais. Diversas imagens escaneadas dos recortes de jornais mostram o nome de Sarney como único termo sublinhado nos títulos das reportagens. O foco de quem organizou o arquivo foi a pessoa, não o contexto das notícias.

Quem navega pelos 10.677 textos encontra desde considerações de Sarney sobre política, diplomacia e economia até registros sobre a saúde da mãe dele, Dona Kiola. Também estão lá diversas referências a escândalos e denúncias no decorrer de sua trajetória política.

No pacote "Sarney, José" só não se encontram menções à Assembleia Constituinte de 1988. O motivo é a existência de outra coleção digital que concentra reportagens sobre a Carta Magna. Também nela, Sarney é a estrela: seu nome é citado em mais 19.847 textos - 58% dos quase 34 mil registros.

Informações de bastidores da biblioteca e da direção do Senado revelaram que foi Sarney, em sua primeira gestão como presidente da Casa, entre 2003 e 2005, quem deu a largada para a digitalização do noticiário referente à Constituinte e também de um projeto intitulado "Presidentes do Senado".

Encerrada a primeira tarefa, começou-se a produção do catálogo sobre os "Presidentes do Senado". Embora Sarney tenha sido o 62.º senador a ocupar o posto, o trabalho começou - e acabou - por ele. Renan Calheiros (PMDB-AL), seu sucessor, encerrou contratos com funcionários terceirizados e pôs fim ao projeto.

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