terça-feira, 17 de junho de 2008

Avaliação científica interativa


Lançado em janeiro, o portal SCImago Journal and Country Rank permite que os usuários extraiam grande variedade de estatísticas de periódicos e gráficos de produção científica, com base na Scopus – a maior base mundial de dados e documentos científicos de referência.

De acordo com um dos criadores da ferramenta, Félix Moya, vice-reitor de Novas Tecnologias da Universidade de Granada, Espanha, a utilização vem crescendo exponencialmente em 145 países, entre cientistas e profissionais que se dedicam à gestão da pesquisa.

Moya, em palestra apresentada na sede da FAPESP na semana passada, afirmou que o interesse pela ferramenta aumenta graças à grande diversidade de indicadores disponíveis, à facilidade de manuseio e ao acesso aberto.

“É a única ferramenta do tipo com acesso totalmente aberto. Mas, além dessa vantagem, há dois diferenciais fundamentais do ponto de vista do conteúdo. A variedade de indicadores permite ao usuário fazer aproximações a partir de pontos de vista muito distintos. Também é uma ferramenta muito interativa que permite exportar a informação com facilidade”, disse à Agência FAPESP.

O portal permite a publicação seletiva de relatórios dinâmicos com indicadores baseados nas citações entre os trabalhos científicos indexados na Scopus entre 1996 e 2007 – o que possibilita classificar o desempenho e impacto de revistas científicas dos países. A ferramenta também oferece um novo indicador para medir o impacto – o SCImago Journal Rank (SJR), que utiliza um algoritmo semelhante ao do Google.

A ferramenta é resultado de um projeto conjunto entre o grupo SCImago, formado por pesquisadores das universidades de Granada, Extremadura, Carlos III e Alcalá de Henares, todas na Espanha, e a editora Elsevier, da Holanda, proprietária da Scopus.

“Um indicador como o número de citações recebidas por um artigo científico não significa nada se não for contextualizado. Nossa intenção foi criar uma referência de caráter global que permitisse situar qualquer indicador que se pudesse gerar em seu contexto global”, disse Moya, que é coordenador do grupo SCImago.

Segundo ele, para que cientistas e gestores de pesquisa pudessem utilizar os indicadores de pesquisa de forma mais interativa era preciso estimular um processo de interiorização desses dados por parte de toda a comunidade científica.

“Acredito que conseguimos fazer isso ao criar uma interface de operação bastante simples e cômoda do ponto de vista do aprendizado de utilização. Com isso, menos de cinco meses após o lançamento já estão sendo publicados os primeiros trabalhos utilizando informações provenientes dessa ferramenta”, afirmou.

Prestígio versus popularidade

O indicador SJR, de acordo com Moya, é completamente diferente do fator de impacto calculado com base nos dados do ISI (atualmente parte da Thompson Corporation) – tanto em relação à base de dados utilizada como em relação ao método de cálculo.

“O indicador SJR utiliza um algoritmo semelhante ao do Google Pagerank, com uma adaptação para o mundo das publicações científicas. Ele atribui pesos diferentes às citações dependendo da fonte que citou o documento. Fontes com mais prestígio têm mais peso”, explicou.

Segundo Moya, a conseqüência do modelo utilizado pelo indicador SJR é que ele privilegia o conceito de prestígio em detrimento do conceito de popularidade. Um artigo com muitas citações em revistas de pouco prestígio tem avaliação pior que um artigo menos citado em revistas de muito prestígio.

“O importante é oferecer um número maior de indicadores. Em um mundo tecnológico como o nosso não faz sentido utilizar um só. Não se pode negar o valor do fator de impacto, mas é preciso ter à disposição a oferta mais variada possível para aprimorar os processos de análise e avaliação. A realidade da qual partimos é muito heterogênea e variada e o conceito de prestígio está ligado a essa variabilidade das situações que ocorrem no mundo da ciência”, disse.

SCImago Journal and Country Rank: www.scimagojr.com


Fonte: Fábio Castro - Agência Fapesp

"A nascente desaprova quase sempre o itinerário do rio"
Jean Cocteau

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