segunda-feira, 29 de maio de 2017

Rede social e saúde


Há o elemento da autoestima, da constante comparação a conhecidos ou estranhos

Lúcia Guimarães | O Estado de S.Paulo

Você fica contente quando curte uma postagem no Facebook? Tem certeza? Não sou especialista, porque limito o tempo que passo no quintal do Zuckerberg, com seus dois bilhões de usuários ativos. Mas também não fiquei surpresa com o resultado de um estudo publicado numa revista acadêmica americana de epidemiologia. Durante dois anos, Holly Shakya, especialista em saúde pública da Universidade da Califórnia, e Nicholas Christakis, pesquisador da Universidade de Yale, monitoraram 5.208 adultos em dois aspectos: vida social e saúde mental. Descobriram que, quanto mais tempo passavam no Facebook, maior a deterioração do seu bem-estar.

O estudo foi rigoroso e envolveu dados colhidos pelo Instituto Gallup. Além de compartilhar informação sobre o tempo que passavam na rede social, os pesquisados revelaram dados sobre interação social e saúde. 

Quanto mais tempo a pessoa usava o Facebook, não importa se curtindo ou não postagens, pior se sentia. De acordo com dados fornecidos pelo Facebook, os usuários passam lá, em média, uma hora por dia. Outras pesquisas revelam alto número de usuários que consultam uma conta de mídia social antes de levantar da cama. Não se trata apenas de estimular o sedentarismo e aumentar o sentimento de isolação por substituir a interação pessoal. Há o elemento da autoestima, da constante comparação a conhecidos ou estranhos. Como a tendência é o internauta apresentar a autoimagem mais positiva possível online, os parâmetros de comparação se tornam distorcidos. Se, no convívio pessoal é mais difícil idealizar o outro, quanto mais se transfere a vida social para a rede, maior a criação de expectativas exageradas e a sensação de fracasso por não satisfazê-las.

Há quem interprete dados como o do estudo de Shakya e Christakis de outra forma. As pessoas com maior tendência à depressão e com autoestima mais baixa passariam mais tempo na rede social, ou seja a rede social apenas exacerba uma tendência preexistente. E, sim, há estudos que veem a mídia social como fonte de reafirmação e apoio na comunidade.

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