Sofia Moutinho
Saúde é um dos assuntos mais pesquisados na rede. Um estudo da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, revela que dos 278 milhões de acessos diários a páginas de busca na internet no mundo, mais de 12 milhões referem-se ao tema. Mas como saber qual página é confiável? Para responder a essa pergunta, os pesquisadores do Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (Laiss) pretendem criar critérios de avaliação para esses portais. Três aspectos fundamentais serão observados: a legitimidade do conteúdo, a navegabilidade da página e a legibilidade.
Usuários e especialistas serão convidados a avaliar cada um desses aspectos. O conteúdo dos portais será avaliado por especialistas da área de saúde da própria Fiocruz e de outras instituições; a navegabilidade (ou facilidade de uso) será analisada por web designers (profissionais responsáveis pela estrutura e pela aparência das páginas de internet).
Para julgar a clareza das informações apresentadas, ou seja, a legibilidade dos portais, o laboratório vai recorrer à avaliação dos pacientes do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, unidade da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz que atende à população do complexo de Manguinhos, localizado no entorno da instituição.
O objetivo do Laboratório é convidar esses usuários a avaliar de maneira crítica as informações sobre saúde disponíveis na internet. “Esse é o grande diferencial do nosso projeto”, destaca André Faria Pereira Neto, membro da coordenação do Laiss. “Entramos em contato com pesquisadores estrangeiros que avaliam portais de saúde e poucos levam em consideração a legibilidade do usuário”, ressalta. Para permitir o completo desenvolvimento do Laboratório, foi firmada parceria com o Comitê para Democratização da Informática (CDI), ONG com grande experiência em inclusão digital de populações de baixa renda no Brasil e no exterior.
Selo de qualidade
O Laiss vai criar uma lista de páginas de internet sobre saúde confiáveis. Esses portais receberão um selo de qualidade da Fiocruz. Os pesquisadores pretendem também que o Laboratório sirva como centro de reflexão e produção de conhecimento sobre a relação entre internet, usuários do sistema de saúde e profissionais da área.
Pereira Neto argumenta que o dilúvio de informações disponíveis na internet interfere na relação do paciente com sua doença, seu corpo e seu médico. “Se por vezes essas informações podem estimular o autocuidado, também podem atrapalhar um tratamento, induzir à automedicação e até matar um paciente. Por isso, é tão importante analisar a qualidade da informação presente nesses portais.”
Embora o foco do Laiss esteja nos pacientes do Sistema Único de Saúde usuários da internet, Pereira Neto ressalta a importância de orientar também os profissionais da área. “Os médicos utilizam a internet para se atualizar e também necessitam de uma lista confiável de páginas especializadas”, complementa.
Fonte: Ciência Hoje
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