terça-feira, 5 de maio de 2009

O teste da biblioteca


Professora Júlia Guimarães da Silveira destaca a fácil navegabilidade e a interface intuitiva do portal


Especialista aprova site que se propõe a reunir o maior número de informações históricas

Frederico Bottrel - Estado de Minas


Lançada na última semana, a Biblioteca Digital Mundial (BDM), projeto encabeçado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), promete se transformar em referência quando o assunto é (muita) informação de qualidade na internet. São 1,7 mil itens disponíveis gratuitamente para pesquisa, de bibliotecas de várias partes do mundo, com navegação em sete idiomas, incluindo português. Em meio à vastidão de conteúdos que não passam de lixo virtual, aproveitar o espaço livre da web com propósito tão bacana já é mérito do projeto. Para avaliar a eficácia do sistema, o Informátic@ convidou a professora Júlia Guimarães da Silveira, da Escola de Ciência da Informação da UFMG.

Depois de testar o portal, a professora concluiu que a navegabilidade do sistema virtual não oferece dificuldades: “A disposição das informações é bastante interessante e condizente com os propósitos da BDM, enquanto espaço para oferecer acesso compartilhado e cooperativo e divulgar recursos de informação raros ou valiosos, provenientes de todo o mundo”.

O desenho da página inicial, com as informações dispostas em mapa retratando os países de onde vieram os acervos digitalizados, reflete bem o espírito da coisa, na opinião da professora. “Aparenta a intenção de se colocar as regiões componentes do nosso planeta, como provedoras de informação e de cultura, irmanadas em ideais comuns, aparentemente livres de barreiras, preconceitos culturais e isentos de interesses de dominação”, acredita.

A interface, disponível em sete línguas, atenua a questão da barreira linguística, de acordo com Silveira: “É possível pesquisar por termos específicos ou acessar o catálogo por diversos pontos: local, tipo de item, ou por instituição contribuinte. O modo mais simples ou fácil, de uso do sistema, encaminha o usuário, página por página, para visualizar o trabalho original, frequentemente com descrição em várias línguas, o que facilita a expansão do nível de compreensão da informação ali organizada”.

O conteúdo, em constante expansão, também arrancou elogios da especialista, que o classificou como “abrangente e diversificado”, cobrindo vasto período histórico, de 8000 a.C. aos dias de hoje. Ciências sociais, filosofia, psicologia, tecnologia, religião, idiomas, artes, ciências naturais, matemática, literatura, retórica, história e geografia são as áreas de conhecimento contempladas pelo acervo. “A equipe se esforçou para incluir conteúdos importantes e culturalmente significativos sobre cada país-membro da Unesco”, define Silveira.

A professora desenvolve pesquisa na UFMG, sobre fontes de informação para antiquários e amantes das artes e cultura. O objetivo é construir uma biblioteca virtual temática especializada, que possa atender a profissionais ou interessados em artes e antiguidades de modo geral. O cronograma prevê lançamento da biblioteca até o fim do ano.

Contribuição brasileira No que diz respeito ao Brasil, a Fundação Biblioteca Nacional contribuiu doando os arquivos digitalizados da coleção Thereza Christina, com imagens referentes ao Brasil e ao mundo do século 19, retratando o período e refletindo a personalidade do imperador D. Pedro II, eleita pela Unesco como patrimônio mundial.

“Somos mais que colaboradores, somos parceiros-fundadores”, defende Liana Amadeu, diretora do Centro de Processos Técnicos da fundação, que doou, ao todo, mais de 1,5 mil documentos para o acervo virtual da BDM. O conteúdo será disponibilizado aos poucos no site, mas já se encontra na página da Biblioteca Nacional. As próximas doações devem, de acordo com Liana, compreender o acervo das aquarelas de Debret, que pintou nossa biodiversidade.

O laboratório de digitalização da fundação brasileira tem equipe de 19 pessoas, incluindo digitalizadores, webdesigners, historiadores, arquivistas e analistas de sistemas, que transformam as obras físicas em documentos virtuais, usando scanners especiais. Liana destaca o trabalho de ponta desenvolvido. “Normalmente imaginamos nosso país como atrasado em tecnologia. Mas, nessa área de digitalização de acervos culturais, comprovamos nível internacional de qualidade. Acho que isso conforta nosso ego”, brinca entre risos.

• Biblioteca Digital Mundialhttp://www.wdl.org/

• Biblioteca Nacional Digitalwww.bn.br/bndigital

Fonte: UAI Ciência e Tecnologia

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