sábado, 14 de abril de 2012

Gulbenkian inaugura "Wikipédia" do patrimônio português

Fundação vai permitir que internautas colaborem no inventário de obras influenciadas pela presença portuguesa no mundo

tvi24 - Portugal


A Fundação Gulbenkian vai inaugurar, segunda-feira, um site que permite a interação entre vários cidadãos, a partir de partilhas de fotos e de informação sobre vários locais que fazem parte do patrimônio conhecido de influência portuguesa espalhado pelo mundo.


"A ideia é transformar a comunidade em geral em pessoas que nos ajudem a fazer esse inventário e a completá-lo", explicou à Lusa o catedrático de Arquitetura da Universidade de Coimbra, Walter Rossa, um dos 76 investigadores envolvidos no projeto.


O portal http://www.hpip.org/ partiu da obra coordenada pelo historiador José Mattoso, "Patrimônio de Origem Portuguesa no Mundo - Arquitetura e Urbanismo", publicada pela Fundação, e inventaria 1850 edifícios, obras ou cidades em 550 locais, datados de 1415 a 1999, ou seja, da data da conquista de Ceuta por Portugal ao ano em que Lisboa transferiu a administração de Macau para Pequim.


"O aspeto mais interessante e que nos levou a todos a avançar com o «site» é precisamente a vontade de completar essa informação, pois ao ser interativo, o site apela à colaboração, de facto, de todas as pessoas", sublinhou o catedrático.


"O portal permitirá a um investigador preparar uma conferência como a qualquer cidadão planear umas férias", sintetizou.


Com uma autorização, por parte do autores, os textos poderão ser copiados e as fotos descarregados, para utilização pública, na medida em que os respetivos autores cederam os seus direitos à Fundação.


"O portal permitirá a um investigador preparar uma conferência como a qualquer cidadão planear umas férias", sintetizou.


Walter Rossa afirmou à Lusa que a Fundação Gulbenkian, que está a terminar a recuperação da Fortaleza de Safim, em Marrocos, pretende com este portal "disponibilizar informação de modo a sensibilizar as respetivas populações para o patrimônio que possuem", referindo que "muito patrimônio relevante, entendido no binómio arquitetura/urbanismo, das décadas de 1950 e 1960, está a ser destruído nas ex-colónias portuguesas em África".


O estado de conservação do patrimônio de influência portuguesa no mundo "é assimétrico", disse o investigador, que referiu haver zonas como o Brasil, "onde tudo está praticamente feito de uma forma definitiva", e a Ásia, "onde haverá muitos sítios que ninguém sabe, ou onde restam apenas umas pedras".


"Há coisas perdidas no arquipélago indonésia", todavia, sublinhou "o bom estado de conservação da segunda maior fortificação da Ásia, depois da Muralha da China, que é a fortaleza de Diu, na Índia, assim como o cuidado do Estado indiano com as igrejas de Goa, classificadas como património da humanidade pela UNESCO".


Na Índia, o investigador afirmou a existência de cidades abandonadas como Chaul, que é hoje um palmeiral, ou a antiga Baçaim, atual Vasai, a norte da cidade de Bombaim.


Relativamente a esta cidade, Walter Rossa disse que «a estrutura básica é portuguesa e ainda hoje naquela metrópole imensa ali se encontram referências portuguesas», contou.


No Brasil, o investigador salientou "a longa tradição e uma escola de restauro de grande qualidade muito ligada ao Movimento Moderno, nomeadamente a Lúcio Costa, entre outros, havendo uma grande preocupação com o património".
 A gestão do portal HPIP - Heritage of Portuguese Influence/Património de Influência Portuguesa -, uma base de dados georreferenciada, apresentando a informação de forma integrada e cruzada, será gerido pelas universidades de Évora, de Coimbra, a Nova e a Técnica de Lisboa.


Segundo nota da Fundação Calouste Gulbenkian, citada pela Lusa, o conselho executivo do portal "integra especialistas de diversas instituições de ensino superior e de investigação, entre representantes das universidades parceiras, coordenadores dos volumes impressos e outros académicos cooptados pelo grupo de trabalho constituído para o acompanhamento da produção do portal". O conselho editorial é presidido por José Mattoso.

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