sexta-feira, 30 de agosto de 2019

As alternativas à tabela periódica clássica. E a sua história.

Criado há 150 anos, modelo de organização de elementos químicos é usado em escolas do mundo todo. Site reúne mais de 1.000 propostas diferentes, que passam por versões redondas e até musicais

Cesar Gaglioni | Nexo


A TABELA PERIÓDICA CLÁSSICA FOI SISTEMATIZADA HÁ 150 ANOS, PELO RUSSO DMTRI MENDELEEV

A Tabela Periódica dos Elementos é uma das bases fundamentais do estudo da química. Ela organiza, de maneira sistemática, os elementos químicos conhecidos, dispondo-os em grupos. 

Apesar de ser ensinada em escolas do mundo todo, existem alternativas menos convencionais ao modelo clássico da Tabela Periódica dos Elementos, com organizações diferentes da tradicional usada nos colégios. 

O site Internet Database of Periodic Tables (Banco de Dados Online das Tabelas Periódicas, em tradução livre) traz mais de 1.000 versões alternativas ao modelo clássico, propostas por químicos desde o final do século 19. Muitas delas têm intenções específicas e sistemas próprios, incluindo uma que organiza os elementos de acordo com a sua abundância na Terra. 

No site, estão disponíveis desde versões redondas, feitas a partir de círculos concêntricos, a representações piramidais, passando por uma versão musical.

A validade das alternativas 

Martyn Poliakoff, doutor em química pela Universidade de Nottingham, no Reino Unido, afirmou ao New York Times que a maior parte das alternativas à tabela periódica clássica são válidas. 

“Muitas pessoas parecem acreditar que só existe uma verdadeira tabela periódica, seja a existente ou uma que ainda será descoberta”, disse. “E elas debatem intensamente sobre a validade das outras versões. Meu sentimento é que a maioria das versões são igualmente válidas, dependendo somente do que elas querem mostrar”, acrescentou. 

Poliakoff publicou um artigo em maio de 2019, na revista Nature, propondo um modelo que simplesmente vira de cabeça para baixo a Tabela Periódica dos Elementos. Ele apresentou o conceito para 24 químicos, dos mais diversos níveis educacionais, e afirmou que a recepção foi positiva. 

Segundo o pesquisador, a versão invertida da tabela periódica deu aos químicos uma visão mais clara da organização dos elementos. O próximo passo de Poliakoff é testar seu modelo em maior escala, com estudantes do ensino básico britânico.

Os 150 anos da tabela periódica 

A UNESCO, braço da ONU (Organização das Nações Unidas) que promove a colaboração internacional nos campos da educação, ciência e cultura, declarou que 2019 é o Ano da Tabela Periódica, dado os 150 anos da sistematização da Tabela Periódica dos Elementos. 

Ela também é conhecida como Tabela de Mendeleev, por ter sido postulada pelo químico russo Dmitri Mendeleev, em 1869. 

Naquele ano, os cientistas já conheciam 63 elementos químicos e passaram a sentir a necessidade de se estabelecer um sistema que pudesse organizá-los de maneira lógica. Mendeleev então sistematizou os elementos de acordo com a massa atômica de cada um deles, da menor para a maior, organizando-os em grupos com características químicas similares.

Em 1898, o químico escocês William Moseley descobriu os gases nobres, como o hélio e o argônio, e acrescentou-os à Tabela de Mendeleev. Em 1913, o físico britânico Henry Moseley conseguiu determinar o número de prótons (partículas positivas presentes em todos os núcleos atômicos) dos elementos, e mudou a disposição da Tabela de Mendeleev, dando a ela a organização que é mais popular até os dias de hoje. 

Em 2019, a tabela periódica conta com 118 elementos. O acréscimo mais recente aconteceu em 2009, com a descoberta do Tenesso, que pertence ao grupo dos halogênios, os não-metais que quando unidos aos metais formam os sais.

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