segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Nos EUA, livros impressos continuam subindo enquanto que os digitais caem


País é o sexto mapeado pela série #PubMagNet em 2018. Por lá, as vendas de livros impressos cresceram 1,9% na comparação com 2016. Já os digitais tiveram queda de 4,4% só no primeiro semestre de 2017

Publishnews

No fim de janeiro, um grupo de jornalistas e analistas da indústria global de livros se reuniu em Oslo para a primeira reunião da PubMagNet de 2018. Como resultado desse encontro, o PublishNews vem publicando desde o início deste mês uma série com os principais destaques de cada um dos países representados na reunião da Noruega. O sexto mercado mapeado pela série PubMagNet 2018 é o dos EUA. Andrew Albanese, editor da Publishers Weekly, foi quem esteve na reunião e analisou a performance do País do Tio Sam no que diz respeito a livros em 2017.

Ele ressaltou que, como já virou mantra por lá, nenhum novo título chegou a vender mais de um milhão de cópias impressas durante 2017. Apesar disso, houve um crescimento de 1,9% na venda desse formato na comparação com o ano anterior. O Bookscan (ferramenta da Nielsen que monitora cerca de 85% do mercado norte-americano) reportou a venda de 678,3 milhões de unidades no ano passado versus 674,1 milhões vendidas em 2016. Andrew lembra que isso já se tornou uma tendência consolidada, já que desde 2013, as vendas de livros impressos têm crescido por lá. No entanto, ressalta que, apesar do aumento no volume, o faturamento não acompanhou e fechou 2017 estável.

O único segmento que apresentou uma discreta queda (-1%) foi o de Ficção Adulta. Os dois livros mais vendidos em 2017 foram Extraordinário, de R.J. Palacio e Outros jeitos de usar a boca, de Rupi Kaur que foram publicados original e respectivamente em 2012 e 2015. Entre os livros mais vendidos publicados em 2017, destaca-se Diário de um bananaapertem os cintos, cujas vendas somaram mais de 990 mil cópias.

Albanese observa que os audiolivros apresentaram crescimento impressionante de 24,6% na comparação com 2016, mostrando que esse formato tem sido a bola da vez por lá (também). Na contramão disso, os e-books continuam em baixa. “Depois de alguns sugerirem que o declínio nas vendas de e-books estava prestes a atingir o fundo, esse fundo mostrou-se mais fundo e a queda continuou em 2017”, comentou. De acordo com estatísticas da Associação Americana de Editores (APA), as vendas de e-books caíram 4,4% só no primeiro semestre. Em julho, nova queda de 16% e em agosto, de 9,6%. Os números do fim do segundo semestre ainda não foram apurados. Andrew lembra que isso não é motivo de alarme. Não pelo menos nas grandes casas editoriais e lembrou que Markus Dohle, CEO global da Penguin Random House, declarou na última edição da Feira de Frankfurt que vê uma “coexistência saudável” dos mercados de livros impressos e digitais e que estima que esse equilíbrio chegará a 80% de impressos e 20% de digitais.

Além disso, alguns movimentos já no início de 2018 mostram que há muito o que percorrer com os e-books. Entre eles, Albanese destaca a parceria entre Kobo e Walmart através da qual a grande varejista passou a comercializar e-books da nipo-canadense e a notícia de que a Apple está investindo para voltar à luta contra a Amazon pelos livros digitais.

Albanese ressaltou que continua sendo muito difícil mapear e medir o mercado de autopublicação, mas há estimativas que consumidores gastaram US$ 1,25 bilhão com livros autopublicados. Isso representa cerca de 300 milhões de cópias; 43% de todos os dólares gastos com livros digitais nos EUA ou 24% daqueles gastos com livros (não importando aqui os formatos). “Apesar disso, as principais editoras não mostram nenhum interesse (ou habilidade) para entrar nesse mercado de forma significativa. E isso deixa esse mercado para a Amazon operar praticamente sozinha”, analisa.

Um exemplo disso veio da Macmillan. A gigante comprou a Pronoun, uma plataforma de autopublicação fundada originalmente como Vook. À época, a direção da Macmillan dizia que estava interessada nos dados da plataforma e em como ela poderia impactar a sua linha editorial. No entanto, em novembro passado, a Macmillan jogou a toalha alegando que “não havia um caminho para um modelo de negócios rentável”.

Livrarias
Albanese avaliou que a direção da Barnes&Noble continua trocando os pés pelas mãos. “Foi outro ano caótico e preocupante”, disse o editor sobre a rede de livrarias dos EUA. Em abril, a varejista chegou a trocar o seu CEO, mas ainda assim fechou o ano fiscal no vermelho e teve suas vendas de fim de ano decepcionantes.

Na contramão disso, as livrarias independentes tiveram outro ano de crescimento. De acordo com relatório da Associação Americana de Livrarias (ABA), há cinco anos, esse canal tem crescido de forma sustentável. “Mas os desafios persistem – não só políticos, mas também com relação ao poderio da Amazon”, ressalta Albanese.


Um comentário:

  1. Livro impresso x digital, na minha opinião, é uma questão de dualidade, não de dualismo. Espaço para ambos.

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