Organização oferece acesso digital a documentos procurados por professores e sobreviventes do Holocausto
The New York Times | Último Segundo
Os judeus são conhecidos por suas andanças, mesmo que não tenham sido por opção, e uma das crônicas mais radicais de suas migrações foi armazenada no Comitê de Distribuição Americano-Judaico, uma organização de ajuda e resgate que tem quase 100 anos de existência.
Seus arquivos são procurados por estudiosos, genealogistas e, mais intimamente, por descendentes de refugiados de guerra que esperam descobrir por quais aventuras seus antepassados tiveram de passar. Mas investigar os registros é muitas vezes uma aventura por si só, exigindo pesquisas por meio de índices, microfichas, cartões e pastas de arquivos localizados em Manhattan, Queens, Nova York e Jerusalém. Em um mundo digitalizado, esse tipo de esforço parecia se tornar cada vez mais arcaico.
Foto: NYT
Linda Levi, diretora do arquivo do Comitê de Distribuição Americano-Judaico, caminha por depósito em Nova York (02/03)
Agora, a organização, que é amplamente conhecida como O Arquivo e ajudou comunidades judaicas em 79 países com alimentação, escolaridade e formação profissional, está prestes a colocar uma grande parte de seus arquivos on-line. Haverá um índice acessível para cada registro, documento e fotografia armazenada, uma ferramenta essencial considerando que os arquivos contêm mais de 500 mil nomes e 100 mil fotografias.
"O bom sobre disponibilizar as informações on-line é que você basicamente amplia o seu público, pois as pessoas já não precisam vir até Nova York para fazer tais pesquisas", disse Marion A. Kaplan, professora de história judaica moderna na Universidade de Nova York. Ela usou os registros de papel da organização para escrever um livro em 2008 sobre um acordo agrícola pouco conhecido envolvendo 800 refugiados em Sosua, República Dominicana, durante a Segunda Guerra Mundial.
Entre os tesouros encontrados no arquivo estão: uma fotografia de um jovem Leonard Bernstein realizando um concerto para sobreviventes dos campos de concentração em um campo de refugiados em Feldafing, Alemanha, por volta de 1948; uma fotografia do jovem Marc Chagall tirada em 1921, quando ele dava aulas em uma casa perto de Moscou para os órfãos da Primeira Guerra Mundial; cartas de Hirsch Manischewitz, da família fabricante de pão matzo e vinho, defendendo a necessidade de enviar matzos aos judeus sitiados da Rússia; cartas relatando a odisseia de Elias Canetti, o búlgaro vencedor de um Prêmio Nobel de literatura que fez parte de um comboio conjunto organizado de judeus sefarditas que viajaram através da Europa ocupada pelos nazistas até Lisboa.
Primeiramente, apenas registros escritos de 1914 a 1932 estarão disponíveis, mas eventualmente todo o rico arquivo da história judaica moderna acabará sendo digitalizado através de um processo conhecido como "reconhecimento óptico de caracteres", que converte palavras datilografadas em texto que pode ser editado e pesquisado através de um computador.
O arquivo também irá disponibilizar outros dados históricos sobre os judeus, como a compilação de 3 milhões de vítimas do Holocausto e um banco de dados pesquisável dos registros reunidos pelo Museu do Memorial das Vítimas do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington.
Bob Belenky, 80 anos, psicólogo que vive em Nova Hampshire, encontrou um antigo passaporte e cartas nos registros do arquivo que o ajudaram a fazer uma viagem para a Ucrânia na última primavera para saber mais sobre o trabalho de seu pai como especialista em trator nas fazendas coletivas da região.
O arquivo recebe 850 pedidos de pesquisa por ano. A disponibilização do acervo on-line deverá acontecer nos próximos dias. Mas os arquivos digitalizados, no entanto, não ajudarão todos.
Harry Bialor, 82 anos, um negociante aposentado que vive no Brooklyn, afirma que apesar de sua esposa usar o computador para enviar emails, ele já não se preocupa em usá-lo. "Quando comecei a usar o computador eu até dedicava uma boa parte do meu tempo a ele, mas me deparei com tantos problemas que acabei desistindo da ideia.", contou.
Por Joseph Berger
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