sábado, 8 de junho de 2019

Os mapas que ajudaram a orientar a era das grandes navegações

Site apresenta linha histórica com os primórdios da cartografia e seu papel nas explorações marítimas dos séculos 14 a 18

Camilo Rocha | Nexo

MAPA DO TIPO 'PORTOLANO' RETRATA O CONTINENTE EUROPEU NO FIM DO SÉCULO 14   

O ano é 1375, mas o mapa do cartógrafo Abraão Cresques, de Maiorca, ilha do Mar Mediterrâneo, é notavelmente parecido com qualquer imagem feita por um satélite nos dias atuais. É possível identificar com facilidade os contornos do continente europeu, do norte da África e de parte do Oriente Médio.


A carta faz parte de um atlas “portolano”, tipo de publicação cartográfica disponível entre os séculos 14 e 16. O nome vem da ênfase dada aos portos nos mapas. As áreas costeiras aparecem em detalhes, enquanto as regiões interiores apresentam poucos elementos nos desenhos. Os mapas portolanos eram desenhados por cartógrafos do oeste do Mediterrâneo e contavam com informações trazidas por marinheiros. 

Exemplos de atlas portolanos, que também incluíam linhas meridianas, informações sobre comércio e tarifas e pesos e medidas, fazem parte de uma publicação do site da revista literária americana Lapham’s Quarterly. Com texto acompanhando os mapas, o conteúdo traça um histórico da importância das cartas para navegações realizadas entre os séculos 14 e 18, principalmente as realizadas pelos europeus no período conhecido como a era das Grandes Navegações. 

O príncipe português Henrique, conhecido como Navegador, é um personagem importante nessa linha do tempo. Responsável por liderar o início das grandes explorações marítimas portuguesas, ele montou mapas náuticos apurados a partir de diversas fontes, incluindo estudiosos árabes, comerciantes judeus e marinheiros holandeses, escandinavos, alemães e italianos.

MAPA DO MILITAR OTOMANO CONHECIDO COMO PIRI REIS   

As cartas mais elaboradas produzidas por Henrique ajudaram os portugueses a estabelecer colônias em ilhas do Atlântico, como Açores e Madeira, e no oeste da África. O texto da Lapham’s observa que Henrique foi um dos primeiros europeus a promover a captura e venda de escravos da África subsaariana em grande escala. 

O conteúdo também destaca cartógrafos não europeus, como Shihab al-Din Ahmad ibn Mājid al-Saʿdi al-Najdi — mais conhecido como Ahmad ibn Majid. Nascido em Omã, em 1432, Majid também era navegador. Seu trabalho trouxe informações detalhadas sobre rotas do Oceano Índico. Outro nome evidenciado é o do almirante otomano (o Império Otomano é a atual Turquia) Muhiddin Piri, mais conhecido como Piri Reis. 

A linha histórica termina no início do século 18. Nesta época, tem fim a era da “cartografia dominada por indivíduos”. É a vez de agências governamentais, como departamentos hidrográficos fundados na França e na Grã Bretanha. Administrados pela marinha, publicavam mapas oficiais.

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