sábado, 10 de maio de 2014
Poderopedia, plataforma digital que revela redes de poder, lança novo capítulo na Venezuela
Em 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS) da Venezuela lançou um novo capítulo da plataforma digital Poderopedia, dedicada a informar sobre as conexões entre os poderosos do país, informou a organização. O propósito da plataforma é recompilar e apresentar informação sobre os líderes em política e negócios da nação, revelando conflitos de interesses, redes de influência e outras conexões.
Poderopedia foi inicialmente lançada em dezembro de 2012 pelo jornalista chileno Miguel Paz com a intenção de informar sobre a rede de pessoas, empresas e organizações influentes dentro de seu país. Paz e o desenvolvedor Héctor Vergara criaram o projeto com ajuda da John S. and James L. Knight Foundation, após ganhar 200 mil dólares no Knight News Challenge 2011.
A plataforma interativa permite aos usuários criar perfis de pessoas ou entidades, documentar suas funções oficiais, registrar suas conexões com outras pessoas – por exemplo se são familiares ou se foram parte da mesma organização – e visualizar estas conexões em mapas, entre outras funções. Desde o começo, Paz pensou em abrir capítulos de Poderopedia na região latino-americana com a ayuda e participação de organizações jornalísticas de cada país.
“Consideramos que Poderopedia, em sua vocação pela transparência na divulgação de dados, é um mecanismo contra a opacidade que neste momento, sobretudo, caracteriza as instituições venezuelanas, tanto públicas como privadas”, disse Marianela Balbi, diretora de IPYS Venezuela, em um comunicado.
Ao dar acesso a dados públicos e visualizações das relações de poder na Venezuela a jornalistas e cidadãos, a plataforma permite à organização aprofundar seu compromisso de “fortalecer a democracia” ao apoiar o jornalismo investigativo que vigia os poderosos, de acordo com Balbi.
No momento, Poderopedia Venezuela conta com 30 perfis de líderes políticos e econômicos do país – incluindo o presidente Nicolás Maduro e seu rival político Henrique Capriles Radonski – produzidos por uma equipe de investigação de IPYS Venezuela. A organização também recebe apoio de Transparencia Venezuela por meio da Coalición ProAcceso. Seu plano a longo prazo é ampliar os perfis para incluir temas de cultura e esporte, organizações religiosas e empresas de assessoria comunicacional para cobrir “todas as esferas do mundo público”.
Além de utilizar informação pública obtida de meios de comunicação e bases de dados governamentais, Poderopedia permite a seus usuários enviar novos documentos, que a equipe de IPYS Venezuela vai verificar antes de publicar o que for relevante para o público, conforme explicou.
“Queremos convidar jornalistas a se incorporar a esta plataforma colaborativa para ampliar e expandir os perfis e empresas que permitem ver de maneira transparente como se dão estas relações”, disse Balbi.
A plataforma publicará seu conteúdo sob a licença Creative Commons, também utilizada pelo site ProPublica, o que permite que outros periódicos e meios publiquem o material gratuitamente.
Diferentemente do Chile, Venezuela não tem leis que assegurem o acesso à informação pública ou combatam a corrupção, o que significa que Poderopedia enfrenta tanto um grande desafio como uma grande oportunidade ao abrir esse novo capítulo. O desafio é encontrar dados confiáveis que permitam criar perfis e descobrir relações entre pessoas e organizações, disse Paz a techPresident. Contudo, isso também aumenta o valor da informação que a plataforma busca divulgar.
Após a Poderopedia Venezuela, a plataforma lançará em um mês um terceiro capítulo focado nas redes de poder na Colômbia, que será administrado pela rede de jornalistas colombiana Consejo de Redacción.
“Sempre quisemos que este fosse um projeto global e não propriedade nossa”, disse Paz em sua entrevista.
Por Alejandro Martínez / Jornalismo nas Americas
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