sexta-feira, 7 de março de 2014

Os livros podem nos enraizar em algo maior do que nós mesmos



"Artefatos físicos trazem consigo memórias e significados, algo tão verdadeiro, sejam importantes textos históricos, sejam amados livros infantis. Quando me sento em uma biblioteca, cercada por altas estantes cheias de livros, posso sentir a história profundamente rica da erudição, e sinto-me humilde e inspirada. Essa manifestação da realidade também é válida para outros tipos de artefatos além dos livros. Todos podemos ler sobre o Holocausto, ou sobre o lugar onde Emily Dickinson escreveu sua "Carta ao Mundo", ou sobre onde Jim Morrison foi sepultado. Todos podemos ver fotografias online desses lugares. No entanto, ano após ano, milhares de pessoas continuam a visitar Auschwitz, The Homestead e o cemitério Père Lachaise. Suponho que nosso desejo de estarmos sempre próximos dos livros advenha de um impulso semelhante: os livros podem nos enraizar em algo maior do que nós mesmos, algo real. Por este motivo, creio que os livros encadernados, feitos de papel, sobreviverão, até mesmo muito tempo depois de os livros eletrônicos se tornarem populares. Quando caminho por uma rua e vejo pessoas passarem por mim, absortas no universo de seus iPods ou telefones celulares, não posso evitar pensar que a nossa conexão intangível. É essa conexão que torna os velhos livros que pertenceram aos meus pais e aos meus avôs tão especiais para mim, e o que faz do Kräutterbuch algo tão sublime.


Trecho do livro O homem que amava muitos os livros: a história real de um ladrão bibliófilo, um detetive e os bastidores do universo dos colecionadores literários. São Paulo: Seoman, 2013


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