quinta-feira, 19 de maio de 2016

'Retratos da Leitura' mostra melhoria no perfil do leitor brasileiro

Segundo pesquisa, 104,7 milhões de brasileiros se declararam leitores e os índices de leitura saltaram de 4 livros por ano, em 2011, para 4,97 em 2015

Leonardo Neto | Publishnews

Aumentou o número de leitores no Brasil. Essa é uma das conclusões da quarta pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira (18), em São Paulo. Estima-se que 104,7 milhões de brasileiros (ou 56% da população acima dos 5 anos de idade) leram pelo menos partes de um livro nos últimos três meses. Em 2011, quando foi realizada a última edição da pesquisa, esse índice era de 50%. A pesquisa revela ainda que houve aumento nos índices de leitura per capita. Se em 2011, um brasileiro lia quatro livros por ano, em 2015, o índice chegou a 4,96. Os aumentos – tanto da população leitora quanto dos índices de leitura – foram sentidos nas regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste e Norte. No Nordeste, a população leitora se manteve estável (51% de leitores) e os índices de leitura per capita caíram de 4,3 livros por ano em 2011 para 3,93 em 2015.

A pesquisa, divulgada a cada quatro anos, segue os parâmetros do Centro Regional para el Fomento del Libro em América Latina (Cerlalc), o que permite a comparação de dados entre os países da região. A Fundação Pró-Livro, realizadora da pesquisa, e o Instituto Ibope Inteligência, quem a executa, em consonância com o Cerlalc, aprimoraram a pesquisa que trouxe algumas novidades em relação a 2011. Entre as novidades, foram introduzidas perguntas com o objetivo de intensificar a avaliação acerca de bibliotecas (incluindo as escolares), do uso de Internet e de leituras e livros digitais.

Para efeitos de metodologia e construção de uma série histórica, foi mantida a definição de leitor como indivíduo que leu pelo menos partes de um livro -- em papel, digitais ou eletrônicos e áudio livros, livros em braile e apostilas escolares, excluindo-se manuais, catálogos, folhetos, revistas, gibis e jornais -- nos últimos três meses. A coleta de dados foi feita em nível nacional, através de visitas domiciliares. Ao todo, foram 5.012 respondentes.
Leitura e o aumento do grau de escolaridade do brasileiro

A pesquisa comparou os aumentos tanto no número de leitores quanto dos índices de leitura com o aumento da escolaridade do brasileiro. Nas últimas décadas, o Brasil tem experimentado o fenômeno no aumento da escolaridade média da população, com uma redução na proporção e analfabetos e indivíduos com escolaridade até o Fundamental I e aumento da proporção de brasileiros com Ensino Superior e, sobretudo Ensino Médio.
Em 2011, em especial, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), houve um ponto de inflexão nos níveis de escolaridade do brasileiro. Naquele ano, pela primeira vez, a curva dos brasileiros só com nível do Fundamental I (1º ao 5º ano) se encontrou com a curva dos brasileiros que tinha concluído o Ensino Médio. De lá para cá, as curvas se distanciaram, aumentando o número de brasileiros com Ensino Médio. A última edição da PNAD, em 2014, mostra que 29% dos brasileiros concluíram o Ensino Médio enquanto que 26% têm só até o Ensino Fundamental I. Essa inversão pode ser uma das possíveis explicações da melhoria do perfil de leitura do brasileiro.


“A nossa experiência nos empurra para uma série de lugares comuns e o resultado levemente progressivo deve ser encarado com um ceticismo inicial, mas eu afasto a ideia de que a notícia só é boa se o fato é ruim”, observou José Castilho Marques Neto, ex-secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), um dos convidados para analisar a pesquisa durante o evento. “Os menores esforços empreendidos nos últimos 10 anos começaram a dar seus resultados, mas o que temos hoje ainda é insuficiente e precário. Deixando a nossa síndrome de vira-latas de lado, temos que entender que estamos fazendo a coisa certa. Se não fizermos esse exercício, ficaremos num ceticismo imobilizante”, concluiu.
Compra de livros

Trinta por cento dos entrevistados declararam nunca terem comprado um livro na vida. A pesquisa mostra que, via de regra, quanto maior a escolaridade e a classe social, maior a proporção de compradores de livros. No entanto, chama a atenção que cerca de metade dos estudantes e metade dos leitores não são compradores de livros. Pouco mais de 50% dos entrevistados indicaram o empréstimo – com parentes, conhecidos ou em bibliotecas – como principal meio de acesso ao livro, perdendo inclusive para a compra em lojas físicas ou e-commerces (43%). Vinte e três por cento declararam que a principal forma de acesso é quando são presenteados.


Digital
A pesquisa de 2011 detectou que 81 milhões de brasileiros tinham acesso à internet. Em 2015, esse número subiu para 127 milhões. Sobre as atividades relacionadas à leitura que realizam na internet, os itens mais indicados são: leitura de notícias e informações em geral (52%); estudo e pesquisas para a realização de trabalhos escolares (35%) e aprofundamento no conhecimento a respeito de temas de interesse pessoal (32%). A leitura de livros fica em sexto lugar, com 15%.

Atualmente, a faixa etária dos entrevistados que mais acessam a internet para leitura de livros é a de 18 a 24 anos. A maioria dos leitores de livros digitais é do gênero masculino (53%) e está nas classes B (43%) e C (42%). Na distribuição geográfica, 48% dos leitores digitais estão no Sudeste, 23% no Nordeste, 12% no Sul, 10% no Centro-Oeste e 7% no Norte. O dispositivo mais usado na leitura de livros digitais é o celular ou smartphone (56%), seguido por computadores (49%) e tablets (18). Dispositivos dedicados à leitura, os e-readers, ficaram na lanterninha, com 4% de participação.

A pesquisa perguntou ainda se as pessoas já ouviram falar em livros digitais. Quarenta e um por cento dos entrevistados responderam sim. Desse universo apenas 26% declararam já ter lido um e-book. Dentre os que declararam já ter lido um e-book, 88% disseram que o baixaram gratuitamente. Apenas 15% declararam ter pago pelo livro digital.
Influenciadores de leitura e de compra

A pesquisa mostra que 33% dos respondentes declararam que tiveram influência de alguém para começar a ler. A figura materna – mãe ou responsável do gênero feminino – é a maior influenciadora nesse quesito. Professores e professoras representam 7% e a figura paterna, 4%.

Quando questionados “qual destes fatores mais o influencia na hora de escolher um livro para comprar?”, 55% dos respondentes disseram que o tema ou o assunto é determinante na escolha. Chama a atenção a parcela da população que compra um livro a partir de recomendação de sites especializados, blogs ou redes sociais. Apenas 3% dos respondentes optaram por essa opção, colocando em xeque a figura de blogueiros como grandes divulgadores de livros.

Clique aqui para ter acesso à íntegra da pesquisa.


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