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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Lançamento: Livro Digital e Bibliotecas, de Liliana Giusti Serra


Lançamento do livro: Livro digital e bibliotecas, publicado pela Editora FGV.

A obra é de autoria de Liliana Giusti Serra, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e é voltada para bibliotecários, estudantes de graduação e pós-graduação em ciência da informação e aos demais interessados.

Livraria Martins Fontes
Dia 4/12, a partir das 18h30.
Av. Paulista, 509 - Setor de humanas (próx. à estação Brigadeiro do Metrô).
Convênios com estacionamento: Rua Manoel da Nóbrega, 88 ou 95



sábado, 15 de fevereiro de 2014

Faz sentido pagar uma assinatura para alugar ebooks?

Confira a detalhada análise de Liliana Giusti Serra sobre os serviços estrangeiros do tipo “Netflix” de ebooks, e a comparação destes com os serviços oferecidos das bibliotecas.

Liliana Giusti Serra | Revolução eBook


No final de 2013 foi anunciado o serviço de aluguel de livros, com ebooks oferecidos em nuvem, mediante uma assinatura. Cunhado pela revista Wired como o Netflix dos livros, visto como uma novidade e, de certo modo, aguardado pelos consumidores, fico questionando qual a função de um serviço dessa natureza quando existem bibliotecas que permitem a leitura de livros de forma gratuita. Não que as bibliotecas sejam as únicas fontes de consulta de publicações - isso pode ser realizado em livrarias (físicas ou virtuais) e editoras. Evidentemente existe espaço para novas iniciativas no mercado editorial, porém por que não utilizar os serviços existentes oferecidos por bibliotecas (universitárias, escolares, públicas, corporativas etc.) para realizar o empréstimo (e não aluguel) de obras? Várias respostas podem ser dadas para esse questionamento. Em primeiro lugar, cabe identificar os serviços de assinatura de livros que são oferecidos atualmente pela Amazon, Scribd, Oyster Books e Entitle.

Aluguel de livros? Os serviços “Netflix” de livros

A Amazon possui um programa próprio de empréstimo de livros eletrônicos, o Kindle Owners’ Lending Library. Por meio desse programa os clientes que possuem Kindles e fazem parte do serviço Prime shipping tem acesso para realizar empréstimos gratuitos de mais de 350 mil títulos de ebooks. Os leitores podem emprestar um livro por mês, sem data para devolução. Outro título somente poderá ser consultado com a devolução do ebook emprestado. Essa modalidade de empréstimo é realizada apenas com proprietários de e-readers Kindle, independente do modelo, excluindo os leitores que se utilizam de tablets para realizar a leitura digital e, claramente, visa estimular a venda desses dispositivos aos seus clientes. O serviço de empréstimo de ebooks não está disponível na loja brasileira até o momento.

O Scribd anuncia-se como a maior biblioteca digital do mundo ao permitir a leitura através de dispositivos móveis a mais de 40 milhões de títulos e documentos. Lançada em 2007 e baseada em San Francisco (CA), parte das publicações são de acesso gratuito (maior que a Library of Congress!), além do serviço de assinatura que permite acessar quantidade ilimitada de ebooks ao custo de US$ 8,99 mensais. Conta com nomes fortes do mercado editorial e oferece o serviço para usuários das plataformas iOS ou Android. A obra mais lida no Scribd é “O Alquimista”, de Paulo Coelho, em sua versão em inglês. A oferta de títulos em português é pequena. Inicialmente era uma rede de compartilhamento de arquivos e diversos casos de pirataria foram relatados. Os títulos não licenciados foram retirados e buscam a inclusão de novas obras em parcerias com editores.

O Oyster Books, baseado em New York (EUA), conta com mais de 100 mil títulos e a assinatura, restrita aos Estados Unidos, é permitida somente para usuários da plataforma iOS ao custo de US$ 9,95 mensais. Utiliza-se de conceitos de rede social, permitindo a interação entre os leitores, como dicas de leituras e sugestões de livros. Conta com um conjunto de editores parceiros e anuncia que novos acordos e inclusão de conteúdos são realizados regularmente. O serviço oferece 30 dias de teste antes de realizar a assinatura, permitindo aos leitores degustarem os títulos existentes e a própria experiência da leitura digital.

O Entitle, com sede na Carolina do Norte (EUA), oferece assinatura de livros, porém com o diferencial que, caso a assinatura seja cancelada, os ebooks baixados não serão apagados do equipamento dos leitores e estarão disponíveis enquanto o aplicativo de leitura estiver instalado no dispositivo. O serviço pode ser contratado por planos: 2 ebooks ao mês ao custo de US$ 14.99; 3 ebooks por US$ 21.99 ou 4 ebooks ao mês, por US$ 27.99. A assinatura é realizada mediante a apresentação de um leitor usuário. Ao realizar indicações os leitores ganham créditos de US$ 5,00 a cada adesão confirmada. Possui período de testes de uma semana antes de iniciar a cobrança do serviço. Os ebooks podem ser baixados em Nook, Kobo, Sony Reader, além de APP para plataforma iOS, Android e para o Kindle Fire. Utiliza a ferramenta de DRM da Adobe. Possui serviços de indicação de livros com base nas leituras realizadas, sugerindo títulos regularmente aos leitores. Possui mais de 125 mil títulos disponíveis e a inclusão de novas obras é realizada diariamente. O serviço é oferecido apenas nos Estados Unidos, mas, como os demais fornecedores, pretendem ampliar os limites geográficos.

A lucratividade do Scribd e Oyster está centrada na utilização dos ebooks. Editores e autores receberão remuneração proporcional às páginas consultadas. Segundo dados divulgados pelo Scribd, apenas 2% dos assinantes leem mais do que 10 livros ao mês. No Oyster, quando um usuário lê mais do que 10% do livro, a remuneração ao autor e editor é realizada como se o livro completo tenha sido lido. No Scribd, a remuneração aos editores e autores é mais complexa: quando a leitura realizada é maior que 10% porém menor que 50% é recolhido o equivalente a um décimo do valor do ebook. Se a obra for lida em mais do que 50%, o pagamento será integral. A receita virá dos leitores que não realizam leituras completas, visto que boa parte dos usuários consultam trechos ou capítulos. Ainda existe certa desconfiança dos editores em aderirem a esse modelo de negócios, porém o engajamento da HarperCollins pode vir a reforçar a participação. Para acessar os serviços é necessário utilizar a internet e realizar o download dos livros, mas a leitura é realizada de forma off-line, com os ebooks disponíveis para consulta a qualquer momento, em qualquer lugar, baixados no dispositivo do leitor, por prazo indeterminado, sem expirarem ou serem removidos dos equipamentos. O formato do Entitle pode ser visto como conteúdo licenciado, uma vez que o ebook pertence ao leitor após a realização do download. Com valores acima dos praticados pelos concorrentes, diferencia-se pelo serviço personalizado que fornece, com algumas características de clube de leitura, sugerindo títulos e permitindo interação entre os leitores, todos com adesão realizada por indicação. O serviço de empréstimo da Amazon não tem como objetivo vender ou cobrar mensalidade dos leitores, mas estimular a venda do dispositivo Kindle e conhecer os hábitos de leitura para, a partir desses, oferecer sugestões para aquisição. Os hábitos de leitura dos usuários serão distribuídos a parceiros (editores e autores) e redes sociais, na forma de estimular que obras sejam lançadas de acordo com o interesse do público, conhecendo detalhes dos hábitos de leituras até então inimagináveis.

Mas o que esses serviços têm a oferecer que não podem ser encontrados em bibliotecas?

Primeiramente as bibliotecas ainda encontram dificuldades para inclusão de conteúdo digital aos seus acervos. Nos Estados Unidos e Europa a situação já evoluiu, porém avanços e ajustes ainda são necessários. A inclusão de ebooks iniciou-se nas bibliotecas universitárias e depois nas públicas, corporativas e escolares. As bibliotecas públicas encontraram grande resistência do mercado editor e fornecedores para oferecerem ebooks em seus catálogos, com o temor que ao disponibiliza-los nos OPACS (Online Public Access Catalogue), os mesmos seriam copiados e distribuídos indiscriminadamente. Ainda existem restrições como a quarentena para liberação de lançamentos ou preços diferenciados quando o comprador é uma biblioteca, mas o cenário é favorável se comparado com o ocorrido há poucos anos.

Outra questão que deve ser ressaltada é o alto custo para aquisição dos ebooks. Se o modelo de negócio escolhido para compra for o aquisição perpétua, os valores dos livros eletrônicos são um pouco mais baratos que as versões impressas, o que tem feito muita biblioteca questionar até que ponto vale a pena investir em acervos digitais, principalmente devido a suas implicações de acesso e gestão. Se a compra for realizada por assinatura, a complexidade também é presente, com a preocupação de custos crescentes para manter os títulos assinados ao catálogo, ocorrendo a substituição ou adição de novos títulos, editores ou autores a cada renovação. Também deve ser analisado o investimento contínuo realizado pelas instituições, sem que isso represente em aumento do patrimônio ou de oferta de títulos. Se a assinatura não for renovada, a biblioteca (e os usuários) perderão o acesso aos títulos.

No Brasil a situação é ainda mais complicada. Poucas bibliotecas contam com ebooks licenciados. Isso é decorrente da escassez de fornecedores, ao desconhecimento das possibilidades existentes de utilização dos ebooks, ao fato que poucos usuários de bibliotecas possuem dispositivos de leitura, que a própria biblioteca não sabe como adquirir ou utilizar os livros eletrônicos e dispositivos, o alto preço dos ebooks, limitações de acesso impostas por ferramentas de DRM, uso de plataformas proprietárias entre outros fatores. Seguindo o que ocorreu nos Estados Unidos e Europa, a compra de ebooks por bibliotecas brasileiras - nos modelos de negócios por aquisição perpétua ou assinatura - é realizada pelas universitárias nas esferas públicas e privadas. Não são conhecidos casos de bibliotecas públicas que já se utilizam de conteúdo licenciado. Nessas unidades as iniciativas existentes de inclusão dos recursos são realizadas com obras de domínio público ou de acesso aberto. As bibliotecas corporativas realizam assinaturas de bases de dados específicos e sua utilização é restrita ao ambiente da empresa, facilitando a gestão dos recursos. Um fato recorrente observado é que, mesmo adquirindo ebooks, as bibliotecas não realizam divulgação ou treinamentos sobre como utiliza-los, o que acaba não estimulando o usuário que, consequentemente, não utiliza o recurso. Ao não existir retorno de um investimento as possibilidades de renovação são diminuídas, não justificando o aporte realizado, resultando em desperdício de recursos.

Caso as bibliotecas públicas encontrassem flexibilidade para inclusão de ebooks em suas coleções a oferta de serviços de assinaturas de livros não estariam crescendo tanto. Bibliotecas não alugam livros, mas os emprestam, sem cobrança de taxas ou valores de adesão. Algumas instituições realizam cobrança de multas caso a entrega de publicações seja realizada com atraso, mas esse fato é inexistente com ebooks, uma vez que, após o prazo de empréstimo estabelecido, os mesmos retornam automaticamente ao acervo. As obras podem ser consultadas por intervalos de uma semana em média, com a possibilidade de renovação caso não existam reservas. ebooks também não são danificados, não tem páginas arrancadas, não são rabiscados ou sofrem ação por má utilização, a exemplo do que ocorre com acervos físicos.

Não seria interessante ao mercado editorial e fornecedores o caminho da flexibilização da oferta de ebooks para bibliotecas, permitindo que os mesmos fossem consultados por diversos dispositivos (como prometem os serviços por assinatura de livros), diminuindo as restrições de uso e tornando as obras acessíveis nos catálogos? As bibliotecas sempre atuaram como parceiros dos editores, realizando compras significativas e permitindo o acesso aos livros de forma gratuita. Em muitos casos pode, inclusive, estimular a compra, com os usuários tomando conhecimento das obras através das bibliotecas. Até que ponto é interessante criar um novo modelo ao invés de desenvolver um já existente e consolidado? Aparentemente as empresas de assinatura de livros estão conquistando espaço e atraindo clientes nos Estados Unidos. Se esse ritmo será observado no Brasil é uma aposta mais complexa de ser feita. Ainda encontramos resistência por parte do brasileiro em realizar leituras e quando transportamos essa realidade ao ambiente digital o desafio é ainda maior, com a falta de acesso à internet, dificuldade para aquisição de dispositivos de leitura e o próprio estimulo ao hábito da leitura. De acordo com a pesquisa Retratos da leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2011 e divulgada em março de 2012, o brasileiro lê, em média, 4 livros por ano. Nessa mesma pesquisa observa-se que os livros são comprados (mas não significa que são lidos) ou emprestados. A utilização de bibliotecas caiu quase 10 pontos se comparado com a pesquisa realizada em 2007. Ou seja, a julgar por esses números, a aderência a um sistema de assinatura de livros proposto pelas empresas não teria grande espaço, a não ser o restrito a universitários, empresas e algumas escolas da rede privada. Os serviços de aluguel de livros não substituirão as atividades desenvolvidas por bibliotecas, mas resta saber até que ponto é interessante investir em movimentos como esse que vendem serviços que podem ser oferecidos de forma gratuita.

Referências bibliográficas
AMAZON. Kindle Owners’ lending library. Disponível em: http://www.amazon.com/gp/feature.html?/docld=1000739811. Acesso em: 21 nov. 2013.
CAPELAS, Bruno. Serviços de leitura online querem ser ‘Netflix dos livros’. O Estado de São Paulo. São Paulo, 04 nov. 2013. Economia & Negócios, p. 10-10. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,servicos-de-leitura-online-querem-ser-netflix-dos-livros,1092944,0.htm. Acesso em: 26 dez. 2013.
INSTITUTO PRÓ-LIVRO (Brasil). Retratos da leitura no Brasil: 3ª edição. 2012. Disponível em:
http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/2834_10.pdf. Acesso em: 26 dez. 2013
STREITFELD, David. As New Services Track Habits, the ebooks Are Reading You. The New York Times. New York, 24 dez. 2013. p. 1-1. Disponível em: http://www.nytimes.com/2013/12/25/technology/as-new-services-track-habits-the-ebooks-are-reading-you.html?_r=1&et_mid=654227&rid=240989477. Acesso em: 26 dez. 2013.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Livro digital e bibliotecas


O trabalho do bibliotecário em proporcionar o encontro entre livro e leitor se transforma de forma definitiva. Com a modernização e a facilidade de acesso à informação os processos que estavam estabelecidos se alteram.

Os bibliotecários se deparam com desafios sobre aplicação de novos modelos de negócio para licenciamento de conteúdo, empréstimo de livros digitais e privacidade dos usuários.

A expectativa dos leitores, a biblioteca do futuro, a alteração da forma física da documentação e os impactos no consumo causados pelas transformações na forma de acesso à leitura são temas atuais e de grande repercussão na estrutura das tradicionais bibliotecas.

Além de todo o avanço tecnológico que essas instituições vêm providenciando na disponibilização de seus acervos, uma outra necessidade deve ser considerada: a atuação profissional do bibliotecário.

Esse ‘novo’ profissional deve alterar sua forma de atuação, priorizando o serviço prestado e a atividade desempenhada, utilizando as disciplinas técnicas como meio e não como atividade-fim da profissão, tornando o espaço da biblioteca um local convidativo de conhecimento, crescimento e troca. O local da biblioteca também deve ser repensado como um ambiente que seja atrativo ao usuário, que permita interação alinhada com liberdade, não sendo apenas um espaço de troca e aprendizado, mas uma opção de lazer, repleto de oportunidades de descobertas e conhecimento.

É nesse cenário de tantas mudanças que a Editora FGV lança a obra Livro digital e bibliotecas, de Liliana Giusti Serra.

A autora, responsável pelo desenvolvimento dos softwares SophiA Biblioteca e SophiA Acervo, respondeu a 3 perguntas nossas. Confira:

Quais são as principais dificuldades encontradas pelas bibliotecas tradicionais na adequação da preservação e do acesso público às obras de seu acervo, funções originais dessas instituições, com o aumento cada vez maior da oferta e da demanda por publicações digitais?

O tratamento e gestão dos livros digitais são distintos dos impressos. As Bibliotecas precisam aos poucos iniciar a inclusão dessas fontes aos acervos. Vejo que o digital não inviabiliza ou inutiliza o impresso. Eles se complementam e permitem às bibliotecas poderem oferecer mais opções de conteúdo ao usuário, com variação de suporte, formato etc. A tendência é as bibliotecas possuírem acervos híbridos, com os ajustes que cada tipo de documento exige. O digital favorece a preservação ao eliminar a manipulação e deslocamento de originais. O acesso é ampliado, com títulos disponíveis nos catálogos das bibliotecas, podendo ser consultados de qualquer lugar, em qualquer horário.

O capítulo Sobre livros e música no formato digital inicia constatando uma certa resistência do mercado editorial sobre o avanço dos livros digitais com base nas grandes mudanças que ocorreram no mercado fonográfico há alguns anos. Até que ponto o futuro da leitura digital pode realmente seguir os mesmos passos da indústria fonográfica?

O mercado editorial está passando por período de transformações e as possibilidades e consequências ainda não são claras. A forma de consumir, ler, produzir livros está alterada. Os impressos coexistirão com os digitais e existe, a meu ver, espaço para essa convivência. Os editores têm resistência pois o caminho é incerto e pode comprometer o negócio do livro. 
É natural que queiram se cercar de seguranças ou controles, mesmo que isso signifique adicionar barreiras. A forma de consumir livros será alterada. Não tenho dúvidas disso. Porém, é um processo que vem ocorrendo, com o amadurecimento de editores, autores, livreiros e leitores. Será diferente, mas isso não significa que o mercado editorial deverá se reinventar como o fonográfico, até porque aprendeu muito com ele.

Qual a principal contribuição dessa obra para os profissionais envolvidos e leitores diversos?

Os livros digitais não são muito discutidos no Brasil. Ainda é muito novo para bibliotecas e bibliotecários. Se considerarmos que  a oferta desses recursos já existe há mais de 10 anos nos Estados Unidos e Europa, podemos dimensionar o quanto temos que caminhar até estarmos familiarizados com o recurso. Os bibliotecários precisam conhecer a complexidade em trabalhar com os livros digitais, visando fazer as escolhas acertadas de fornecedores, modelos de negócios, tipos de conteúdo etc. Se o bibliotecário não conhece, como irá oferecer os livros digitais a seus usuários? A obra busca trazer o tema para discussão, alertando os profissionais da informação sobre a complexidade e possibilidades de aplicação desses recursos. É um tema aberto, com modelos de negócios e suas implicações sendo estabelecidos. Entender o que já foi utilizado em outros países pode auxiliar o Brasil no momento de estabelecer suas políticas de livros digitais para bibliotecas.

Incluir livros digitais exige planejamento - assim como criar bibliotecas digitais. O profissional bibliotecário precisa estar ciente da complexidade da gestão do conteúdo licenciado para posicionar-se no momento da definição de contratação de conteúdo. Dessa forma terá mais subsídios para fazer os acertos necessários em suas atividades profissionais.


Livro digital e bibliotecas
Liliana Giusti Serra
Coleção FGV de Bolso | Série Sociedade & Cultura
Impresso - R$22,00
Ebook - R$15,00

via FGV Editora

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

7º Colóquio de Bibliotecas Digitais - Alemanha, França e Brasil


Conteúdos digitais em biblioteca: inovações de mercado, práticas profissionais de mediação e desafios ligados à inserção no território

3 de setembro 2015, quinta-feira - das 9h00 às 18h00
Alameda Nothmann, 185
Alemão e francês com tradução simultânea 
Inscrições gratuitas e antecipadas até 31.08.2015 contendo nome completo, instituição e email.
11 - 3296-7001
biblioteca@saopaulo.goethe.org

O 7º Colóquio de Bibliotecas Digitais visa refletir sobre o papel da biblioteca digital como mais uma ferramenta para dinamizar o acesso ao livro. As palestras abordarão o futuro digital e os desafios da nova realidade nas bibliotecas alemãs, francesas e brasileiras. Os diferentes modelos de negócio de e-books: acesso perpétuo, assinatura e pay-per-view, a interface entre games, plataformas digitais, social reading e direito autoral na era digital também serão abordados.

Programa: 

Manhã 

8h00 - Recepção e credenciamento 

9h00 - Abertura 

Mediação: de Regina dos Anjos Fazioli - coordenadora da Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo 
9h30 - Um livro é um livro: direitos iguais para o impresso e o digital 
Barbara Schleihagen, gerente da Associação Alemã de Bibliotecas 
10h30 - Posicionamento do editor: entre conservadorismo e inovação
Gilles Colleu, diretor de produção e desenvolvimento digital da editora Actes Sud, co-diretor da editora Vents d’Ailleurs posicionamento do editor: entre conservadorismo e inovação editora Vents d’Ailleurs 

11h30 - Discussão plenária 
12h00 - Intervalo para almoço 

Tarde 

Mediação: Zaira Regina Zafalon - docente no curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Universidade Federal de São Carlos 
13h30 - E-Mídias na biblioteca pública de Bremen - um relato prático 
Inge Emskötter, bibliotecária, diretora de mídias da Biblioteca Pública de Bremen 
14h30 - Livros digitais e bibliotecas: quais mudanças devemos esperar? Liliana Giusti Serra, bibliotecária dos sistemas SophiA Biblioteca e SophiA Acervo 
15h30 - Intervalo 
16h30 - Como atingir os públicos distantes? Relatório de experiências francesas: a BPI e as biblioteca da Cidade de Bordeaux? 
Mélanie Archambaud, gerente do setor “Nova Geração”, Bibliothèque Publique d’Information de Paris e futura responsável pela cooperação da rede de bibliotecas públicas de Bordeaux 

17h30 - Espaço para discussão plenária 
É obrigatória a apresentação do rg original para o empréstimo dos fones de tradução 

Certificados eletrônicos serão enviados após o evento 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Empréstimo de livros eletrônicos, redes sociais e a proteção de dados dos usuários


Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação v. 13, n. 1 (2015)

Liliana Giusti Serra

O artigo discorre sobre a questão da proteção de dados e privacidade dos usuários nas bibliotecas a partir do empréstimo de livros eletrônicos realizado pela parceria OverDrive-Amazon e o uso de redes sociais. É realizado um breve panorama dos normativos relativos à confidencialidade de dados por parte das bibliotecas nos Estados Unidos, países da Europa e a situação brasileira. Finaliza discorrendo sobre a importância da utilização de livros eletrônicos e redes sociais pelas bibliotecas, ressaltando apenas que esse uso seja realizado garantindo a preservação e confidencialidade dos dados pessoais dos usuários, utilizando-se das informações coletadas, mas revertendo-as em ofertas de serviços e divulgação dos acervos.

Clique aqui para o texto completo [ 19p./pdf]
Imagem: Internet




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Promoção "Livro digital e bibliotecas"

Para participar da promoção você deverá curtir nossa página no Facebook e compartilhar essa postagem. 

Pronto já estará concorrendo a um exemplar do livro "Livro digital e bibliotecas" (FGV), da bibliotecária Liliana Giusti Serra

É simples e rápido, o sorteio será dia 13/02/15



Livros digitais encantam e assustam. Representam a modernização e a facilidade de acesso à informação, mas também alteram processos que estavam estabelecidos. Esta obra aborda aspectos dos livros digitais relacionados com as bibliotecas. São discutidas questões como a modernização das instituições, a expectativa dos usuários, a biblioteca do futuro, a alteração da forma física da documentação e os impactos no consumo causados pelas mudanças de formato de músicas e livros.

Analisando os aspectos técnicos, os desafios enxergados pelos bibliotecários decorrem da aplicação de novos modelos de negócio para licenciamento de conteúdo, competência em informação, empréstimo de livros digitais e privacidade dos usuários. Os livros digitais impactam as bibliotecas de forma irreversível.

Promoção encerrada!

A ganhadora foi Cassia Alencar


Parabéns Cassia Alencar e obrigado a todos os participantes!


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O uso de ereaders em bibliotecas



por Liliana Giusti Serra | Revolução Ebook

Muitas bibliotecas estão recebendo solicitações de usuários e gestores para que incluam 
e-books em seus acervos. Quando isto ocorre, muitos bibliotecários acreditam que o primeiro passo a ser dado é a aquisição de e-readers ou tablets. Ter este entendimento é tão irreal quanto imaginar que para iniciar um projeto de biblioteca digital deve-se adquirir primeiramente um scanner! A utilização de dispositivos de leitura em bibliotecas pode representar benefícios, porém não deve ser enxergado como uma política para inclusão destes recursos em bibliotecas. 

Ao adquirir dispositivos de leitura, a biblioteca fará aquisição de conteúdo - que será armazenado nestes equipamentos - e os emprestará aos usuários. Há poucos anos alguns editores chegaram a sugerir que as bibliotecas oferecessem e-books através de empréstimo de e-readers. Esta sugestão é polêmica, pois os altos custos envolvidos na compra de equipamentos e sua oferta aos usuários representam um risco. Considerando-se a má utilização, depreciação, manutenção, obsolescência, risco de perda, roubo e demais danos, a adoção desta prática não se mostra vantajosa às bibliotecas, sem considerar, inclusive, que não é permitida a carga indiscriminada dos livros nos dispositivos móveis. 

Um dispositivo de leitura armazena grande quantidade de obras. Quando o leitor retira um equipamento ele não está levando apenas uma obra, mas um conjunto delas. Adquirir conteúdo e replica-lo em diversos dispositivos não é uma postura interessante, pois não representa variedade de obras. É como se a biblioteca possuísse diversos exemplares da mesma obra, porém reunidos em um único aparelho. 

É necessário pontuar também que ao incluir estes recursos aos acervos, tanto a equipe da biblioteca quanto os usuários devem receber uma capacitação mínima de utilização dos dispositivos, caso contrário não saberão operar os equipamentos, identificar os recursos disponíveis e realizar a leitura. 

Algumas experiências de utilização destes recursos são interessantes, porém antes de comprar dispositivos, existem alguns detalhes que devem ser analisados: 

1) Escolha do equipamento: e-reader ou tablet? Ambos permitem a leitura de livros eletrônicos, porém são equipamentos distintos. A escolha do equipamento, modelo e marca influencia o tipo de publicação que poderá ser adquirida, assim como as funcionalidades existentes. Por possuírem tecnologia e recursos diferentes, a biblioteca deve ter clareza das vantagens e desvantagens na escolha do tipo de dispositivo. De acordo com o Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia, de Cunha & Cavalcanti (2008), e-readers são leitores de livro eletrônico. Já a Wikipedia os define como pequeno aparelho que tem como função principal mostrar em uma tela o conteúdo de livros digitais e outros tipos de mídia digital. Tablets são computadores móveis, operados por tela sensível a toque (touch screen). São dispositivos de uso pessoal em formato de prancheta, que podem ser utilizados para navegação na internet, visualização de fotos, jogos ou para leitura de jornais, revistas e livros. Os e-books serão baixados nos dispositivos e a leitura deverá ser realizada por eles, sem opção de visualizar os e-books em outros equipamentos como computadores ou smartphones. Não é possível transferir um livro digital de um equipamento para outro; 

2) Formatos dos arquivos: é necessário identificar os formatos de arquivos compatíveis com os dispositivos de leitura, caso contrário pode-se adquirir um equipamento que não suporte alguns formatos, impedindo a leitura. O Kindle utiliza-se de formato proprietário AZW, porém é compatível com arquivos em PDF e ePub. Publicações adquiridas na Amazon apenas podem ser lidas por aparelhos Kindle ou em tablets, desde que instalada a APP da loja virtual. A maioria dos equipamentos suporta os formatos PDF e ePub; 

3) Conteúdo oferecido: A biblioteca deve estabelecer critérios sobre distribuição do conteúdo incluído em cada dispositivo para otimizar o empréstimo do equipamento. Recomenda-se que sejam definidos temas por dispositivo, assim as chances de mais obras serem consultadas pelos mesmos usuários são maiores. 

É interessante conhecer algumas iniciativas de empréstimo de e-readers realizadas por bibliotecas nos Estados Unidos, Brasil e Espanha. 

A Biblioteca Pública River Forest (Illinois, EUA) recebeu doação de três Kindles em 2008 e investiu US$ 180,00 em compra de conteúdo, definindo três categorias: ficção, não ficção e mistério/suspense. Os dispositivos foram catalogados pelas categorias e disponibilizados para consulta pelo OPAC. As obras presentes em cada equipamento não foram descritas num primeiro momento (poderiam ter sido inseridas em nota de conteúdo). O objetivo do projeto não era tanto identificar quais obras eram lidas, mas oferecer a experiência de leitura digital do usuário. Ao retirar um e-reader emprestado, o usuário selecionava a categoria do dispositivo que desejava e fazia empréstimo do equipamento. Os Kindles eram emprestados com um carregador de baterias e uma capa em couro para transporte e proteção. Antes de finalizar o processo de empréstimo, os usuários recebiam capacitação sobre como utilizar o Kindle. Os equipamentos eram bloqueados para impedir que os conteúdos fossem apagados ou que novas obras fossem adquiridas. Os e-readers eram emprestados por três semanas, sem possibilidade de renovação. Este serviço foi oferecido apenas à comunidade registrada na biblioteca, não estando disponível para empréstimo entre bibliotecas (EEB). Os bibliotecários não sabiam quais obras eram lidas, se total ou parcialmente. Com este fato não era possível identificar as obras mais lidas, identificar o perfil do usuário ou acompanhar detalhes do projeto, uma vez que apenas a categoria do e-reader era registrado. Os bibliotecários também não prepararam pesquisas sobre opinião dos usuários sobre a experiência, quando estes faziam a devolução. Os Kindles mostraram-se bem resistentes com a circulação e poucos problemas foram reportados. 

O projeto agradou a comunidade por permitir aos usuários o contato com publicações eletrônicas. Desta forma o usuário poderia ter a experiência da leitura digital sem a necessidade de investir na compra de um equipamento. No início do programa formou-se longa fila de reservas, comprovando o interesse da comunidade em experimentar a leitura de e-books. Atualmente a página da biblioteca não faz destaque do serviço, porém os equipamentos estão descritos e disponíveis no OPAC. Não é possível precisar a quantidade de dispositivos existentes no acervo, porém foram identificados diversos modelos de Kindles (Fire, Fire HD, Touch 3G etc.) no catálogo. Observa-se que as obras existentes nos equipamentos estão descritas atualmente. Curiosamente os equipamentos identificados no OPAC estavam todos disponíveis, o que pode representar que o interesse dos usuários é menor pelo projeto ou então, que a biblioteca dispõe de outras ofertas de acesso aos e-books (assinaturas, aquisição perpétua, PDA etc.). Ainda pode-se deduzir que muitos dos usuários optaram por adquirir seus próprios dispositivos ou então que a leitura digital não encontrou a aderência imaginada. 

A Biblioteca de São Paulo oferece dispositivos de leitura a seus usuários desde sua inauguração, em 2010. Eles possuem quatro equipamentos Kindle, com conteúdo igual em todos os equipamentos, prevalecendo obras em domínio público, de literatura nacional. Conteúdos parciais (capítulos) de obras protegidas por direitos autorais e literatura estrangeira também estão disponíveis. Os aparelhos não são oferecidos para empréstimo domiciliar, sendo seu uso restrito ao espaço da biblioteca. Os Kindles ficam expostos em suportes e os leitores podem utiliza-los. Segundo a equipe contatada, os aparelhos suscitaram maior interesse no inicio do projeto, porém atualmente poucos usuários utilizam os equipamentos ou fazem leituras completas dos e-books disponíveis. Os equipamentos servem para atender a curiosidade da comunidade usuária em relação à experiência da leitura digital, não sendo identificadas solicitações para empréstimo domiciliar ou sugestão de novos conteúdos. O manuseio dos equipamentos é semelhante ao que ocorre em lojas, onde os aparelhos estão fixos e podem ser consultados, porém não permitem o mesmo contato que é feito quando podem ser manuseados livremente. 

As bibliotecas públicas da Espanha adquiriram equipamentos e inseriram conteúdo de obras em domínio público, prioritariamente literatura internacional, com obras de Oscar Wilde, Cervantes, Shakespeare entre outros. Os usuários espanhóis podem levar os equipamentos para casa, por períodos de 15 a 45 dias. O projeto, iniciado em 2011, contou com investimento de 130 mil euros, com a compra de 750 e-readers, oferecendo o serviço para todas as 54 bibliotecas públicas do país. 

Como é possível observar nos projetos apresentados, os usuários demonstram interesse em ler e-readers e a biblioteca mostra-se como um espaço convidativo para esta oferta. Por outro lado, os investimentos e riscos são altos e a escolha e utilização dos conteúdos é complexa, com dois casos de instituições que optaram por dispor apenas obras em domínio público. Nota-se também que o uso e interesse dos usuários tende a diminuir com o passar do tempo, por motivos que não foram mensurados (ou pelo menos divulgados em relatos de experiências). 

O importante é ressaltar que comprar e disponibilizar e-readers não pode ser identificado como uma política de uso de e-books em bibliotecas. Leitura digital e e-books em bibliotecas são situações distintas. Recomenda-se, apenas, cautela e clareza de critérios no momento de adquirir dispositivos de leitura, evitando investimentos equivocados ou limitações de aplicação.

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Modelos de negócios para bibliotecas: aquisição perpétua & ebooks

Inclusão de E-books em bibliotecas: uma discussão necessária


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Modelos de negócios para bibliotecas: aquisição perpétua & ebooks


Liliana Giusti Serra | Revolução eBook

Que as bibliotecas desejam - e precisam - incluir ebooks em seus acervos não é novidade. O que tem causado muitas duvidas é como fazer isso, com as mudanças que estamos enxergando no cenário, desde as formas de aquisição até a variedade de modelos de negócios existentes, muitas vezes com cada fornecedor definindo como disponibilizará os ebooks.

Os documentos digitais não são novidade nos acervos - outros materiais já estão presentes há bastante tempo -, mas com os ebooks observamos mudanças significativas, principalmente na forma de aquisição e as possibilidades de disponibilização do acesso ao conteúdo aos usuários. Em decorrência do ocorrido com o mercado fonográfico que precisou se reinventar em decorrência da transformação sofrida com a digitalização e distribuição dos arquivos sonoros pelos consumidores, o mercado editorial mostra-se reticente e conservador, tentando resguardar sua atividade numa atitude sensata de autopreservação. Com isto nos deparamos com grande diversidade de modelos de negócios para a inclusão dos ebooks nas bibliotecas, com os fornecedores experimentando possibilidades comerciais, empregando tecnologia e plataformas proprietárias, ofertando obras e serviços de acordo com seus interesses, sua tradição ou força no mercado. Estas questões estão alterando profundamente a gestão das unidades de informação, uma vez que elas precisam se sujeitar ao que é ofertado, com pouca ou nenhuma possibilidade de negociação. É compreensível o conservadorismo, com os fornecedores estudando as possibilidades existentes, tateando para experimentar o modelo de negócios que seja interessante ao seu mercado e produto, que preserve seu lucro e se resguarde em relação à ampla distribuição de arquivos caracterizada pela pirataria, porém é chegada a hora de definir os modelos de negócios que sejam atraentes a todos os agentes envolvidos, construindo com as bibliotecas as formas de inclusão e emprego das mídias. Existem atualmente diversos modelos de negócios, muitos deles com variações que por si só poderiam ser considerados novas modalidades. Nem todos estão presentes no Brasil. Trataremos neste espaço dos modelos de negócios existentes, suas vantagens e desafios. Os principais modelos de negócios são: aquisição perpétua, assinaturas, Patron Driven Acquisition (aquisição orientada ao usuário ou PDA), Short Term Loan (aluguel por período curto ou STL), pay per view entre outros. Neste texto será apresentada a modalidade de aquisição perpétua e, no decorrer das semanas outros modelos serão abordados.

Aquisição perpétua
Este modelo é o mais tradicional, similar com a aquisição de volumes físicos. Nesta modalidade a biblioteca adquire as obras como se fossem em papel, porém são digitais. É um modelo confortável aos bibliotecários por sua similaridade às formas de aquisição tradicionais, porém existem questões que precisam ser avaliadas. A aquisição é realizada por título ou por conjunto de obras - modelo típico das assinaturas - com a biblioteca adquirindo os títulos que efetivamente deseja incluir no acervo. Alguns fornecedores permitem que sejam adquiridas obras por área do conhecimento, formando pacotes, o que pode baratear a aquisição de acordo com a quantidade de títulos presentes no conjunto.

A modalidade de aquisição perpetua já rendeu algumas controvérsias entre fornecedores e bibliotecas. Uma delas foi o estabelecimento de uma quantidade de acessos que um ebook poderia ter e, uma vez alcançado este número, a biblioteca precisaria comprar um nova licença. A editora HarperCollins definiu este modelo para bibliotecas públicas ao impor que, ao vender ebooks, quando uma obra fosse acessada 26 vezes - numero estimado de empréstimos que um livro físico suportaria - a biblioteca deveria adquirir uma nova licença. Felizmente este modelo não persistiu. Outra controvérsia foi liderada pela Random House ao fixar valores excessivos ao comercializar ebooks para bibliotecas, alcançando variações em até 300% em comparação com as versões impressas. Ainda hoje a política de preços apresenta valores altos para esta modalidade, nem sempre sendo atraente às bibliotecas. Existem casos de fornecedores que recusavam-se a vender ebooks para bibliotecas ou então que ofereciam a versão digital de best sellers apenas após atingir uma quantidade estipulada de exemplares físicos vendidos ou quando finalizasse um período semelhante a uma quarentena, após o qual os livros poderiam ser oferecidos em seu formato digital às bibliotecas.

Ao adquirir um título por aquisição perpétua a mídia pode ser baixada no servidor da instituição ou ficar acessível através de plataforma proprietária do fornecedor. Caso seja baixada no servidor da instituição, a biblioteca passa a contar com novos desafios como espaço de armazenamento (storage), backup, preservação digital, segurança e, com o passar do tempo, conversão dos arquivos na medida em que os formatos vão sendo atualizados. Na maioria dos casos a biblioteca não terá autonomia para realizar uma conversão de formato e deverá adquirir uma nova licença ou adquirir uma atualização das mídias licenciadas afinal ela não tem autonomia para modificar os arquivos adquiridos. Se as mídias forem armazenadas no fornecedor, é necessário preocupar-se com a garantia que o acesso estará sempre disponível, assegurando a permanência de longo prazo daquele título em servidor, com as atualizações de versões de softwares de leitura.

Independente se o arquivo estará no servidor da instituição, com o fornecedor ou nas nuvens, o software da plataforma deverá ser utilizado para acessar o conteúdo. Alguns fornecedores realizam cobrança para utilização de plataformas proprietárias, sendo demandado às bibliotecas a aquisição ou renovação de uso do software de leitura dos ebooks.

Caso a instituição opte por não utilizar a plataforma de leitura dos ebooks, normalmente é estipulado por contrato que o fornecedor deve entregar o conteúdo adquirido em meio digital como o CD, por exemplo.

Algumas plataformas condicionam a abertura dos arquivos em um único dispositivo, impedindo que o mesmo livro seja aberto ora no computador, ora no tablet, e-reader ou smartphone. Estas restrições são observadas, inclusive, pelos leitores que adquirem seus ebooks nas livrarias, o que resulta em muitas reclamações e iniciativas para “quebrar” o DRM.

Ao adquirir livros eletrônicos, a biblioteca precisa ter ciência que existem restrições, com os arquivos através de aplicação de DRM (Digital Rights Management ou gestão de direitos digitais). O DRM determinará como será o acesso, possibilidade de cópia ou reprodução do conteúdo, distribuição a terceiros, impressão (total ou parcial) e modificação do conteúdo. O DRM controla o uso que será feito do arquivo podendo, inclusive, não permitir que o mesmo seja acessado. O DRM roda no servidor do provedor do ebook e não nos dispositivos de leitura, que se não possuir o software não permitirá o acesso ao arquivo. A aplicação ocorre com a utilização de software compatível com o esquema de DRM utilizado no ebook. Analisando sob a ótica do fornecedor, o DRM representa um custo para implementação e não representa segurança robusta quanto a má utilização que pode ser feita de um ebook, principalmente no que tange a distribuição não autorizada.

Caso a biblioteca queira proporcionar acesso simultâneo de um ebook a seus usuários ela deverá comprar “exemplares” do livro eletrônico. Ao adquirir um ebook, imagina-se que o arquivo eletrônico poderá ser aberto de forma simultânea, fazer download diretamente no site da biblioteca, imprimir, encaminhar etc., mas nem sempre isso é possível. Na maioria das vezes a aquisição perpétua funciona no padrão monousuário: uma mídia, um acesso, simulando o livro físico. Se a biblioteca quer ter mais acessos, precisará comprar mais mídias, passando a ter exemplares digitais em seus servidores, o que acarreta em uso excessivo de armazenamento, ocupando espaço para guardar arquivos iguais caso a mídia esteja sob a responsabilidade da instituição que adquiriu o ebook. Também deve ser observado que alguns fornecedores permitem o acesso aos arquivos em aplicações on line, obrigando o usuário a ter uma conexão com a internet para consultar e realizar a leitura. Opções mais atraentes permitem que o usuário da biblioteca faça o checkout do ebook e realize a leitura em ambiente off line.

As bibliotecas públicas tem sido mais afetadas pelas restrições do mercado editorial referente a aquisição de ebooks enquanto a situação apresenta-se mais estabelecida nas bibliotecas universitárias. Este fator é decorrente do emprego de recursos digitais há mais tempo nas bibliotecas universitárias, primeiramente com os periódicos, depois com a produção acadêmica e, finalmente com os ebooks. As bibliotecas universitárias sempre representaram vendas volumosas aos editores, impelidas pela necessidade de atualização dos acervos e projetos de pesquisa. A demanda por informação e fontes de referencia impulsionam a inclusão dos livros eletrônicos nos acervos, atendendo à necessidade de informação de estudantes e professores. Aqui no Brasil também foram observados avanços com o INEP (Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) passando a admitir a existência de livros eletrônicos nos acervos das instituições de ensino avaliadas, a partir de normativa de 2012.

De acordo com pesquisa publicada na Library Journal de 2012, 93% das bibliotecas universitárias norte-americanas optam pela aquisição perpétua, com a modalidade de assinatura respondendo por 79% das aquisições. Isto pode ser explicado pela necessidade da biblioteca universitária em realizar a curadoria de seu acervo digital, garantindo que determinados títulos façam parte do acervo, independente de renovações de licenças ou assinaturas. Nas bibliotecas públicas, mesmo com as restrições existentes, a aquisição perpétua responde por 80% das compras enquanto o modelo de assinatura representa 63% das aquisições. Quando a biblioteca é responsável pela guarda dos arquivos (self hosting), os números caem para 18% para universitárias e 13% nas bibliotecas públicas, ou seja, uma diferença significativa. Este fato é explicado pela dificuldade da biblioteca em realizar a guarda e controle dos objetos digitais ou devido ao fato que nem todos os fornecedores permitem que a biblioteca tenha a guarda do arquivo. Nem sempre as bibliotecas possuem servidores para armazenamento de ebooks, sem contar que a manutenção e, principalmente, a obsolescência de mídias e softwares, demandam alto investimento de aquisição e manutenção. Delegar ao fornecedor que ele seja responsável pela guarda do arquivo é confortável às bibliotecas, cabendo apenas a atenção de incluir a garantia de acesso a longo prazo nos contratos, resguardando a biblioteca de limitações de acesso às obras adquiridas.

O modelo de negócios de aquisição perpétua é oferecido no Brasil, porém a inclusão de ebooks aos acervos brasileiros tem ocorrido - a exemplo do que ocorreu com os Estados Unidos e a Europa - prioritariamente nas bibliotecas universitárias.

Questões técnicas e práticas da produção de ebooks serão discutidas por especialistas da área na Conferência Revolução eBook, que acontece dia 25 de outubro de 2013, em São Paulo. Confira aqui mais informações e inscrições.