quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Biblioteca do Congresso americano apresenta portal da Divisão de Livros Raros e Coleções Especiais.
As coleções alojadas em "The Rare Book e Special Collections Division" totalizam quase 800.000 livros, abrangendo quase todas as eras e assuntos mantidos em mais de 100 coleções separadas. Todas essas coleções oferecem documentação acadêmica sobre as tradições de vida e de aprendizagem ocidentais e americanas.
O acervo teve seu início no desejo de Thomas Jefferson de criar uma biblioteca para estadistas e para os povos da nova nação. Depois que os britânicos queimaram o Capitólio e sua biblioteca em 1814, Jefferson ofereceu vender sua coleção de livros ao Congresso.
Destaques da coleção:
- Manuscritos medievais (1300-1320) - http://bit.ly/2z1NGc8
- Bíblia de Gutenberg (1454) - http://bit.ly/2yjiaqo
- Declaração de Independência (1776) - http://bit.ly/2z3ylFw
- O Federalista (1787), cópia de Thomas Jefferson - http://bit.ly/2yjrFGe
- O Mágico de Oz, primeira edição (1900) - http://bit.ly/2A3Rtn7
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Mais de 260 mil obras digitais da Biblioteca do Senado podem ser baixadas gratuitamente pela internet
A Biblioteca Digital do Senado, que em dois meses completará dez anos de existência, disponibiliza para download gratuito na internet mais de 260 mil documentos. O acervo digital reúne, entre outros itens, livros, obras raras, artigos de revistas, notícias de jornal, textos de senadores e servidores do Senado e legislação, inclusive em áudio.
Segundo o chefe do Serviço de Biblioteca Digital, André Luiz Lopes de Alcântara, as obras são de domínio público ou cedidas pelos proprietários dos direitos autorais. O público-alvo, afirma, é formado principalmente por estudantes de direito e história, pesquisadores e outras pessoas interessadas em obras com teor histórico e legislação.
As publicações podem ser acessadas no endereço www.senado.leg.br/biblioteca. Cerca de 2,5 milhões de downloads são feitos anualmente, de acordo com André Luiz.
— Por mês, são em média 205 mil downloads. As obras mais baixadas são o Código Civil em áudio e a Constituição federal, também em áudio. A partir do momento que o usuário encontra o material que deseja, ele pode salvá-lo e imprimi-lo livremente. A gente só pede que a fonte seja citada — diz.
A preservação e a divulgação estão entre as principais funções da Biblioteca Digital, destaca André Luiz. Segundo ele, o conteúdo disponível se destaca pela qualidade e segurança.
— Hoje a internet tem muito conteúdo de qualidade duvidosa. As bibliotecas digitais, entre elas a do Senado, se destacam por oferecer um material de alta qualidade, que passa pelos cuidados de diversos profissionais. É uma fonte segura de pesquisa.
André Luiz afirma que atualização do acervo digital é feita conforme a aquisição de novos livros e a produção intelectual da Casa. Novos artigos são disponibilizados semanalmente na página. Já as notícias dos jornais são inseridas diariamente.
— O ritmo da publicação dos livros costuma ser um pouco mais lento, já que também depende da autorização [dos detentores] dos direitos autorais.
Obras raras
Aproximadamente 1,4 mil obras raras, algumas com mais de 300 anos, também compõem o acervo da Biblioteca Digital. O livro mais antigo é o Novvs Orbis seu Descriptionis Indiae Occidentalis, de Johannes de Laet, datado de 1633. Trata-se de uma descrição geográfica, etnológica e linguística da América, além de relatos e desenhos de animais e plantas da região, com especial destaque para o Brasil.
Outra obra de grande valor histórico é a versão digitalizada do decreto que aboliu a escravatura no Brasil, dando origem à Lei Áurea. O documento é assinado pela Princesa Isabel (1846-1921), cujo nome completo era Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon.
— São obras históricas e fonte de pesquisas primárias — ressalta André Luiz.
Edilson Rodrigues/Agência Senado
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Baixe livros e jornais na Biblioteca Digital de obras raras da USP
A plataforma foi inaugurada em 2003, com apoio do CNPq por meio de um projeto do SIBiUSP e da Comissão Central de Informática, coordenado pela Profa. Dra. Laura de Mello e Souza (FFCLH-USP) onde foram digitalizados 38 livros do século XV a XVII. Clique aqui e confira todos os itens.
Reprodução
Páginas ilustradas de “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes
A ideia do SIBiUSP é democratizar o acesso à informação e ao acervo significativo e de alto valor histórico sob a guarda da universidade.
via Catraca Livre
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Biblioteca Digital do Senado disponibiliza obras raras com mais de 300 anos
Entre os 260 mil documentos de interesse do Poder Legislativo, obras raras com mais de 300 anos fazem parte do acervo digital da Biblioteca do Senado. O livro mais antigo é o Novvs Orbis seu Descriptionis Indiae Occidentalis, de Johannes de Laet, datado de 1633. Trata-se de uma descrição geográfica, científica, etnológica e linguística da América, além de relatos e desenhos dos animais e plantas da região, com especial destaque para o Brasil.
Da Coleção Digital de Obras Raras também constam revistas e manuscritos. A Revista Moderna, impressa em Paris a partir de 1897 é um dos destaques do acervo, com o que havia de mais avançado em jornalismo na época, primando por reportagens elaboradas e a cobertura dos acontecimentos mais marcantes.
Em breve serão incluídos outros títulos como o jornal ilustrado Don Quixote, uma publicação de sátira política, editada e ilustrada por Angelo Agostini, que circulou entre 1895 e 1903.
Ainda são poucos os manuscritos digitalizados, mas todos muito relevantes. Um deles é o autógrafo da Lei Áurea, pertencente ao Arquivo do Senado, sendo um dos documentos mais acessados. Outro bastante procurado é composto por versos de Machado de Assis, intitulado O Casamento do Diabo, que é acompanhado por uma versão digitada para ajudar na compreensão do texto.
Acesso
A Biblioteca do Senado oferece 916 obras raras e valiosas digitalizadas, dentro da coleção específica que possui 7.548 volumes. As obras foram restauradas e estão à disposição de qualquer pessoa conectada à Internet. A restauração e conservação do acervo permitiram a digitalização e facilitaram o acesso. Os arquivos digitais reproduzem fielmente todas as características das obras.
O processo de disponibilização desse material demanda tempo e exige diversos cuidados, como informa a bibliotecária Clara Bessa da Costa, do Serviço de Biblioteca Digital.
— Na etapa de seleção analisamos se as obras estão em condições de passar pelo processo de digitalização, que é realizada com todo o cuidado para que não haja nenhum dano ao material. Depois os arquivos em alta resolução são conferidos e convertidos para PDF para facilitar o download pelas pessoas que acessarem nosso acervo — explicou.
Em 2014, os arquivos da Biblioteca Digital do Senado foram visualizados mais de 2,2 milhões de vezes. As obras publicadas são de domínio público ou têm os direitos autorais cedidos pelos proprietários, possibilitando o download gratuito.
Pesquisa
Para pesquisar na Biblioteca Digital do Senado, basta acessar o portal e informar o nome do autor, título ou assunto procurados. A pesquisa avançada também permite selecionar a coleção (entre livros, legislação em texto e áudio, jornais e revistas, produção intelectual de senadores e servidores do Senado e documentos diversos).
Clara Bessa da Costa explica que não é necessário nenhum tipo de cadastro.
— Porém, se o usuário quiser ficar atualizado com nossas novidades basta se cadastrar para receber um e-mail com o link dos novos itens incluídos na coleção que ele escolher.
Agência Senado
terça-feira, 27 de março de 2012
Biblioteca digitial preserva tesouros culturais do Egito
Para preservar e dar acesso a séculos de história egípcia e do Oriente Médio, a Universidade Americana no Cairo lançou recentemente os Livros Raros e Coleções Especiais da Biblioteca Digital - Rare Books and Special Collections Digital Library (RBSCDL).
A biblioteca digital é aberta e acessível a nível mundial, e apoia a investigação e o ensino das artes, da cultura e da sociedade do Egito e do Oriente Médio, fornecendo acesso on-line para exclusivos recursos do patrimônio cultural.
"Antes das bibliotecas digitais, os pesquisadores tinham que visitar as coleções especiais da biblioteca com horário limitado e não podiam levar os materiais para estudo em casa", disse Carolyn Runyon, arquivista coleções digital.
"Projetos de digitalização, como as apoiadas pelo RBSCDL, permitem que pesquisadores de todo o mundo tenham acesso aos nossos materiais a qualquer momento."
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Biblioteca Bodleiana disponibiliza "tesouros"
sábado, 7 de maio de 2011
Laboratório de Digitalização de Obras Raras Fiocruz
Vídeo de apresentação Laboratório de Digitalização de Obras Raras ICICT Fiocruz
Direção e Montagem: Raul Santana @rauljss
Câmeras: Raul Santana Vinicius Marinho
Elenco: Vinicius Marinho @vinimarinho Wender Roberto @WenderRoberto
Textos: Anelise Tolotti Dias Nardino e Sônia Elisa Caregnato. O futuro dos livros do passado: a biblioteca digital contribuindo na preservação e acesso às obras raras
domingo, 3 de abril de 2011
Biblioteca do Senado: obras raras e históricas ajudam a contar a história do Brasil
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Obras raras, bancos de dados internacionais, coleção de acessibilidade em áudio e volumes em multimeios, como CDs, DVDs e microfilmes. Esses são alguns dos serviços oferecidos pela Biblioteca do Senado Federal, em Brasília, que permite o acesso ao público em geral, no período da manhã.
Ao todo, o acervo da biblioteca, que leva o nome do acadêmico e ex-senador Luiz Viana Filho, envolve mais de 500 mil volumes entre dicionários, enciclopédias, livros e periódicos. Cerca de 60% das obras são relacionados ao campo do direito e os 40% restantes estão focados, principalmente, em ciências sociais. O objetivo principal da biblioteca é atender às necessidades de consultas de senadores e assessores técnicos.
“Desde a formação original da biblioteca, ela tem como orientação principal dar apoio ao Senado e ao Congresso Nacional. Nós somos uma biblioteca parlamentar”, esclarece a diretora, Simone Bastos Vieira.
O atrativo principal, contudo, fica por conta do acervo de obras raras. A biblioteca foi criada em 1826, durante o Império - a segunda do país a ser criada, ainda no Rio de Janeiro - e recebeu todos os documentos importantes que contam a história do Brasil, desde o período em que era uma colônia portuguesa.
“São documentos da Guerra do Paraguai, o Tratado de Tordesilhas, coisas que significavam as relações internacionais do Brasil naquela época. Existe ainda um material sobre a Missão Cruls, que só a biblioteca tem”, conta Simone. A Missão Cruls foi a primeira iniciativa para mudar a capital para o Planalto Central. O então presidente, Floriano Peixoto, nomeou a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, que fez a demarcação do Distrito Federal e a comitiva levou o nome do seu chefe, o astrônomo de origem belga Luís Cruls.
O documento mais antigo da biblioteca é o Novvus Orbis, obra de 1630 que descreve a chegada dos holandeses na América. Ele e outros 249 volumes considerados mais relevantes estão digitalizados e disponíveis para consulta na internet.
Eles formam a primeira parte do projeto de digitalização das 6.400 obras raras da biblioteca. Inicialmente, 250 volumes passaram por um processo de restauração. Agora, eles estão disponíveis para serem consultados no site da instituição. Estão entre elas também o Voto das Graças, do escritor e ex-senador José de Alencar.
Trata-se de um discurso proferido por ele em seção plenária de 20 de maio de 1873. “Nós solicitamos a consultoria de um historiador especialista em Brasil e ele selecionou as obras mais importantes para a história do país e do Parlamento”, conta Simone. A partir de maio, mais 250 volumes terminarão de ser restaurados e digitalizados.
Quem entrar no site da Biblioteca do Senado Federal poderá ainda acessar os códigos brasileiros em áudio. Dessa forma, garante a diretora, quem não enxerga ou tem problemas de mobilidade que atrapalham a leitura pode ouvir cada artigo dos códigos.
Há ainda 50 bases de dados internacionais, banco de notícias eletrônicas com os principais jornais do país e uma coleção de recortes de jornais. A coleção conta com 55 mil exemplares e 2,7 milhões de artigos, de 12 jornais brasileiros desde 1974.
O atendimento ao público, contudo, é reduzido, só disponível pela manhã. Além disso, para quem não é funcionário do Senado ou senador, não há empréstimo de obras, apenas consulta nas dependências da biblioteca. Os funcionários do Senado podem utilizar a biblioteca também no período da tarde.
Mesmo assim, cerca de 300 pessoas circulam todos os dias pelo local e a diretora alega que os 90 funcionários que a instituição possui não são suficientes para fazer o atendimento e manter todos os projetos em funcionamento. “A biblioteca do Congresso americano tem 2.400 funcionários. Dá pra ver a diferença.”
Edição: Lana Cristina
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Projeto da UFRJ digitaliza livros da Coleção Brasiliana
Leia a matéri a completa na Folha de S. Paulo
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Raridades na internet
Roberta Pennafort / RIO - O Estado de S.Paulo
Roberta Pennafort / RIO - O Estado de S.Paulo
.jpg)
Na estreita rua Luís de Camões, fica um prédio histórico que por vezes é confundido com uma igreja. Há quem se benza diante das cruzes que ornamentam sua fachada, sem perceber que a liturgia ali está ligada à literatura, e não a uma religião. Inaugurado pela Princesa Isabel, o prédio de estilo neomanuelino, em pedra lavrada, no centro do Rio, abriga o Real Gabinete Português de Leitura desde 1887, quando português se grafava com "z". Sem dúvida, vale a visita. Mas de longe também se pode conhecer uma parte especial de seu acervo, único no País.
Na página da instituição na internet ( www.realgabinete.com.br ) estão disponíveis obras raríssimas, datadas em sua maioria do século 19, devidamente digitalizadas. Curiosos e amantes de literatura e da língua portuguesa se deliciam com os manuscritos do romancista Camilo Castelo Branco de seu livro mais conhecido, Amor de Perdição (1862) e do Dicionário da Língua Tupy, de Gonçalves Dias (1858). Uma boa amostragem da correspondência pessoal de Castelo Branco também foi para a rede.
Estudiosos de áreas diversas têm acesso fácil a documentos mandados da colônia a dom João VI em 1817, cartas régias assinadas pelo Marquês de Pombal, do século anterior, textos de autoria de Padre Antonio Vieira (não se sabe se grafado por ele ou por copistas), diplomas, ofícios, decretos, aquarelas, desenhos a bico de pena, além de atas de reuniões do Real Gabinete. As homenagens, no Brasil, por ocasião do tricentenário da morte de Camões, em 1880, foram assunto de uma série de cartas,
São mais de 1.500 itens já contemplados. Com um zoom, mais do que observar a grafia e o léxico de tempos idos, é possível chegar aos detalhes de todos esses papéis, ver as ranhuras, as marcas do tempo. Foi para tentar diminuir esse impacto do passar dos anos que o projeto foi criado. "Queremos resguardar obras e manuscritos mais raros. Até meses atrás, se passasse na nossa avaliação, a pessoa poderia pegar com as próprias mãos documentos de 200 anos", conta o presidente do Real Gabinete, o economista português Antonio Gomes Costa, 59 dos 76 anos no Brasil - está na função há 18.
O trabalho ainda está em andamento: falta digitalizar, por exemplo, as Ordenações de D. Manuel, de 1521, e os Capitolos de Cortes e Leys Que Sobre Alguns Delles Fizeram, de 1539. Para tanto, será preciso dinheiro - algo difícil de se ver por lá. "Como nos mantemos? Por milagre. Não temos receita própria nem recebemos recursos de governos. Temos 5.000 associados, sendo 200 só os que pagam, e R$ 30 por mês. Tudo é com patrocínio", conta o presidente, citando associados ilustres: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, alguns membros da Academia Brasileira de Letras, gente que tem o privilégio de poder levar livros para casa. Para conseguir dar conta da digitalização, ele conseguiu 40 mil com a fundação portuguesa Calouste Gulbenkian. Na próxima visita de seu presidente, inclusive, para um lançamento, seu Antonio vai aproveitar para pedir mais verba, para a etapa seguinte do projeto.
Expansão. Presente de Portugal para o Brasil, criado em 1837, num prédio menor, o Real Gabinete não se expande só pela internet, mas também fisicamente. Seus dois prédios vizinhos foram comprados pela instituição. O da direita já está abarrotado de livros; quanto ao destino do outro, ainda há dúvidas. "Estamos estudando, pode virar um novo espaço para o leitor, com computadores para leitura de e-books", diz o antenado seu Antonio, que veio adolescente para a "terra das oportunidades".
A sede, construída de 1880 a 1887, tem 380 mil volumes de várias áreas do conhecimento. Como a nossa Biblioteca Nacional, que recebe tudo que é publicado por aqui, ao Real Gabinete é enviada uma cópia de toda a produção portuguesa. É a única instituição fora de Portugal com a prerrogativa - virou o maior acervo de livros lusitanos fora de lá.
Seu interior é tão belo que atrai diretores de novela, clipes de música, filmes. Muitos querem o Real Gabinete como locação - e são bem-vindos, já que os aluguéis ajudam na manutenção. "Durante 100, 150 anos, vivemos encolhidos aqui, sem divulgação. Acho que os portugueses tinham medo de divulgar, por recato. Agora, não mais", garante seu Antonio.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
África mais acessível

Por Alex Sander Alcântara
Agência FAPESP - O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP) começou a disponibilizar na internet livros e documentos raros sobre a África produzidos do século 16 ao 19.
O projeto Brasil África, que tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa - Regular, já construiu a base de dados sobre os documentos para facilitar a pesquisa detalhada das referências e começa a digitalizar imagens.
De acordo com a Márcia Moisés Ribeiro, pesquisadora do IEB e coordenadora do projeto, o objetivo é permitir o acesso a livros e documentos raros sobre o continente africano.
“O IEB possui uma das mais importantes bibliotecas de livros raros de São Paulo. A ideia foi construir um banco de dados para reunir informações sobre esses documentos e obras que, em seguida, serão digitalizados e disponibilizados”, disse à Agência FAPESP.
Márcia atualmente desenvolve o projeto de pesquisa “Medicina e escravidão nas dimensões do universo colonial: a América portuguesa e o Caribe francês no século 18”, que será concluído no fim do ano.
O site já conta com informações detalhadas sobre cada documento selecionado. “Há dados sobre autor, obra, data e local da publicação. A base de dados traz também um breve resumo de cada documento indicado”, explicou.
É possível encontrar documentos que envolvem as mais diversas áreas sobre o continente, como história, geografia, medicina, religião e temas relacionados ao tráfico de escravos.
“São livros raros de viagem, de medicina, sobre a fauna e flora, além da história e das religiões africanas. Sobre a escravidão, há assuntos relacionados ao comércio e tráfico negreiro, como condições da travessia desses escravos, entre outros temas”, disse Márcia.
O processo de digitalização dos documentos da base de dados foi iniciado em maio e a previsão é que até o fim deste ano todas as obras estejam disponíveis no site.
A pesquisadora estima a existência de cerca de 600 documentos e livros raros sobre a África nas
várias coleções do IEB. “Até agora trabalhamos apenas com os documentos da biblioteca do IEB, que tem cerca de 300 documentos que já estão no banco de dados, mas ainda não disponíveis na versão digital, que será disponibilizada em julho. A próxima etapa será a documentação do arquivo, no qual se encontram os manuscritos”, destaca.
Nos manuscritos há diversas correspondências entre governantes da África e governadores das capitanias brasileiras. “É uma documentação rica, sobretudo porque muitos são documentos únicos”, disse Márcia.
Divulgar e preservar
De acordo com a historiadora, a ideia surgiu a partir de sua própria pesquisa. “Trabalho com história da medicina e escravidão no período colonial e, ao ter contato com o material no IEB, percebi que o instituto guardava documentos e livros importantes para historiadores”, contou.
Grande parte dos temas envolvendo o continente africano, segundo ela, era estudada principalmente pela relação com a escravidão. “Mas, nas últimas décadas, outros temas relacionados à África têm despertado interesse de pesquisadores. A história do continente, por exemplo, só passou a ser obrigatória como disciplina há cerca de dez anos, nos programas das universidades. Mas ainda é restrita, quando comparada com a história da América, por exemplo”, destacou.
Márcia salienta que, ao ampliar o acesso a textos e imagens raras - com possibilidades de impressão -, será possível estimular os estudos de forma geral sobre o continente.
“Além de democratizar o acesso pela internet, a digitalização é uma forma de preservar as obras raras, evitando o manuseio excessivo e desgaste”, disse.
Mais informações: www.ieb.usp.br/online/telaSubCateg.asp?id=23
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Musicólogos investigan un importante códice medieval

El investigador Don Michael Randel, propone que talvez se trate del Santo Grial del canto litúrgico pregregoriano
Este valioso Antífonario esta albergado en la catedral de León, España. Es un texto que ha quedado sumido en el olvido, pero podría cambiar la concepción musical y su evolución.
Los estudiosos afirman que las palabras escritas en el texto significarían un descubrimiento universal: "la primera transcripción polifonica del mundo...", señala el investigador Don Michael Randel. El problema al que nos hemos enfrentado los musicologos es que las notas del manuscrito son indesifrables, "las grafías están ubicadas en folios sin rayas ni pentagramas", añadió el estudioso
El documento contiene unas dos docenas de composiciones que se han adivinado porque también existen en otras anotaciones musicales posteriores. Pero hay otras miles imposibles de interpretar.
Don Michael Randel es uno de los expertos convocados al Simposio Internacional sobre el Antifonario de León, el canto mozárabe (viejo-hispánico) y su entorno litúrgico musical que se celebrará ahí mismo en marzo del año que viene. Un encuentro organizado por la Sociedad Española de Musicología, el Cabildo de la Catedral de León y el Instituto Nacional de las Artes Escénicas y de la Música del Ministerio de Cultura (INAEM) para reivindicar la relevancia de este documento artístico de primer orden y recuperar el lustre de los cantos litúrgicos cristianos como generadores de la tecnología musical moderna.
La Dirección General del Libro, Archivos y Bibliotecas esta promoviendo la digitalización del Antifonario de León, cuyo resultado formará parte de Europeana, la biblioteca virtual europea.
Fonte: Informador
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Biblioteca da Universidade de Cambridge vai disponibilizar na internet livros raros sobre fé e ciência
By Richard Alleyne, Science Correspondent

Cambridge University Library Photo: REX FEATURES
The gift from the former businessman Dr Leonard Polonsky will be used to start the Digital Library for the 21st Century create an infrastructure capable of digitising the vast collection housed at the 600-year-old institution.
Digitisation will be completed in stages, with the first collections to be called "The Foundations of Faith" and "The Foundations of Science".
Among the Library's religious collections are some of the world's most ancient Qur'ans and an eighth century copy of the Surat al-Anfal, the Qur'an's eighth chapter.
Judaism is represented by the Taylor-Schechter Genizah Collection containing 193,000 fragments of manuscripts as significant as the Dead Sea Scrolls.
Christian documents include a Greek New Testament manuscript, the Codex Bezae Cantabrigiensis, and a 1455 copy of the Gutenberg Bible, the earliest European book produced using movable type.
There will also be the Anglo-Saxon texts the Book of Cerne and the Book of Deer
The development of modern science is captured in Newton's annotated Principia Mathematica, copies of his lectures as Lucasian Professor and proofs of Opticks.
It is hope that further funding could lead to the digitisation of manuscripts from Darwin and Stephen Hawking, continuing the story of science into the modern age.
Anne Jarvis, the university Librarian, said that the exciting new plans would open up priceless collections to students worldwide.
She said: "Our library contains evidence of some of the greatest ideas and discoveries over two millennia.
"We want to make it accessible to anyone, anywhere in the world with an internet connection and a thirst for knowledge.
"This will not only make our collections available to the world; it will also initiate a global conversation about them.
"At the click of a mouse, students or scholars of divinity or politics, history, physics, medieval languages or the history of medicine, will be able to plunge into the worlds of Mediterranean Jewish, Muslim and Christian communities of the 11th Century, or into the minds of Isaac Newton and his contemporaries.
"Faith and science will be the two cornerstones of the project, both of fundamental importance in our quest to understand the world and our place in it.
"Thanks to Dr Polonsky, we are at the start of what we believe will be an incredible journey into the digital future.
"Hopefully his generosity will encourage others to follow his lead so we can make one of the world's great libraries available, literally, to anyone around the world."
Dr Polonsky, founder of the Polonsky-Coexist Lectureship in Jewish Studies at the University, hoped the project would open a dialogue between libraries worldwide.
He said: "As reading and research become increasingly electronic, my hope is that this grant will serve as a catalyst for the digitisation and linking of the great libraries of the world so that their riches can be enjoyed by a global public."
Cambridge University Library has been a legal deposit library since 1710 and is entitled to acquire a copy of each book and journal published in the UK and Ireland.
The library currently houses eight million books and periodicals, one million maps and thousands of manuscripts over 100 miles of shelving, expanding at the rate of two miles per year.
Fonte: Telegraph
+
New chapter as library opens digital service
Cambridge University 'digital library for world' planquinta-feira, 15 de abril de 2010
Mosteiro São Bento restaura obras raras e disponibiliza acesso digital

Recentemente ocorreu o lançamento do site “Livros Raros” (www.saobento.org/livrosraros ) contendo 20 obras que fazem parte do precioso acervo da Biblioteca do Centro de Documentação e Pesquisa do Livro Raro do Mosteiro. Datadas dos séculos 16 a 19, todas foram restauradas, digitalizadas e disponibilizadas na íntegra e de forma gratuita na internet, numa iniciativa inédita no estado.
...
A construção do site foi o desdobramento de um projeto elaborado pelo Mosteiro de São Bento da Bahia que englobou não só o restauro de obras, como a melhoria das condições de conservação dos 300 mil volumes da biblioteca e do Centro de Documentação e Pesquisa do Livro Raro do Mosteiro, agora corretamente acondicionados em 172 novas estantes.
A iniciativa foi uma das 120 aprovadas dentre 420 apresentadas ao Fundo de Cultura do estado da Bahia, em 2007. Os recursos, no total de R$294.984,00, viabilizaram a restauração completa e também a digitalização e implementação de programas de acesso às obras do acervo. Agora, com o novo site, todos terão acesso a um conteúdo especial e de interesse mundial.
RARIDADES
Entre as 20 raridades que foram restauradas e agora disponibilizadas para leitores de todo o mundo estão seis volumes dos “Sermões” do Padre Antônio Vieira publicados no final do século 17 e início do século 18. São edições princeps, ou seja, primeiras edições revisadas pelo próprio autor, neste caso a principal referência na língua portuguesa no Brasil.
Outras obras únicas são “Seleção de Questões Disputadas sobre a Metafísica e os Ensinamentos de Aristóteles” (1685) e “Theatro Crítico de Freijó” (1876), dedicado ao “sereníssimo señor Infante de España Dom Carlos de Bourbon e Farnefio”, e a “Colleção dos Breves Pontifícios”, e Leys Regias, expedidos e publicados desde 1714.
Para o Secretário de Cultura do Estado da Bahia, Márcio Meirelles, “toda a preservação de acervo é válida, mas ela ganha mais importância na medida em que tem uma utilidade pública.
Quando o Mosteiro se propôs a disponibilizar este acervo raro, de uma forma tão ampla, temos que apoiar. Só o restauro de obras como “Os Sermões”, de Padre Vieira, já é uma grande iniciativa”. O Secretário reforçou ainda a importância do apoio do Governo do Estado ao projeto. “O mosteiro de São Bento é um exemplo de Patrimônio Histórico pela maneira com a qual conserva seu acervo. A visão de sustentabilidade, a dinâmica interna da instituição e a percepção da abrangência de propostas como esta que agora se concretiza são a segurança da total validade de parceria por parte do Governo do Estado”.
Segundo a filóloga e professora Alicia Duhá Lose, coordenadora geral do projeto a principal meta do projeto era a restauração de um acervo de valor ímpar, mas que esta ação gerou outros bons resultados. “Além de termos em mãos preciosidades da literatura mundial de todos os tempos, e de podermos colocar, neste primeiro momento, 20 obras raras a disposição de interessados, em qualquer parte do mundo, via internet, conseguimos capacitar uma competente equipe de restauração composta por profissionais baianos”, comemorou.
O trabalho envolveu cerca de 20 pessoas, entre técnicos do laboratório do Mosteiro de São Bento, implantado há 12 anos, pesquisadores do Mosteiro, da Faculdade São Bento e da Universidade Federal da Bahia. Como não haviam profissionais especializados em restauração de livros raros no Estado foi preciso tornar o grupo apto com um treinamento de três meses, monitorado por professores da Fundação Casa de Rui Barbosa, do Rio de Janeiro.
Além de dificuldades iniciais com a mão de obra, os responsáveis pelo restauro tiveram que contornar outras limitações, como a escassez e os preços altos de parte do material necessário para a tarefa. O papel japonês utilizado para preencher os espaços danificados, por exemplo, teve que ser adquirido em São Paulo e com um orçamento alto (apenas uma folha chega a custar R$23). Para Alicia, todo o processo foi muito trabalhoso e exigiu total atenção dos envolvidos, mas o nível de importância dos livros era tão alto quanto os riscos de perdê-los com o passar do tempo. “As obras estavam em péssimas condições. Felizmente, o resultado foi o melhor possível. Hoje, temos a certeza de estar colaborando para a existência de um rico acervo de pesquisa que conta com publicações como a “Coleção de Breves Pontifícios”, uma compilação de textos sobre os jesuítas”, relatou a filóloga.
A beleza dos materiais também pode ser apreciada na íntegra através do processo de digitalização.
Ninguém, certamente, ficará impassível diante de um manuscrito ornado, repleto de iluminuras (tipo de pintura decorativa, frequentemente aplicado às letras capitulares no início dos capítulos de pergaminho medievais. O termo se aplica também ao conjunto de elementos decorativos e representações imagéticas executadas nos manuscritos, produzidos principalmente nos conventos e abadias da Idade Média) e filigranas (trabalho ornamental feito de fios muito finos e pequeninas bolas de metal, soldadas de forma a compor um desenho.
ACERVO
“Como fruto desse passado, a nossa Biblioteca de Livros Raros hoje possui cerca de 30 mil volumes, sendo o segundo maior acervo do país (o primeiro é o da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro) e os 20 livros que estão apresentados neste site fazem parte desse contexto. Um contexto histórico representado por momentos marcantes tanto para o Mosteiro como para história luso-brasileira; e de uma preocupação em preservar nosso patrimônio e compartilhar com a sociedade esse conhecimento”, comentou Dom Gregório Paixão.
A opinião daqueles que convivem diretamente com o acervo entrou nos critérios dos documentos pesquisados inicialmente - “O Dietário”, os livros “Velho”, I e II da Coleção dos Livros do Tombo e a “Regra das Monjas” - foram sugeridos pelos próprios monges, devido ao seu interesse para a história geral da Bahia e do Brasil e a relevância para a manutenção da história deste Mosteiro e da própria Ordem. Somaram - se a estes, as edições princeps dos “Sermões” de Antônio Vieira, a “História Geral da Capitania da Bahia”, de José Natônio Caldas, 1759, e a “Collecção de Breves Pontifícios”, de 1756.
A preocupação em aumentar e, principalmente, preservar o acervo bibliográfico da Arquiabadia sempre foi algo de grande importância para os monges. Prova disto é a declaração de Dom Abade Majolo de Caigny, em meados de 1913: “aumentei nossa biblioteca, depois de tê-la melhorado, comprado todos os anos bom número de livros modernos; limpei e conservei os vetustos e quase carcomidos”.
Mais de 90 anos depois, ainda com o empenho de salvaguardar esse precioso patrimônio bibliográfico, já com a presença de Dom Arquiabade Emanuel D”Able do Amaral, foi inaugurada uma nova área para guarda dos livros e um moderno Laboratório de Conservação e Restauração de Papel, iniciativa que contribui para ampliar o valor para a sociedade da Biblioteca do Mosteiro de São Bento, espaço de pesquisa e leitura tombado pelo Iphan, criada em 1582, quando os beneditinos chegaram a Salvador e fundaram o primeiro mosteiro da ordem no Novo Mundo.
Obras disponibilizadas na Internet através do link www.saobento.org/livrosraros
STATUTI della Venerabile Archiconfraternita della Pieta de Carcerati [*] Novamente riformati. Oruieto: Rinaldo Ruuli, 1626. 168p.
BIBLIA Sacra Arabica [*] ad usum Ecclesiarum Orientatium. Additis è regione Bibliis Latinis* Roma: Sacra Congragationem de Propaganda Fide, 1671. T. 1. 472p.
FABRICIUS, Johann Albert. Bibliothecæ Græcæ. Liber III. De Scriptoribus qui claruerunt à Platone usque da Tempora nati CHRISTI Sospitoris nostri* Hamburgi: sumptu Christiani Liebezeit, 1707. [2], [12], 824p.
PORTUGAL. Collecçaõ dos Breves Pontificios, e Leys Regias, que foraõ expedidos, e publicadas desde o anno 1741., sobre a liberdade das pessoas, bens, e commercio dos indios do BRASIL* [Lisboa]: Impressa na Secretaria de Estado, [1759]. [458] p.
D. LAURENTII IUSTINIANI Proto patriachae Venetii opare et vita religiosissima cum duplici indice Castigatius reposita. [Paris]: Jodoco Badio Ascencio, 1524. [7], 530f.
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Flos Sanctorum ou santuario doutrinal* Lisboa: na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1727. 891p. v. 2
MASSARANI, Francesco. Francisci Massarii Veneti in novum Plinii de naturali historia librum castigationes & annotationes. Basileae: In Officina Frobeniana per Hienorymum Froben & Nicolaum Episcopium, 1537. [16], 367, [16] p.
INGUIMBERT, Malachia. Vita di monsignor Don Bartolomeo de Martiri* In Roma: Per Girolamo Mainardi, 1727. XXXVI, 319p. Dividido em dois livros.
VIERA, António, Padre. Sermoens, e varios discursos [* ]. Obra posthuma, dedicada a Purissima Conceyçam da Virgem Maria Nossa Senhora. Lisboa: Por Valentim da Costa Deslandes, 1710. T. XIV
VIEIRA, Antonio. Sermões.
VIEIRA, Antonio. Sermoens [*]. Undecima Parte, offerecida à Seressima Rainha da Grã Bretanha. Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1696.
VIEIRA, António. Sermoens [*] Setima Parte, dedicada no Panegyrico da Rainha Santa ao serenissimo nome da Princeza N. S. D. Isabel. Em Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1692.
VIEIRA, Antonio. Palavra de Deos empenhada, e desempenhada. No Sermam das Exequias da Rainha N. S. Dona Maria Francisca Isabel de Saboya; desempenhada no Sermam de Acçam de Graças pelo nascimento do principe D. João Primogenito de SS. Magestade [*]. Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1690.
VIEIRA, António. Sermoens [*] Segunda Parte, dedicada no Panegyrico da Rainha Santa ao serenissimo nome da Princeza N. S. D. Isabel. Em Lisboa: Na Officina de Miguel Deslandes, 1682
LACROIX, Paul. Vie militaire et religieuse au moyen age et a l”époque de la renaissance. Paris: Librairie de Firmin-Didot, 1876. v, 577, 1p FLAVIACENSIS, Radulphi. Mysticum illum Moyse Leviticum libri XX* Colonie: [E. Cervicomus] Petri Quentell, 1536. [22], 314p. AGUIRRE, Iosepho Saenz de. In Metaphysicam et prædicamenta Aristotelis: disputationes selectæ* Salamanticæ: apud Lucam Perez, 1675. 222p. MENEZES, Fernandes de. Historia de Tangere: que comprehende as noticias desde a sua primeira conquista até a sua ruina. Lisboa Occidental: na Officina Ferreiriana, 1732. [20], 304p. GRÉGOIRE, L. Géographie générale physique et économique. Paris: Garnier Frères, 1888. 1209p. il.
Fonte: Ministério da Cultura
quarta-feira, 17 de março de 2010
Projeto vai digitalizar obras raras do século 19 sobre a Amazônia

Museu Emílio Goeldi, no Pará, é uma das instituições selecionadas. Ao todo, cerca de 2 mil documentos serão publicados na internet.
Lucas Frasão
Centro de referência em pesquisa sobre a Amazônia, o Museu Paraense Emílio Goeldi, baseado em Belém, no Pará, foi escolhido como uma das sete instituições que terão parte de seu acervo raro digitalizado e publicado na internet. O nome do projeto é tão extenso quanto sua ambição - o Digitalização e Publicação Online de Coleção de Obras Raras Essenciais em Biodiversidade das Bibliotecas Brasileiras pretende disponibilizar ao público cerca de 2 mil livros, mapas e documentos de valor histórico para a comunidade científica até o fim de 2013.
Na prática, internautas poderão ver as páginas de publicações centenárias sobre a Amazônia, algumas das quais guardadas a sete chaves no Museu Goeldi. Hoje, são livros restritos que só podem ser analisados por pesquisadores. Alguns dos mais importantes documentos são os boletins lançados periodicamente pelo museu sobre os trabalhos científicos em andamento, desde o século 19.
Quando a primeiríssima edição deste boletim foi lançada, em 1894, as regras de ortografia eram bem diferentes das atuais. Tanto que o título do "Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia, Ano I Tomo I" trocava a letra "f" pelo "ph". Hoje, a publicação tem outro nome: "Boletim de Ciências Naturais do Museu Paraense Emílio Goeldi".
"O sistema de impressão naquela época também não era como o de hoje e Emílio Goeldi (Emílio Augusto Goeldi, 1859-1917, zoólogo suíço que trabalhou no museu e depois deu nome a ele) chegou a levar algumas obras para serem impressas na Europa", diz Aldeídes de Oliveira Camarinha, coordenadora de informação e documentação do museu.
Livros de autoria do próprio Goeldi, como o "As Aves do Brasil", de 1894 a 1900, também serão digitalizados. Outros livros selecionados para o projeto são o "Arboretum Amazonicum" e o "Álbum de Aves Amazônicas", todos publicados entre 1900 e 1906.
Democratização
"São obras valiosíssimas, com impressão gráfica rara", explica Maria Astrogilda Ribeiro, coordenadora do projeto dentro do museu e funcionária do Ministério da Ciência e Tecnologia. "Vamos democratizar o uso dessas obras, no Brasil, por meio da Biblioteca Virtual de Biodiversidade, que está sendo criada dentro do Ministério do Meio Ambiente."
Segundo Aldeídes, o museu já tem cerca de 22 mil documentos indexados para consulta digital em base, e ainda não existe estimativa sobre sua publicação online. As primeiras obras do Goeldi contempladas pelo novo projeto deverão estar na rede já em 2011. "O detalhe é que o Goeldi foi a única instituição fora do eixo Centro-Sul a ser inserida no projeto", lembra ela.
Unidas ao acervo contemplado pelo projeto, as obras do Goeldi integrarão a Scientific Electronic Library Online (SciELO), parte da Biodiversity Heritage Library, um consórcio internacional de instituições de pesquisa que pretende digitalizar todas as obras relacionadas à biodiversidade no mundo, principalmente as mais antigas.
No Brasil, o projeto é coordenado pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) e pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), e ainda recebe apoio do Ministério do Meio Ambiente.
Além do Goeldi, também serão contempladas pelo projeto as seguintes entidades: Biblioteca do Instituto de Biociências da USP, Instituto de Botânica do Estadão de São Paulo, Instituto Oswaldo Cruz, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Biblioteca do Ministério de Planejamento, Biblioteca do Museu Nacional do Rio de Janeiro e Biblioteca de Zoologia da USP.
Fonte: Globo Amazônia
quinta-feira, 11 de março de 2010
Biblioteca virtual em biodiversidade

Com duração prevista para quatro anos, projeto integrado por sete instituições vai reunir e digitalizar as principais publicações sobre a biodiversidade brasileira.
Por Lilian Bayma - Museu Goeldi
Sete instituições foram selecionadas para integrar o projeto Digitalização e Publicação On-line de uma Coleção de Obras Raras Essenciais em Biodiversidade das Bibliotecas Brasileiras. Coordenado pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) e pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), com financiamento do Ministério do Meio Ambiente, o projeto visa democratizar e facilitar o acesso aberto às informações científicas sobre a biodiversidade brasileira pela comunidade científica e pelos gestores na elaboração de políticas públicas.
Participam da iniciativa, cujo foco principal são as obras dos séculos XVIII e XIX, as instituições guardiãs de acervos considerados importantes para o conhecimento da fauna e da flora brasileira. Além das bibliotecas do Museu Goeldi e do Ministério do Meio Ambiente, participam do projeto três instituições de São Paulo: Instituto de Biociências e Museu de Zoologia, da USP, e Instituto de Botânica do Estado de São Paulo. Do Rio de Janeiro, participam o Instituto Oswaldo Cruz, Museu Nacional e Jardim Botânico.
Com duração prevista para quatro anos, o projeto vai permitir a digitalização de duas mil obras entre livros, mapas e outros documentos de valor histórico e essenciais para a comunidade científica. Após o tratamento das informações, será criada a "Coleção de Obras Raras Essenciais em Biodiversidade", a ser hospedada e disponibilizada pela Scientific Electronic Library Online (SciELO).
A "SciELO Biodiversidade", como está sendo chamada, será integrada à Biodiversity Heritage Library (BHL), iniciativa global liderada pela Smithsonian Institution, dos Estados Unidos. A BHL - http://biodiversityheritagelibrary.org/ - tem como meta digitalizar todas as obras relacionadas à biodiversidade do planeta, sobretudo aquelas publicadas até o século XIX.
Goeldi
No Museu Goeldi, a iniciativa permitirá a digitalização das publicações mais antigas, como o Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia, desde 1894 até os dias atuais; Memórias do Museu Paraense; Arboretum Amazonicum; bem como o Álbum de Aves Amazônicas, todas publicadas entre 1900 a 1906. Livros publicados no final de XIX e início do XX, entre os quais "As Aves do Brasil", de 1894 a 1900, de autoria de Emílio Goeldi, também estão entre as obras a serem digitalizadas.
Segundo o coordenador de Comunicação e Extensão do MPEG, Nelson Sanjad, "esse conjunto de publicações apresenta uma quantidade enorme de informações relacionadas à biodiversidade amazônica, que será disponibilizada na internet, contribuindo assim, para a preservação da memória científica relacionada à biodiversidade e para a divulgação da ciência nacional".
Fonte: Ecoagência
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Olavo Bilac na Brasiliana

A biblioteca digital continua seu trabalho incrível de digitalização do acervo da biblioteca de José Mindlin e acaba de incluir 19 obras do poeta parnasiano.
Além das obras, há uma apresentação de Paulo Franchetti, professor titular do Departamento de Teoria Literária da Unicamp.
Um trecho:
“Bilac permanece, a cem anos de sua morte, o poeta mais lido e talvez mesmo o único a ter edições e a receber atenção crítica continuadas dentre os da sua época e escola. É que, embora cultor da métrica impecável e da forma elaborada em poesia, Bilac nunca é obscuro e raras vezes precioso. Pelo contrário, se há um defeito recorrente em sua poesia é o intuito didático, a vontade de comunicação e de clareza que impele tantos dos seus versos para a explicitação excessiva”
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Pergaminhos e terabytes

Com arquivo repleto de tesouros e uma imensidão de documentos digitalizados, Biblioteca Nacional completa 200 anos
Eduardo Fradkin
A primeira Bíblia impressa da História foi produzida por Johannes Gutenberg, em 1455. É o marco inicial do uso de tipos móveis na impressão de documentos, processo que revolucionou o mercado gráfico, permitiu a confecção de livros em grande escala e deu origem à imprensa. A Bíblia de Gutenberg não faz parte do acervo da Biblioteca Nacional do Brasil, sediada na Cinelândia, mas outra da mesma época, feita por dois ex-sócios de Gutenberg, está lá, em dois volumes.
É um dos muitos tesouros dessa instituição, que festeja seu bicentenário em 29 de outubro deste ano.
Naquela data, em 1810, um decreto do Príncipe Regente determinou que, nas catacumbas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na atual Rua Primeiro de Março, fosse construída a Real Biblioteca. O seu acervo, de 60 mil itens (entre livros, gravuras, mapas, moedas e outros objetos), começara a chegar ao Brasil alguns meses antes, sendo acomodado em salas do hospital. Na correria da fuga da família real de Portugal, em 1807, esse material acabara ficando para trás, esquecido no porto.
Um daqueles itens é a Bíblia de Mogúncia, cujo colofão (ficha bibliográfica de antigamente) traz os nomes de Johann Fust e Peter Schöffer, ex-credores de Gutenberg que se apossaram de sua oficina. A chefe do setor de obras raras da biblioteca, Ana Virgínia Pinheiro, veste luvas para manusear a obra, em bom estado.
- Temos dois exemplares da Bíblia de Mogúncia. Reza a lenda que uma UNIVERSIDADE americana propôs construir um prédio novo para a Biblioteca Nacional em qualquer lugar que a sua direção escolhesse, em troca dessa Bíblia. Ela foi impressa em pergaminho de pele de ovelha, em 1462. É um monumento da tipografia, considerado uma obra de arte. Já vi pesquisador chorar ao ver essa Bíblia na sua frente. Há apenas 65 exemplares dela espalhados pelo mundo, em posse de colecionadores ou de museus - explica Ana, que chefia o setor desde 2004, mas já trabalha na biblioteca há 28 anos.
Obras proibidas pela Inquisição
Os artigos de idade mais avançada guardados ali, contudo, são outros, também de cunho religioso.
- Nossos documentos mais antigos são quatro Evangelhos manuscritos em grego do século XI. São os mais antigos documentos existentes na América Latina - esclarece Ana, que conhece bem as preciosidades sob sua guarda. - Temos exemplares de obras que foram censuradas e destruídas pela Inquisição, mas que pertenciam à biblioteca particular da família real. Ela incluía livros que tinham sido proibidos até mesmo pelo seu próprio dono, o Rei D. José I.
A explicação para a aparente contradição é simples, segundo a coordenadora de Informação Bibliográfica da biblioteca, Angela Monteiro: - Num terremoto que causou grandes estragos em Lisboa em 1755, a biblioteca real foi queimada por um incêndio. Então, o Rei D. José I resolveu refazer a coleção. Mandou emissários a países estrangeiros com a missão de trazer livros valiosos, e muita coisa também foi adquirida pelo confisco de coleções de jesuítas e com grandes doações. Não havia como controlar tudo o que chegava.
A coleção refeita por D. José I começou a ser trazida para o Brasil em 1810, dois anos após a chegada de sua filha, a Rainha D. Maria I, e do Príncipe Regente, D. João. A Real Biblioteca, com seus 60 mil itens iniciais, não parou de crescer. Das catacumbas do hospital foi para a Rua do Passeio, onde hoje está a Escola de Música da UFRJ, e de lá para o atual endereço, em 1910. Ou seja, o prédio da Cinelândia celebra seu centenário este ano. O acervo tampouco deixou de ser ampliado. Hoje, está estimado em nove milhões de itens. É a oitava maior biblioteca nacional do mundo, segundo a Unesco. Desde 1907, por lei, todo livro, revista ou jornal publicado no Brasil deve ter um exemplar enviado à Biblioteca Nacional.
- Há vários livros que foram destruídos na época da ditadura, mas tiveram uma cópia preservada aqui.
Um dos mais interessantes é "O mundo da paz", de Jorge Amado, publicado em 1951. Por causa desse livro, que fala de países socialistas, ele foi enquadrado na lei de segurança.
É um livro que se tornou raro e pouco conhecido, mesmo por quem coleciona as obras dele - conta Ana Virgínia Pinheiro. - Na época da ditadura, os jornais comunistas do nosso acervo eram escondidos no porão. Pelas más condições que havia ali, muitos se perderam.
Exposições para o bicentenário
A biblioteca tem o que chama de "cemitério". Lá jazem livros que não podem ser consultados pois precisam de restauração urgente.
Em janeiro de 2009, a biblioteca deu partida no Projeto Fênix, patrocinado pelo BNDES, para recuperar essas relíquias. Foi liberada uma verba de R$ 375 mil, e a meta era salvar 130 livros.
- Passamos da metade dessa meta. Esperamos que o projeto continue, pois ainda há muito a ser restaurado. Em nosso cemitério, temos muito mais que dez vezes esse número de livros à espera de restauro - calcula Ana. - O primeiro livro salvo pelo projeto foi "Divina proporção" (1509), de Luca Pacioli, ilustrado com xilogravuras de Leonardo Da Vinci (que era amigo do autor).
- Os livros atendidos pelo Projeto Fênix são muito antigos, impressos em papel de trapo e sem encadernação original. Aqui, eles são tratados e encadernados em pergaminho. São livros do século XV ao XVII, degradados principalmente pela ação de insetos - diz o coordenador de Preservação, Jayme Spinelli.
Na sala de restauração trabalham 13 funcionários, de segunda a sextafeira, das 9h às 18h. Três deles foram contratados graças ao BNDES.
É feito também um trabalho constante de higienização do acervo antigo, para evitar que o "cemitério" receba novos cadáveres. Entre as obras mais bem guardadas e cuidadas da biblioteca está, por exemplo, a primeira edição de "Os lusíadas".
A importância da Biblioteca Nacional do Brasil é reconhecida em todo o mundo. Em abril do ano que acabou, a Unesco inaugurou a World Digital Library, um banco de dados mundial. A instituição brasileira foi membro fundador. Por isso, o site tem as seis línguas oficiais da Unesco e o português. A Biblioteca Nacional lançara sua versão virtual em 2006 e já vinha digitalizando documentos desde 2003.
- A gente não digitaliza apenas para dar acesso à informação. Isso seria fácil de se fazer, pois não exigiria uma resolução altíssima. Digitalizamos como uma forma de preservação dos documentos em seus mínimos detalhes, pois nunca se pode descartar o risco de roubo ou danificação.
Estamos procurando um patrocinador para instalar um data center aqui. Temos dez terabytes (um terabyte equivale a um milhão de megabytes) de arquivo digital. Atualmente, precisamos retirar os hard disks das máquinas e armazená-los numa salacofre - conta Angela Monteiro, anunciando em seguida que, neste ano de aniversário, serão feitas exposições virtuais no site e outras, não virtuais, itinerantes pelo Brasil.
Fonte: O Globo
via Linear Clipping
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Lançada Coleção Digital de Obras Raras da Biblioteca do Senado

"Esse é um avanço extraordinário: estamos colocando a Biblioteca do Senado, a começar por parte de suas obras raras, à disposição do país". Foi dessa forma que o presidente do Senado, José Sarney, saudou o lançamento da Coleção Digital de Obras Raras da Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho, ocorrido na noite desta terça-feira (27), na própria biblioteca.
Durante a solenidade, também foi anunciada a integração da Biblioteca do Senado ao Catálogo Internacional Coletivo de Registros Bibliográficos, o WorldCat, a maior rede global de bibliotecas. Foi distribuído entre os presentes um DVD com o conteúdo integral, incluindo animações, do livro Novus Orbis, de 1633, considerado um dos primeiros relatos minuciosos sobre o Brasil.
O presidente José Sarney disse não acreditar nas previsões do fim do livro, após o surgimento do seu similar eletrônico. Ele assinalou que não é contra o livro eletrônico ou os avanços tecnológicos, porém opinou que o livro em papel jamais desaparecerá e o classificou como a mais avançada tecnologia que o homem já descobriu.
- Primeiro ele não precisa de energia. Segundo, é de uma praticidade extraordinária: ele cai e não quebra, não precisa de conserto que não seja os de sua conservação e tem todos os programas que se possa pensar e imaginar. Até os que descobriram essas novas tecnologias começaram a descobri-las através do livro - afirmou José Sarney.
A solenidade foi aberta com o pronunciamento da coordenadora-executiva do Programa Senado Cultural, Ana Claudia Badra. Ela lembrou que o lançamento, no ano passado, do manuscrito de O Quinze, de Rachel de Queiroz - graças a uma parceria entre o Senado Cultural e a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin - serviu para mostrar que o caminho da digitalização das obras era inadiável.
A diretora da Biblioteca, Simone Bastos Vieira, explicou que a integração ao WorldCat, a maior rede global de bibliotecas, dará visibilidade completa ao acervo do Senado, pois permitirá que os internautas façam buscas no acervo da Casa através de pesquisas em populares mecanismos de busca como o Google e o Yahoo.
Simone Vieira disse ainda que a Biblioteca do Senado vai oferecer na internet a parcela mais valiosa de seu acervo: 340 dos 6,5 mil títulos que compõem a coleção de Obras Raras. Os livros foram digitalizados e já estão disponíveis em formato eletrônico no site da Biblioteca Digital: http://www2.senado.gov.br/bdsf/
Fonte: Roberto Homem / Agência Senado
terça-feira, 21 de novembro de 2006
Monteiro Lobato on line

Por Thaís Fonseca
Projeto digitaliza documentos do autor de “Urupês” e torna acessíveis suas cartas, desenhos e fotografias
Em setembro de 1906, Monteiro Lobato, então um jovem advogado de 24 anos vivendo em Taubaté, escreve à sua namorada, Purezinha, uma carta, em que capricha na veia lírica: “Que te hei de dizer que cansada não estejas de ouvir? Que te amo? Que vejo em ti os alicerces de minha felicidade? Que me é luz, vida, perfume, aurora, alegria?”. Nas quatro páginas enviadas, o mesmo tom apaixonado se mantém, até a despedida: “Adeus, ama-me como te amo. Aperta-te ao coração enternecidamente o teu de sempre, Juca”.
A carta de Lobato destinada a Maria Pureza da Natividade, com quem ele se casaria dois anos mais tarde, é uma das 216 longas correspondências mantidas por Lobato, e esta agora disponível à leitura, em facsímile, pela internet. As correspondências fazem parte do acervo do escritor que está sendo digitalizado com o nome de Projeto Temático Monteiro Lobato (1882-1948) e Outros Modernismos Brasileiros. Criado por uma equipe de pesquisadores, o trabalho tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Universidade de Campinas (Unicamp).
No site www.unicamp.br/iel/monteirolobato é possível encontrar, entre outros itens do Fundo Monteiro Lobato, retratos de família e fotografias, desenhos e aquarelas de autoria do próprio Lobato, além de pesquisas produzidas no âmbito universitário, como teses, monografias e dissertações sobre o escritor. Todos esses documentos estão sob custódia do Centro de Documentação Alexandre Eulálio (Cedae), do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.
O Fundo Monteiro Lobato tem hoje cerca de 2.000 documentos. Seu início foi em 1999, quando a jornalista Cilza Carla Bignotto doou o material que adquiriu durante sua pesquisa de mestrado sobre Lobato à Unicamp. Entre esse material estavam recortes de jornais, de revistas e uma coleção com cerca de 500 obras raras. “Eu morava em Santos quando encontrei livros raros, que estavam à venda por um preço baixíssimo. O vendedor os havia comprado da família de um colecionador conhecido na cidade, já falecido”, conta Cilza.
Em 2001, o Fundo se tornaria ainda mais sofisticado, após a visita dos herdeiros de Lobato à Unicamp. Cilza diz que eles ficaram entusiasmados com o grupo de estudos da universidade e doaram, em regime de comodato, o acervo de que dispunham. São cartas, fotografias históricas, livros e objetos pessoais do escritor. Faz parte da doação ao Cedae, por exemplo, um exemplar de “Orlando Furioso”, de Ariosto, com anotações manuscritas de Lobato nas bordas. Para Cilza, divulgar na internet um acervo desse porte significa democratizar a informação. “Digitalizar os documentos torna-os mais acessíveis às pessoas, pois é possível conhecer os arquivos de maneira rápida e clara”, diz.
Muitas das teses e dissertações disponíveis no site, aliás, foram reunidas durante um projeto sobre a história da leitura e do livro no Brasil. Chamado “Memória da Leitura”, ele foi iniciado na Unicamp por uma pesquisa da professora Marisa Lajolo, reconhecida especialista em Lobato e coordenadora do Projeto Temático. “A figura do autor sempre aparecia relacionada à modernização de projetos editoriais de difusão de leitura. Foi essa uma das razões para a criação do site”, afirma Marisa. O exemplo mais evidente da atuação de Lobato foi quando esteve à frente da editora Monteiro Lobato & Cia e, depois, da Companhia Editora Nacional. Nesse período, apresentou vários escritores inéditos ao público e introduziu novos modelos editoriais, inclusive no que diz respeito ao projeto gráfico dos livros.
Outro atrativo do site é a publicação das fotografias, dos desenhos e das aquarelas. “Esses lados de Lobato poderão ser conhecidos e, ainda, pesquisados, na medida em que possibilitam novas perspectivas sobre a sua obra e biografia”, ressalta a pesquisadora.
Existem, por exemplo, fotografias da família, como a de Lobato criança com seus pais. Ou, ainda, as que aludem a momentos históricos do país. “Há dezenas de fotos em que se pode estudar mais detalhadamente a história das campanhas de Lobato para a exploração do petróleo no Brasil. Muitas delas, inclusive, são completamente inéditas”, diz.
Há também links na página do Projeto Temático em que se pode encontrar os nomes e a localização das monografias, dissertações e teses que ainda não foram digitalizadas, bem como artigos, textos publicados em jornais ou revistas, bibliotecas e outras páginas da internet sobre o escritor.
Em relação às cartas, Marisa destaca o grande valor que elas têm para o estudo da história literária do país e do processo criativo do autor. “Há na correspondência de escritores, muitas vezes, alusões a situações que eles mesmos apontam terem inspirado algum texto. Além disso, ler as cartas familiares de um escritor pode torná-lo mais próximo do grande público, o que pode constituir uma caminho sedutor para aproximar os jovens da literatura”.
Na web, as correspondências estão divididas em três categorias: ativas, passivas e de terceiros. Nem todas as cartas já estão digitalizadas. A maior parte das que estão disponíveis são as ativas, como a mensagem apaixonada que Lobato enviou à Purezinha. Das passivas, poucas podem ser lidas por enquanto no site. Entre elas, existem algumas de grande importância histórica, como as escritas por Mário de Andrade e por Lima Barreto. A intenção é de que o maior número possível de documentos esteja na internet até 2007.
Desde abril desse ano, quando o projeto foi lançado, já foram feitos em torno de 2.500 acessos. Marisa diz que o interesse tem se mostrado grande, tanto dentro como fora da universidade. Muitos, até mesmo, procuram o Cedae para doar materiais relacionados ao escritor. Essa atitude, para ela, contradiz a idéia de que o brasileiro não preserva sua memória. “Começo a acreditar que o que falta às pessoas que não freqüentam círculos intelectuais é se sentirem participantes da história do país. Por isso, a democratização de acesso a documentos me parece muito importante.”
Marisa também defende a criação de um maior número de acervos digitais. “Seria ótimo se as universidades brasileiras liderassem um movimento amplo pela disponibilização online de seus acervos”, sugere.
.
link-se
Monteiro Lobato e Outros Modernismos Brasileiros - http://www.unicamp.br/iel/monteirolobato/
Fonte: Trópico