segunda-feira, 17 de maio de 2010

Acervo digital pode ter sido destruído


Bombeiros voltaram ontem ao galpão que abrigava a maior coleção de cobras do mundo


Tiago Dantas


O acervo digitalizado do Instituto Butantã pode ter se perdido após o incêndio que atingiu um galpão do centro de pesquisas, na zona oeste da capital, anteontem. Uma funcionária estava catalogando documentos, livros e projetos científicos para montar um arquivo digital. O trabalho não está concluído, mas a localização de uma cópia dele poderá ajudar na reconstrução do local.


O fogo destruiu a maior coleção científica de cobras do mundo, iniciada há 120 anos. Cerca de 85 mil exemplares eram guardados no prédio. O acervo de aracnídeos, com 450 mil aranhas e escorpiões, também se perdeu. Ontem de manhã, o Corpo de Bombeiros voltou ao galpão destruído para controlar um princípio de incêndio. As chamas teriam sido provocadas pelo contato das cinzas com o que restou de álcool e formol, onde os animais mortos eram conservados.


O prédio do laboratório de répteis foi interditado pela Defesa Civil. Há risco de desabamento, segundo funcionários. “O teto está apoiado sobre prateleiras de ferro que foram compradas recentemente. Acho que se não fosse isso, tudo teria caído”, afirma um pesquisador de 32 anos, que prefere não se identificar.


Durante o dia, estudantes visitaram o instituto para saber se alguma coisa poderia ser salva. Na portaria, eram informados de que não poderiam entrar. “Tenho um amigo fazendo mestrado utilizando esse acervo. Vai ter que começar de novo ou mudar a pesquisa porque não tem como continuar sem a coleção daqui”, conta o universitário Caio Amadeu Souza, 23 anos, que cursa Biologia na Universidade de São Paulo (USP).


O acesso ao parque do instituto permaneceu fechado ontem. O local será reaberto ao público amanhã junto com os museus, segundo informou o órgão. Além dos seguranças, trabalharam ontem funcionários que recebem animais doados pela população. O instituto é procurado diariamente por pessoas que encontram serpentes ou aranhas em suas casas.


Como não tem onde armazenar esses bichos temporariamente, o biólogo Antônio Carlos Barbosa diz estar levando alguns deles para casa. “É muito triste para todo mundo o que aconteceu. Trabalho aqui há dez anos. Ver o fogo consumir todo aquele prédio foi muito difícil”, declara o biólogo, visivelmente abalado.


O incêndio no Instituto Butantã começou por volta das 7h30 de sábado e destruiu um galpão de 1 mil m². O fogo se espalhou rapidamente e só foi controlado pelos bombeiros por volta das 19h. Ninguém ficou ferido. O prédio não tinha sistema de combate a chamas. O centro de pesquisa afirmou, em nota, que “não havia no prédio qualquer problema relacionado às instalações que possa ter originado o incêndio”.


Fonte: Jornal da Tarde

Nenhum comentário:

Postar um comentário