terça-feira, 20 de julho de 2010

Visitas virtuais: Ir ao museu sem sair de casa

O Museu do Louvre tem um site onde é possível passar horas (Paulo Pimenta )

João Pedro Pereira, no Público (Portugal)

Visitar museus na Internet está longe de ser uma ideia nova. Mas nem sempre foi uma boa ideia. Muitos sites não tinham vídeos, as fotografias das obras eram do tamanho de selos e os menus de navegação concebidos à imagem de catálogo de biblioteca. Uns continuam assim, outros já têm aplicações para telemóveis.

Louvre

É daqueles museus onde é possível passar largas horas e não ver tudo. Neste aspecto, o site não lhe fica muito atrás. Louvre.fr tem milhares de obras que podem ser vistas ao pormenor, com fotografias de qualidade e textos detalhados.

Na secção A closer look ("um olhar mais próximo"; o site está disponível em inglês, francês e japonês), é possível encontrar vídeos explicativos de algumas peças, uma mão-cheia de passeios em 3D por zonas do museu e uma pequena revista online. É também esta secção que agrega os mini-sites temáticos: espaços com um design próprio e debruçados sobre temas muito específicos.

Há mini-sites sobre o pintor Rembrandt, a religião no Antigo Egipto ou o relojoeiro Abraham-Louis Breguet (Breguet foi o inventor dos relógios automáticos e, em 1799, inventou um relógio de bolso táctil, que tinha um ponteiro na tampa, de forma a que o utilizador pudesse saber as horas sem ter de olhar para ele – mas, mesmo que o dono do relógio descortinasse para onde estava virado o ponteiro num relógio redondo, a tampa tinha apenas o ponteiro das horas).

Uma das funcionalidades mais divertidas no site do Louvre chama-se Dominique Vivant. Foi concebido a pensar nas crianças e pode ser facilmente desactivado por quem queira uma leitura silenciosa dos conteúdos - mas recomenda-se que mesmo os mais velhos deixem Dominique fazer o seu trabalho. Trata-se de uma espécie de guia em desenho animado, vestido com roupas antiquadas e que ajuda a conhecer algumas das obras em catálogo. Dominique amplia as fotografias, acrescenta-lhes gráficos e explica o que há para saber sobre a pintura, o vaso grego ou o artefacto fenício.

Por vezes, o guia dá lugar a uma explicação mais elaborada em desenhos animados. São animações de alguns minutos que narram o impensável roubo de Mona Lisa em 1911 (por um italiano que tinha sido contratado pelo museu para fazer uma moldura para o quadro) e o episódio da carrinha que transportava algumas pinturas do Louvre durante a II Guerra Mundial e que derrubou fios de electricidade numa rua, deixando o Palácio de Versalhes às escuras.

Já os fãs da portabilidade (e que sejam clientes da Apple) podem descarregar gratuitamente a aplicação do museu. São mais de 100MB, o que implica um tempo de download mais longo do que o costume. Mas não é grande preço a pagar para se levar o Louvre no bolso.

British Museum

A entrada no site do British Museum (britishmuseum.org) não é das mais acolhedoras. Há muita informação dispersa e é fácil o utilizador sentir-se perdido, ir dar a alguns becos sem saída (como imagens sem qualquer explicação) ou até avançar para links que não dão para página nenhuma. Mas tem também algumas funcionalidades que fazem com que a visita valha a pena. Uma delas são as páginas de temas.

Com recurso ao acervo do museu, o site guia o utilizador por temas vastos. Por exemplo, na página dedicada ao dinheiro fica-se a saber que, em algumas ilhas do Pacífico, penas de aves são usadas para pagamentos. E, na minúscula ilha de Yap, grandes círculos de pedra com um buraco no meio são usados como moeda de troca - a diferença é que mudam de dono, mas permanecem sempre no mesmo sítio.

Um dos projectos mais interessantes no site do British Museum é a história do mundo contada em objectos, uma parceria com a BBC. Para além dos podcasts, do blogue e das galerias de fotografias, a história do mundo em objectos tem uma imensa cronologia interactiva, onde o utilizador pode navegar através de uma espécie de túnel de objectos - quanto mais o utilizador avança, mais se aproxima dos tempos actuais. É possível filtrar objectos por tamanho, área temática, data, material de fabrico, cor e localização geográfica. E quem quiser pode enviar fotos de objectos para figurarem nesta gigantesca cronologia.

Para os interessados, o museu tem também uma loja online. Um gato egípcio de bronze, por exemplo, fica-se pelos 2700 euros. American Museum of Natural History

Para as crianças (e jovens aspirantes a cientistas), o site do American Museum of Natural History (amnh.org) oferece um arsenal de jogos online e experiências que se podem fazer em casa (umas simples luvas de lavar a louça podem explicar por que é que as baleias não têm frio em águas geladas).

Quem criou o site parece ter apostado em surpreender o visitante com todo o tipo de factos curiosos. Logo na primeira página, há uma secção chamada “Surpreendam-me”, que mostra links para páginas com informação pouco conhecida (e há um botão, algo viciante, com o texto “Surpreendam-me outra vez”, que permite ir mudando os links desta secção).

Uma das surpresas: água virtual é o nome dado à água usada para produzir ou criar algo (cultivar arroz, fabricar o papel de um livro, criar uma vaca); uma chávena de café implica 280 litros de água virtual e um hambúrguer cerca de 2400.

Em algumas páginas, o museu também vai mostrando pequenas curiosidades que não estão necessariamente relacionadas com o conteúdo a que se está a aceder: as células do cérebro são as únicas no corpo humano que não se reproduzem; em média, um relâmpago mede apenas 2,5 centímetros; as cobras podem apanhar malária; as águias não conseguem caçar quando está a chover.

O museu tem ainda uma aplicação para iPhone, iPod Touch e iPad destinada aos aficionados dos dinossauros. Ao abrir a aplicação, o utilizador depara-se com centenas de fotografias que formam, em mosaico, a cabeça de um dinossauro. As fotos podem ser do fóssil de um animal ou de arqueólogos do século passado em actividade de exploração. Amplia-se o mosaico e cada fotografia é o ponto de partida para um texto informativo ou uma história.

Museu dos Coches

O site do Museu dos Coches (museudoscoches-ipmuseus.pt) é muito simples, mas a secção de visitas virtuais merece o clique. Uma janela na página oferece uma vista panorâmica para as várias salas do museu. A imagem é composta por fotografias de boa qualidade e a experiência assemelha-se a estar parado num ponto da sala e poder olhar à vontade para qualquer ponto, dos coches aos tectos trabalhados.

San Francisco Museum of Modern Art

Este site (sfmoma.org) prima pela quantidade. Tem um arquivo de centenas de vídeos com depoimentos e entrevistas várias, desde Andy Warhol a definir em 15 segundos o que é a pop art, até explicações mais detalhadas de artistas ou críticos sobre uma obra (os vídeos, porém, raramente ultrapassam os dois ou três minutos).

Numa secção chamada “Interactive features”, o utilizador é de novo confrontado com dezenas de opções, cada uma com um site próprio, que permite explorar a fundo (com cronologias, vídeos, testemunhos de especialistas, e imagens detalhadas) um artista, uma determinada obra ou mesmo um episódio específico na vida de um artista.

Uma destas features, por exemplo, revela como foi descoberto um quadro escondido num outro quadro de Picasso: em 1997, um estudioso fez radiografias a vários quadros de Picasso guardados no museu de São Francisco e descobriu que por baixo de uma das pinturas estava um outro quadro, pintado anteriormente. No site, uma ferramenta permite passar gradualmente da pintura mais recente para a que está por baixo e perceber que Picasso aproveitou alguns traços do primeiro quadro.

Os interessados podem ainda seguir o blogue do museu, em http://blog.sfmoma.org , que é actualizado com muita regularidade e inclui desde fotografia de novas peças e exposições a entrevistas com artistas.

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