quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cinco etapas para realizar uma boa pesquisa escolar (2)

2. Indicar fontes seguras

A base de qualquer pesquisa são os materiais que os alunos vão analisar. Por isso, a escolha deles deve ser criteriosa e feita, necessariamente, por você assim que começar a planejar a atividade. Deixe claro para a turma que pesquisa não se faz somente em enciclopédias e apresente fontes de diferentes gêneros. De modo geral, não podem ficar de fora os textos típicos de cada área - por exemplo, reportagens de divulgação científica, artigos históricos e resenhas literárias -, mesmo que considerados difíceis para a faixa etária dos alunos. Fique atento à sequência de leitura dos textos. Eles têm de dialogar entre si e as novas questões surgidas precisam ser respondidas pelo próximo.
Além de livros e artigos, fotos e ilustrações e arquivos de áudio e vídeo também podem ajudar. Outras alternativas eficientes, dependendo do tema e da disciplina, são entrevistas com especialistas ou testemunhas históricas e os dados coletados em saídas a campo, experimentos científicos e durante a observação de fenômenos ou situações sociais, além de levantamentos estatísticos.
A consulta à internet é um capítulo à parte. Já está claro que a pesquisa na rede sem orientação não é uma atividade pedagógica produtiva. As diferenças entre a confiabilidade do conhecimento publicado em livros e na internet foi objeto de estudo de Roger Chartier, diretor do Centro de Pesquisas Históricas em Ciências Sociais na École des Hautes Études, na França. Para ele, há um sistema de referências nas fontes impressas que minimiza a possibilidade de erro na publicação de informações. Na internet, esse filtro, quando existe, é bem menos seletivo. Explique isso aos estudantes e deixe claros seus critérios de escolha das páginas indicadas, além de acompanhá-los durante o trabalho.

Um estudo da Universidade de Buenos Aires deu pistas de como os alunos buscam informações na rede para os trabalhos escolares. Eles acessam um site de busca (como o Google) e digitam uma ou mais palavras. Em seguida, tentam avaliar a qualidade dos dados dos sites indicados, refazendo o processo várias vezes até terem alguma certeza de que nomes, números e datas conferem - um procedimento altamente complexo e que nem sempre funciona. Quando a informação pesquisada não é pontual, a prática se torna mais ineficiente.

Por fim, alerte os alunos para a importância das referências sobre cada fonte consultada (Quem é? Quando disse isso? Por quê?). Esse cuidado ajuda a chancelar a qualidade do trabalho e a demonstrar que há sempre algum viés ideológico e que não existe fonte neutra (leia o exemplo de uma pesquisa em Geografia no quadro abaixo).

Da Educação Infantil ao 2º ano

Para as turmas em fase de alfabetização, são uma boa pedida os textos curtos e com ilustrações, que ajudam a entender o assunto tratado. Reportagens de revistas, que contenham fotos, e infográficos podem atender aos mesmos objetivos. Na hora de escolher os livros de consulta, opte pelos que têm índices que façam referências claras aos temas de cada página ou capítulo. A internet deve ser usada com parcimônia, só para as dúvidas mais pontuais.

Do 3º ao 5º ano

Textos científicos e jornalísticos mais longos são adequados. Certifique-se de que eles contenham diferentes perspectivas e pontos de vista. Nessa fase, as crianças já podem lidar com a dificuldade que se apresenta quando dados não coincidem. Elas devem aprender que, diferentemente do que ocorre durante a leitura de ficção, as informações devem ser analisadas e confrontadas. Nos trabalhos em grupo, garanta que todos tenham acesso a diferentes fontes para que aprendam a comparar informações.

Do 6º ao 9º ano

Nesse segmento, a pesquisa deve ser realizada com mais autonomia. Indique fontes que tragam as informações procuradas e outras que não tratem diretamente do assunto. Na vida real, muitos dos materiais que consultamos não contêm o que buscamos. Debata com a sala o que são sites confiáveis e problemas encontrados em blogs, que muitas vezes não passam pelo crivo de um editor. Os que já estão cientes disso podem pesquisar sozinhos. Porém, durante o trabalho, eles terão de justificar por que consideram a informação confiável.

Em artigos e blogs, opiniões diversas

Professor Elias Oliveira Noronha
EE Benedita Arruda, Jundiaí, SP
Disciplina: Geografia
9º ano

- Pergunta "Qual é o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) na defesa dos direitos humanos?" A questão foi proposta durante as aulas sobre relações internacionais.
- Busca Como alternativa aos livros didáticos, que traziam informações de fontes majoritariamente ligadas à ONU, os alunos leram reportagens e assistiram a vídeos de sites noticiosos. Páginas de organizações não governamentais (ONGs) e de órgãos do governo foram indicadas para consultas a dados oficiais. Já os blogs ampliaram o leque de opiniões sobre o tema. Todas as informações eram confirmadas em pelo menos dois sites, identificados pelo link.
- Interpretação Ao analisar artigos e blogs, a garotada percebeu a diversidade de posições sobre uma única questão e a complexidade das relações entre países com posições ideológicas diferentes.

- Escrita Após ler diversos artigos e aprender as características desse gênero, os jovens produziram artigos.

- Socialização Os textos produzidos foram lidos em voz alta para toda a sala.

A cada leitura, se seguia um momento de debate mediado pelo professor.

Fonte: Nova Escola

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