sexta-feira, 12 de junho de 2009

Acervo de Caymmi ganha lugar no Espaço Tom Jobim

Táia Rocha, Jornal do Brasil

RIO - O baiano que cantou o mar em todos os tons vai ganhar uma homenagem tamanho família nesta sexta-feira à noite. A partir das 19h, a Casa do Acervo, no Espaço Tom Jobim do Jardim Botânico, recebe uma pequena amostra do acervo de obras e itens pessoais que foram digitalizados desde 2008 pelo projeto Acervo Digital Dorival Caymmi para o site do cantor e compositor.

A iniciativa é do Instituto Tom Jobim, que realizou o mesmo trabalho detalhado de pesquisa e digitalização do acervo de Tom e, no início do ano, dos documentos e projetos do arquiteto Lúcio Costa.

– O processo levou um ano e oito meses para se concretizar – conta Gabriel Caymmi, neto de Dorival e designer responsável pela viabilização do acervo online. – O público terá acesso a documentos como agendas pessoais, fotos, partituras, desenhos, telas a óleo, fitas, discos e recortes de jornais, entre outros.

O número de 2.500 itens que já foram digitalizados, no entanto, não vai parar de crescer:
– Como vamos continuar pesquisando e o acervo é online, vamos atualizar frequentemente e provavelmente esse número vai aumentar bastante – aposta o neto.

Apesar de demorado, o processo de classificação e catalogação dos guardados foi facilitado pelo compositor.

– Ele tinha uma secretária que organizava todo o seu acervo e o que era publicado. E ainda pedia que separasse tudo com etiquetas por ano – conta Danilo Caymmi, que estrelará com os irmãos Nana e Dori um show em homenagem ao pai, às 20h30.

Raridades e telas
A faceta menos conhecida de Caymmi, como pintor e desenhista, será abordada na mostra com seis pinturas a óleo e diversos desenhos e esboços.

– Pouca gente sabe, mas ele gostava tanto de pintar que houve uma época, nos anos 50, em que chegou a pensar em largar a música pelas telas – conta Danilo.

O público também poderá conferir raridades da carreira do cantor. Entre os achados, a gravação original do sucesso Dora, em um vinil de 78 rotações.

– Outro item curioso é a partitura de João Valentão, que ele levou sete anos para terminar. Essa história é até um pouco conhecida, mas de um jeito meio torto. As pessoas pensam que ele demorou sete anos para compor mas, na realidade, ele começou, parou em um certo ponto e com o tempo se esqueceu da música. Sete anos depois, ele teve um insight e se lembrou de que tinha uma música a finalizar – esclarece Gabriel. – Esse caso ajudou a criar o mito de preguiçoso, mas foi esquecimento mesmo.

Longe do estereótipo, Caymmi soube levar a vida como só um bom soteropolitano sabe: sem pressa. Com canções que traduzem perfeitamente a capital baiana, tornou-se um dos mais importantes compositores da música brasileira.

– Ele tem uma importância inquestionável em nossa cultura. Caymmi inventou a Bahia para o Brasil e para o mundo – exalta Paulo Jobim, presidente do Instituto Tom Jobim. – É muito importante que público conheça ainda mais sua obra e sua vida.

O site www.dorivalcaymmi.com.br , que entra em funcionamento com o acervo a partir desta sexta-feira, terá uma página voltada a pesquisadores, Acervo digital, com descrições sobre os documentos, e uma área para fãs e curiosos, Site biográfico, com itens como músicas e fotografias antigas.

Fonte: JB Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário