quinta-feira, 19 de maio de 2016

Livro impresso é unanimidade global


‘Não há antagonismo entre os meios na mente dos leitores, como alguns segmentos vêm buscando disseminar de modo equivocado’, defende presidente da Confederação Latino-americana da Indústria Gráfica

Fabio Arruda Mortara | Publishnews

A mais nova pesquisa sobre a preferência das pessoas quanto à leitura em mídia impressa ou eletrônica, que acaba de ser realizada pela American University, de Washington, EUA, confirma tendências indicadas até agora por numerosos estudos anteriores: há uma clara opção pelos conteúdos impressos, especialmente quando se trata de livros.

O trabalho, coordenado pela professora de linguística Naomi Baron, da American University, abordou 300 universitários dos EUA, Japão, Alemanha e Eslováquia. Demonstra que, apesar da ampla disponibilidade de plataformas eletrônicas como smartphones, tablets, e-readers e computadores, cujo uso faz parte da rotina dos jovens, o livro impresso segue muito à frente na preferência dos estudantes para leituras sérias, com 92%.

A pesquisa integra o novo livro da docente, intitulado Words Onscreen: the Fate of Reading in a Digital World (Palavras na tela: o destino da leitura no mundo digital, em livre tradução). Um dos aspectos mais interessantes dentre os revelados pelos alunos refere-se às sensações na leitura, como a tátil, a olfativa e a cinestética. (cinestesia é o sentido pelo qual se percebem os movimentos musculares, o peso e a posição dos membros).

É interessante comparar essa nova pesquisa a outras realizadas anteriormente, como a da Nielsen BookScan, que indicou: o número de livros impressos vendidos nos EUA em 2014 subiu 2,4%, alcançando 635 milhões de unidades. Segundo especialistas, o crescimento da venda de livros físicos deverá manter-se nos próximos anos, pois os novos leitores parecem gostar cada vez mais do papel. A Nielsen indica que a maioria dos adolescentes entre 13 e 17 anos prefere obras impressas. Além disso, as vendas de títulos de ficção para jovens adultos cresceram 12% em 2014, mais do que os dirigidos aos adultos.

O estudo da American University, assim como o da Nielsen BookScan, também é coerente com pesquisa realizada em 2014 pelo DataFolha, que demonstrou: no Brasil, 59% dos leitores de livros e 56% de revistas optam pelas edições convencionais. No caso de jornais, 48% preferem acessá-los em computadores, tablets e celulares e 46% continuam fiéis às formas tradicionais. É interessante o fato de que 80% dos entrevistados brasileiros afirmaram que ler em papel é mais agradável do que em uma tela.

A pesquisa do DataFolha foi realizada para Two Sides, campanha mundial que chegou ao nosso país em 2014, para difundir a sustentabilidade econômica, social e ambiental da cadeia produtiva do papel e da indústria gráfica. Todos os estudos ratificam os conceitos da Two Sides quanto aos valores agregados pela comunicação impressa e seu caráter sustentável. A iniciativa surgiu na Inglaterra e hoje está presente nos EUA, Canadá, África do Sul, Austrália e Brasil. Aqui, o movimento conta com 42 entidades signatárias, que congregam cerca de 80 mil empresas, geradoras de 615 mil empregos diretos e faturamento anual de US$ 40 bilhões.

O mais importante, numa análise mais aprofundada de todos esses estudos, é que não há antagonismo entre os meios na mente dos leitores, como alguns segmentos vêm buscando disseminar de modo equivocado, numa infundada estratégia de desacreditar os impressos pelo viés ambiental do consumo de árvores para a produção do papel. Vã tentativa, pois esse insumo, no Brasil, utiliza 100% de florestas plantadas, cujo cultivo preserva a vegetação nativa e, de quebra, sequestra milhões de toneladas de carbono na atmosfera. Isso torna a cadeia produtiva da comunicação impressa uma importante frente no combate ao efeito-estufa.

Para a sociedade, a soma das mídias impressas e eletrônicas também é ótima, à medida que o acesso mais amplo e democrático à informação é um direito inerente à cidadania!

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