terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Google cria aplicativo com todos os Vermeers do mundo

Tela 'Menina com brinco de pérola', de Vermeer Foto: MAURITSHUIS / NYT

As 36 obras conhecidas do pintor holandês estão disponíveis em realidade aumentada no celular

Nina Siegal / The New York Times
O Globo

Johannes Vermeer, artista que capturou a beleza tranquila da vida doméstica holandesa, não era um pintor prolífico: apenas 36 telas são reconhecidas como suas. Ainda assim, qualquer um que quisesse ver essas obras precisava fazer uma longa viagem passando por Nova York, Londres, Paris e além. Mas isso mudou.

O museu Mauritshuis, em Haia, que detém a obra mais conhecida de Vermeer, "Menina com brinco de pérola", fez uma parceria com o Google Arts & Culture para criar uma galeria virtual com todas as obras do artista.

Na abertura, aplicativo mostra museu virtual visto de cima Foto: MAURITSHUIS / NYT

Para o aplicativo, o Metropolitan Museum of Art contribuiu com imagens de todas as suas cinco obras-primas de Vermeer, enquanto a National Gallery of Art, em Washington, e o Rijksmuseum, em Amsterdã, oferceram quatro cada. Mais dois vieram do Louvre e três da Coleção Frick.

O Isabella Stewart Gardner Museum, em Boston, ofereceu uma imagem de "O Concerto", o Vermeer que havia desaparecido após ser roubado em 1990. Agora a tela poderá ser vista no Meet Vermeer, o museu digital. O aplicativo gratuito pode ser acessado por qualquer smartphone equipado com câmera.

— É um daqueles momentos em que a tecnologia faz algo impossível no mundo real, pois essas telas nunca poderiam ser reunidos — diz Emilie Gordenker, diretora do Mauritshuis.


Fotógrafo faz imagem de alta resolução de um quadro de Vermeer Foto: DRESDEN STATE ART MUSEUM / NYT

Ela explica que algumas das pinturas do século XVII eram muito frágeis para viajar, enquanto outras estavam em coleções particulares. E mesmo sob circunstâncias diferentes, seria improvável que todos os proprietários estivessem dispostos a compartilhar seus premiados Vermeers ao mesmo tempo.

As 18 coleções particulares e de museus que possuem as pinturas da Vermeer, no entanto, se mostraram dispostas a fornecer arquivos de imagem digital de alta resolução das telas para o projeto.

Vermeer, uma figura um tanto misteriosa que viveu e trabalhou em Delft, na Holanda, teria criado cerca de 45 pinturas durante uma carreira de quase duas décadas. Algumas teriam desaparecido.

Além das 36 obras que a maioria dos acadêmicos consideram autênticas, outras pinturas lhe foram atribuídas. Como o mundo da arte continua a debater a sua autoria, Gordenker disse que o museu virtual não as incluiria.

Quadro de Vermeer no Google Arts & Culture Foto: MAURITSHUIS / NYT

Embora muitas dessas imagens já estejam nos sites dos museus, Gordenker queria dar ao público a sensação do tamanho das pintutas entre si — algo difícil de transmitir em uma imagem plana na tela.

No aplicativo, a primeira sala é dedicada aos primeiros trabalhos de Vermeer. O resto do museu é organizado tematicamente. Laurent Gaveau, diretor do Laboratório de Artes e Cultura do Google, uma organização sem fins lucrativos desenvolvido para experimentar novas maneiras de fazer arte e cultura acessível ao público, diz que esse foi o primeiro museu virtual criador pela empresa, mas ele certamente imagina que outros virão.

— Podemos pensar vários tipos de museus que nunca existiram — disse em entrevista por telefone, deixando claro que não há nenhum outro projeto em andamento — Queremos ver como as pessoas vão reagir a esse e saber, do ponto de vista tecnológico e do ponto de vista do usuário, o que deu certo e o que pode ser melhorado.

As pinturas da Vermeer são reproduzidas em todos os tipos de formatos, desde cartazes até bolsas e guarda-chuvas. Mas conforme a tecnologia melhora e as pessoas passam a ter a possiblidade de uma experiência virtual de qualidade, Gordenker não se preocupa que os turistas se sintam menos motivados a buscar a experiência real? Não, ela responde.

— Quanto mais informações compartilhamos, incluindo imagens, mais as pessoas querem ter a experiência autêntica de ver a obra como uma presença física real. — opina. — Um dos motivos pelos quais os museus vem se tornado cada vez mais relevantes, com o público cada vez maior, são as tecnologias digitais. Elas quebram barreiras e tornam tudo muito mais acessível.

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